Sucumbindo a dor e a escuridão, Carol se entrega ao seu pior lado, fechando-se para o amor e o que sobrou das coisas boas que poderia ter no fim do mundo. Depois de se separar da sua família e sentir que era parte dos mortos, sua única motivação par...
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DIA 1.872, manhã
Sinto minhas bochechas queimarem ao entrar na grande sala, recebendo todos os olhares sobre mim e em seguida, os aplausos. Pessoas aplaudindo e sorrindo. É oficial. Agora sou parte de um conselho e não consigo sentir minhas pernas firmes enquanto caminho pelo lugar amplo, indo em direção a mesa redonda, onde as pessoas encontram-se sentadas ao redor.
— Bem vinda, querida — papai diz, estendendo-me sua mão e eu aceito sem jeito, tentando não sorrir de forma patética. Depois, ele se vira para as pessoas. — É com muito orgulho que apresento Carol a vocês como parte oficial do conselho, junto a Maggie, responsável pela introdução de novas produções na cidade e a parte expansiva.
Uma nova explosão de palmas surge e isso me faz apertar a mão do meu pai, mais envergonhada do que antes. Ele sorri para mim. Isso me aquece. Gosto do seu sorriso. Gosto que estejamos nos aproximando aos poucos com o passar dos dias, e que também, com o passar dos dias, fique mais fácil lidar com tudo isso. Claro que ainda não somos as pessoas mais próximas do mundo, mas estamos nos adaptando bem um ao outro, depois de tudo o que passamos isso soa muito bem para mim.
Quando solto sua mão, caminho em direção a mesa, sentando-me na cadeira vazia ao lado de Daryl. Nesse momento, me assusto! Outra vez as pessoas começam a gritar e agora até assoviam, gargalhando sem qualquer motivo aparente.
— Aí está nossa primeira dama — Glenn aponta, levando todos a rirem mais.
Oh, isso.
Reviro os olhos e balanço minha cabeça, ignorando as piadinhas sobre a situação. Primeira dama, é? Nunca imaginei que qualquer pessoa me chamaria assim, já que cargos em conselho ou coisa semelhantes nunca foram minha praia. Se o mundo ainda fosse o mesmo, eu provavelmente estaria enfiada em algum estúdio, suja de tinta e pintando alguma cosia. Mas, infelizmente, esse é o mundo que temos e vou me adequar a ele.
— Acabaram? — Maggie pergunta, arqueando uma sobrancelha para Glenn especificamente, e ele parece se ofender levemente, sendo ignorado. — Obrigada. Agora que temos a nossa... primeira dama, que irá resolver muitos problemas, tenho um ponto a apresentar.
— Eu tenho um antes — sussurro ganhando atenção de todos — não me chamar dessa forma pode resolver muitos problemas.
— Ninguém liga — Maggie dá de ombros e continua: — agora que as coisas se acalmaram, acho que podemos chegar a Hilltop e dar continuidade na abertura do hospital. A enfermaria já não está sendo suficiente para lidar com a cidade.
Sei o que quer dizer com "as coisas se acalmaram". Claro que está se referindo ao meu pai, ou aos meus dois pais, por isso que todos olham na minha direção, esperando que eu me manifeste sobre isso. Acho que é meu trabalho, afinal, não é mesmo?
Forço um sorriso e cruzo minhas pernas, girando um pouco a cadeira.
— Você tem razão — aponto para Maggie — agora que sei o número de pessoas que estão aqui, concordo que a abertura do hospital é importante. Acho que devemos ir até Hilltop buscar aquele médico o quanto antes.
