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Uma semana depois
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Kaique Martins (K2)
Segunda
15:00pm


Entrei na última fase do meu treinamento.
E sem dúvidas a mais difícil.
Passar uma semana inteira colado no Alex, não vai ser nada fácil. Primeiro que quando ele quer é um porre.

- Vai ficar me olhando é? Nessa pasta tem vários papéis, tô precisando que tu organize pra mim!- me estendeu a pasta. Não me gabando mais na arte de arrumar papeis eu sou mestre. Fazia isso quase todos os dias pro meu pai.- Eu sei que tu sabe como funciona o esquema na boca. Mas eu vou te mostrar umas coisas que com certeza tu não sabe. Teu coroa vai receber um K2 dois ponto zero versão melhorada. Tô pensando seriamente em não te deixar ir embora.- olhei pra ele enquanto colocava os papéis em pilhas separadas. Se ele soubesse que eu criei um interesse pela filha dele, com certeza ia me mandar sair daqui mais rápido do que eu cheguei.

- Certeza que ele não vai se importar se você me contratar!- eu gostei de mais daqui, até as pessoas são diferentes. Não tô querendo ir embora. Na verdade eu só queria ir lá, mostrar pro meu pai o que eu aprendi e voltar.

- Acho que ele não vai querer abrir mão de tu. Não depois de tudo que tu aprendeu!

- Vou te mandar a real. O Sales me mandou pra cá não só porquê lá na Rocinha ninguém queria me treinar, ele me mandou pra cá porquê ele mesmo não acreditava que eu fosse capaz, porquê se ele quisesse ele tinha me ensinado tudo isso. Pra ele eu ia viver o resto da vida dependendo dele. Porquê o filho que ele estava criando pra isso não era eu.- todo mundo tem uma visão de um Sales boa pinta, que é um bom dono de morro. Mas ninguém sabe como ele é em casa.

Ele até é carinhoso, tem os momentos bons, mesmo que na sua maioria ele só parava pra me dar atenção porquê a minha mãe mandava, mas na maioria das vezes ele deixava bem claro o que achava de mim e que eu não séria capaz de estar no lugar dele, porquê eu era mole, coração grande de mais, ele não falava na minha cara, mas quando falava pra minha mãe, falava alto já pra mim ouvir, o que da no mesmo.

- Eu nem quero voltar pra lá!- completei e ele me olhava calado.

- Tu é um menor esforçado, tem visão, é inteligente e sagaz. Tu pode não ser o filho que ele escolheu, que ele achou que séria capaz. Mas tu é melhor que isso, ele querendo ou não. Quando isso aqui terminar, você vai voltar lá e vai passar na cara dele tudo que  aprendeu aqui e se depois você quiser voltar, as portas do Vidigal estão abertas. E ele sabe disso!- falou e eu já tava sorrindo. Óbvio que eu ria voltar.

- Ele sabe?- perguntei desconfiado.

- Sabe pô, teu pai não é esse velho rabugento que tá aqui na porta da minha sala?- Olhei pra trás no pique Samara do poço. E o velho Sales me encarava com os braços cruzado. Foi se o tempo que ele me amedrontava com essa pose.

- É esse aí mesmo!- voltei a olha pro Alex.

- Tá fazendo o que aqui irmão? Tanto tempo sem dar as caras!- levantou pra falar com o meu pai.

Já preparei os meus ouvidos pra ouvir ele reclamando por eu estar falando "mal" dele pro Alex. 

- Vim ver se o meu filho tá vivo. Já que tem mais de duas semana que ele não dá notícia.- eu estava ocupado e sem tempo pra ouvir ele duvidando de mim. Só estava ligando pra minha mãe, mas era sempre nos horários que ele não estava em casa.

- Vou deixar vocês conversando e vou tomar um café aqui na frente!- meu pai concordou e o Alex deu dois tapinhas nas minhas costas e saiu da sala fechando a porta.

Luz em todo morroOnde histórias criam vida. Descubra agora