Lucas descia com pressa os degraus frios da escada em caracol, temendo estar atrasado para a aula de Poções. Os cabelos cortados e levemente desalinhados pela pressa, começavam a juntar uma quantidade incômoda de suor na testa. Esbarrando por dois alunos de Durmstrang que pareciam ter o dobro de seu tamanho, ele se esquivou pela fresta da sala de aula, fazendo com que um ou outro olhar curioso se virasse pra ele. O professor de cabelos sebosos e escuros como a madrugada estava virado para a lousa, enquanto escrevia raivosamente as instruções para a poção do dia. Ele aproveitou sua distração para se juntar a mesa com seus amigos, que o esperavam aflito.
— Lu, você quase se atrasou! Snape o mataria se você... — a voz baixa mas severa de Hermione soou.
— Eu sei, eu sei! Demorei a levantar, Acabei dormindo demais. — ele disse, colocando o penal em cima da mesa de mármore e começando a anotar todas as instruções rabiscadas no quadro.
— Vocês deveriam ser responsáveis uma pela outra. — Hermione disse, encarando a menina que sentava entre o lufano e o menino ruivo que parecia quase dormir em pé.
— Eu tentei acordar ele, ok? — Anna disse, enquanto arrumava o cabelo róseo para trás de si. — Ele disse que já ia e eu só fui.
— Você disse... — Rony pareceu acordar, confuso com a fala anterior. Os desesperos nos olhos de Lucas se instauraram, mas antes que a voz sonolenta pudesse prosseguir, o professor rompeu a falar.
O menino suspirou aliviado, jogando um olhar quase raivoso para a lufana que sentava ao seu lado. A mesma só revirou os olhos, e eles se mantiveram em silêncio pelo resto da aula.
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— O que você tava pensando?! — Lucas sussurrou, enquanto agarrava o braço da menina e a puxava para o corredor de Defesa Contra as Artes das Trevas, matéria que dividiram com a turma corvina.
— Pelas barbas de Merlin, Lucas! Você precisa contar! — ela respondeu, com um tom tão sério que deixou o menino desconfortável. — Eu me sinto péssima tendo que chama—lo do outro jeito. Até seu pai já sabe, meu Deus!
Ela olhou ao redor, vendo os últimos alunos entrarem na sala e puxando o amigo para dentro na mesa, logo se juntando novamente na mesa que dividiam para a matéria.
— Eles são seus amigos e te amam independente de tudo. Você tem que contar.
— Você não sabe disso...
— Sei sim. Eu sempre sei. — ela brincou com o tom convencido, querendo arrancar um sorriso do amigo que agora tinha a feição fechada e tristonha, tão característica de quando pensava sobre esse assunto. — Olha... — ela segurou a sua mão, fazendo—o a olhar. — Eu sei que não é fácil, mas tente. Comece pelo Harry, vai ser mais fácil...
— Eu não sei como abordar o assunto, Anna. — ele admitiu, enquanto sentia os olhos aguarem. — Ele está sempre cercado por pessoas.
— Essa noite não. — ela disse, apertando levemente a mão que segurava por cima da mesa de madeira. — Harry vai estudar sozinho pra adivinhação essa noite, ele mesmo me contou durante o café. Vou ajudar o Fred em Poções, posso ir até a torre com você...
— Seria ótimo. — ele admitiu, sentindo o nó em sua garganta se desfazer. — Obrigado.
— Não há de quê, meu pãozinho de mel. — ela disse com um sorrisinho, enquanto ouvia os passos causados pela perna de madeira do professor Moody se aproximarem.
Um pensamento veloz voou pela mente do menino, que sorriu maroto.
— Você e Fred andam muito juntos, hein?