Capítulo 2

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 Depois do ocorrido Lari percebeu que o clima ficou um pouco pesado e falou:

— Bom gente, que tal pedir uma pizza e assistirmos a alguns filmes? - falou delicadamente.

— Ótima ideia. - falou Guilherme - Que sabores serão?

— De frango óbvio! - Rafa fala quase com um grito.

— Nada disso, vai ser de mussarela! - fala Bruno olhando fixamente para Rafa.

— Nem uma nem outra, vai ser de calabresa! - Gabi fala como se sua vida dependesse disso

— Vocês estão loucos? A pizza vai ser de catupiry! - Gustavo olha para os três com os olhos arregalados.

— Gente, gente para! Lari fala com um começo de risada e eles param e olham para ela- Vocês já perguntaram o que a Manu quer?

Todos se viram para mim e me olham como se esperassem eu dizer alguma coisa, então eu falo:

— Qualquer sabor pra mim está ótimo.- falo baixo e um pouco desconcertada.

— Quer saber? Vamos pedir uma de frango, uma mussarela, uma calabresa, pode ser? - Guilherme já está com o celular na mão e com o número discado no mesmo.

— Por mim está ótimo! - Fala Rafa animadamente.

— Tá, pode ser.- fala o garoto de olhos verdes, que revira os olhos enquanto dá um gole na garrafa de cerveja feita de vidro verde.

Guilherme então se vira e vai em direção à cozinha. Ele se apoia na ilha da mesma e pega o seu celular do bolso da frente de sua calça jeans. Enquanto Guilherme está ocupado telefonando para pizzaria, o resto do grupo está na sala, ao olhá-los, vejo que estão discutindo qual filme será colocado. Depois de uns minutos, todos vem em minha direção e Rafa fala:

— Manu, você vai escolher um de nós. Todos temos um filme atrás das costas, então dependendo da pessoa que você escolher vai ser um filme que vamos assistir, entendeu? - ela diz animadamente.

— Acho que sim.

— Ótimo! - Rafa volta para o lado do pessoal e começa a pegar algo na poltrona junto deles.

Em menos de um minuto todos param na minha frente com ambas as mãos atrás das costas. Olho bem para eles e depois de um tempo pensando em qual escolher (e falhar miseravelmente), eu pergunto:

— Posso escolher um jeito diferente?

— Pode, o que realmente importa é que você escolha o melhor filme. Ou seja, o meu.- fala a última frase de uma forma convencida, me fazendo rir.

— Bem, eu vou fechar os olhos e estender minha mão, aí vou mexer minha mão de um lado para outro e em quem parar será o escolhido.- lembro que brinco assim com as crianças quando eu trabalho de babá. Afinal é a melhor forma de evitar uma briga feita por crianças de cinco anos, que sempre é repleta de xingamentos sem sentido.

Fecho os olhos com minha mão livre e começo a mexer meu braço de um lado para o outro, até que paro. Abro os olhos e vejo que estou apontando para Bruno, que já está sorrindo vitorioso e fazendo uma dancinha.

Enquanto as pizzas não chegavam, Rafa ficou reclamando e dizendo que o filme dela é muito melhor do que o filme de todos que estavam ali, mas no fim todos acabaram rindo da "birra" que ela estava fazendo. Quando a comida chegou, colocamos tudo em cima da mesa da sala e cada um pega um pedaço, e se senta no sofá. Porém, como eu demorei para pegar uma fatia, acabei tendo de sentar no chão. Pego uma almofada azul petróleo grande que estava em uma das poltronas e apoio meu prato em cima da mesma. Depois de me sentar, o filme começa e em alguns minutos, percebo que é sobre bruxas ou algo do tipo. O filme parece ser legal. Sempre gostei bastante desses temas, mas eu estou ficando com muito sono e é cada vez mais difícil manter os olhos abertos. Até tento resistir por uns minutos, mas por fim, fecho meus olhos completamente.

Abro os olhos e vejo que estou em um quarto bem bonito, tento me lembrar como vim parar aqui mas nada me vem na mente, então, começo a me levantar devagar e ir até a porta em que penso ser o banheiro. Abro a mesma e vejo que eu estava certa. Olho meu reflexo no espelho e percebo que ainda estou com roupas de ontem. Ao olhar um pouco mais para baixo, noto que em cima da pia tem uma escova de dente rosa claro, uma escova de cabelo e uma caixinha de pasta de dente. Começo então a fazer minha higiene, tento arrumar um pouco o meu cabelo e depois de uns minutos saio do quarto. Logo que saio do local, dou uma cara com outras portas e um grande corredor, fazendo com que eu comece a andar em uma direção com a intenção de achar alguém para me ajudar. Enquanto ando distraída, levo um susto ao sentir um baque contra meu corpo. Tropeço para trás umas duas vezes antes de sentir o meu corpo realmente caindo, tento até mesmo me segurar em alguma coisa, mas não consigo. Fecho meus olhos com força, já esperado o toque do chão contra as minhas costas, mas antes que isso aconteça sinto algo segurando minha cintura e me endireitando novamente.

— Bom dia.- diz com um sorriso estonteante.

— B-bom dia.- tento disfarçar o vermelho de minhas bochechas colocando meus braços um pouco na frente de meu rosto a fim de fazer um coque nos meus fios bagunçados.

— Vamos tomar café? Já está todo mundo esperando a gente lá embaixo.- fico até um pouco surpresa quando ele fala essa última parte, o que não é estranho, já que ninguém me espera para tomar café desde os meus seis anos de idade.

— Sim, claro. - respondo ainda um pouco extasiada.

— Vem, me segue.- começa a andar na direção oposta a que eu estava indo, fazendo eu me repreender mentalmente.

Depois de uns segundos, já estamos em frente a escadaria. Olho para a cozinha e vejo que todos que estavam aqui ontem já estão acomodados na grande mesa que tem na sala de jantar. Descendo a escada noto como as meninas estão todas arrumadas, fazendo eu olhar para minhas roupas já gastas e puídas com receio. Com vergonha toco levemente o ombro largo de Gustavo, que rapidamente se vira e me pergunta:

— O que foi?

— As meninas estão todas arrumadas, eu também deveria ter me arrumado?- o questiono um pouco receosa.

— Não.- fala e sorri- Você já vai saber o porque elas estão assim, espera um pouco.- ele diz.

Ele vai em direção do pessoal e quando percebe que todos eles estavam olhando com uma cara de "Seus safados, já estão pegando né?" somente revira os olhos e nega com a cabeça.

— Meninas? - todas as pessoas viram para ele- Vocês podem dizer para a Manu o que vocês planejaram para hoje?

— Nós vamos comprar roupas novas para você! - elas falam bem animadas.

Arregalo os olhos. Até mesmo fico sem palavras. A única coisa que consigo fazer é sorrir.

— Não prometemos que será igual quando você vai às compras com suas amigas, mas prometemos que vamos dar o nosso melhor! - Lari tomando um pouco do suco que está no copo e acariciando sua barriga por cima da blusa rosa claro.

Remexo um pouco os meus pés e mordo a parte interior de minha bochecha antes de falar:

— Essa vai ser a primeira vez que eu vou fazer compras com alguém.- falo e todas me olham um tanto quanto desacreditadas.

— O que?!

Dou de ombros.

— Pois é, eu não tinha nenhuma amiga. Até agora.- falo com um sorriso simples no rosto- Mas enfim, vamos tomar café?- falo como uma forma desesperada de tentar sair do assunto.

— Sim, claro.

Me sento em uma das cadeiras e abaixo minha cabeça enquanto tomo um lento gole de café sem açúcar.



Salvos pelo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora