Capítulo 1 Ano 2010

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Aviso de gatilho para sentimentos depressivos

Acorde..
Acorde-me por dentro..
Eu não consigo acordar..
Salve me..
Chame meu nome na escuridão.

Evanescence
Bring me To life

Olhava em volta para as diversas caixas ao meu redor, seria um grande tédio arrumar tudo que estava fora do lugar e eu tentaria evitar ao máximo.

Não sei ao certo o porquê da minha mãe retornar para a pequena cidade de merda que ela nasceu.

Na verdade eu sabia, mas preferiria fingir que não.

— Filha sobe as suas caixas, suas roupas estão nelas. — Aquilo me fazia revirar meus olhos.

A última coisa que eu queria era olhar para as caixas. Aquelas que estavam carregadas de lembranças felizes, doces e amargas.

Me joguei na poltrona puida que meu pai gostava, coloquei meus fones e dei play em uma música de rock que eu tanto gostava.

A voz de evanescente berrando em meus ouvidos no último volume, acalmando as vozes horríveis que gritavam a plenos pulmões que a culpa era minha. Me fazia mal escutar, pois eu sabia que era verdade. Se eu não fosse por ser tão burra nada daquilo tinha acontecido.

Uma lágrima solitária escapou e escorreu por meu rosto. Tratei de limpar e fingir que nada me atingia, que eu era forte, que eu era só mais uma entre tantas.

Fechei meus olhos, balancei a cabeça no ritmo da música e cantarolei a canção, mas aquilo não durou muito, de forma brusca senti os fones sendo arrancados de meus ouvidos.

— Ei. — Falei de forma irritada.

— Não me ouviu? Leve suas caixas para seu quarto Isadora. Tem que estar na cama cedo, lembre-se que amanhã é seu primeiro dia.

Aquilo me deixou apreensiva. Eu iria começar tudo de novo. Nova escola, nova cidade. Tudo novo e eu odiava aquilo.

O que havia acontecido na minha antiga cidade me deixou marcas e refletiu no meu comportamento, o que originou em consequências terríveis para minha vida como um todo.

Eu imaginaria que fosse aonde fosse nada seria diferente, eu ainda era um alvo muito fácil.
E ao olhar para mim todos sabiam daquilo.
Mesmo que eu tentasse me defender não adiantava, estava em menor número.

Não poderia suportar todas as brincadeiras de mau gosto de pessoas que se achavam super engraçadas e no direito de dizerem quem se encaixava e quem não se encaixava no círculo popular de pessoas fúteis e idiotas.

Nunca quis aquilo e meu pensamento não iria se alterar. Gostava de ficar na minha, no meu mundo.
De estar com pessoas com o mesmo pensamento que o meu, senão fosse naquelas condições preferiria ficar sozinha.

Sem dizer uma palavra, peguei duas caixas, empilhei uma na outra e subi para meu quarto.
Deixaria meus conflitos internos para depois
Já que não saberia como agir amanhã no meio de pessoas novas e algo me dizia que eu não iria conseguir me encaixar novamente. Minha personalidade introvertida não me permitia.

Abri uma das caixas e tirei algumas roupas, as jogando de qualquer maneira dentro do guarda roupa. Nuvens e mais nuvens da cor negra caíam por lá. Aquela cor era a que eu mais usava, como se eu vivesse em um luto eterno, presa dentro de mim mesma.

E toda aquelas cores sombrias se refletiam no meu quarto. Somente aquela fora a única condição que impus para minha mãe, que eu decorasse aquele cômodo da minha maneira.
O resultado ficou maravilhoso. As paredes eram da cor roxa com adesivos de caveiras espalhados pelo teto e que brilhavam no escuro à noite. A roupa de cama era da cor negra, juntamente, com as cortinas. Para muitos deveria ser horrível dormir em um local tão escuro e sem cores vivas, mas para mim era o paraíso, pois aquilo me permitia ter alguns minutos a mais de sono quando o nascer do dia chegasse.

Meu erro ( Em Revisão  ) Onde histórias criam vida. Descubra agora