Capítulo 7

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- Sim, claro... É compreensível.

Oiço a voz do André à entrada do gabinete da direção da Associação. É já meio da tarde quando lá chego. Hoje, ao final do dia, o André vai estar com quase todos os jogadores do Benfica. O Pizzi e o Samaris ajudaram-no a organizar o encontro, que será na casa do grego.

Deixei o Tiago com os avós. Os pais do André insistiram tanto que ele vai lá dormir. É bom para ele, sempre pode conviver com os primos e eu sei como todos eles gostam de estar com o Tiago. Bato à porta, levemente. O André faz-me sinal para entrar.

Assim o faço, e sento-me na cadeira à sua frente. Ele desliga a chamada e suspira.

- Pronto... Terminei de lançar o meu charme.

Sorrio e levanto-me, indo para o seu lado.

- Que bem... Ainda sobrou algum charme para mim? - Tento dizer, seriamente, e o André finalmente esboça um sorriso.

- Hum... Não sei bem - Ele puxa-me para o seu colo e aí me sento.

- A porta está aberta... Não sei se será bom alguém apanhar o presidente da direção com uma mulher ao colo.

- Não estás certa. Estou com a minha mulher ao colo, não com outra mulher qualquer...

Encosto o meu nariz ao seu. Só Deus sabe como me derreto cada vez que o oiço dizer "a minha mulher". E o André também sabe... Ele conhece-me bem.

- Realmente, esse charme... Imbatível - suspiro antes de lhe dar um beijo. Um beijo seguro e demorado.

Desvio-me um pouco para que possa respirar e encosto a minha face à sua testa.

- Estás bem?

- Hum... Hum... O que é que eu estava mesmo a fazer antes de chegares? Já nem me lembro...

O meu riso ecoa pela sala. Como é bom estar perto da sua boa disposição novamente.

- Se calhar, preciso de continuar com este esquecimento - André procura os meus lábios e acabamos por trocar um beijo da mesma forma intenso.

- Continuas a esquecer-te? - pergunto-lhe, a sorrir.

- Claro.

Sorrio e beijo-lhe a face.

- Parecemos dois adolescentes...

Sorrimos e acabo por me levantar. O meu tom era de brincadeira, mas é verdade: não calha nada bem alguém entrar e deparar-se connosco desta forma.

- O Tiago sempre fica a dormir na casa dos meus pais?

- Sim, deixei-o lá agora. Como é normal, assim que viu os primos desatou a correr pela sala... Mas lá acabou por dizer que precisava que o pai ajudasse a ser ainda mais rápido.

André ri-se e maneia a cabeça.

- Não se onde aquele miúdo vai arranjar tanta energia...

- Eu sei! Ao pai...

André começa a arrumar alguns dos papéis que estavam na secretária na sua pasta.

- Entre telefonemas comecei a ler a matéria de uma das cadeiras... A terceira época de exames é já no início de Setembro.

Estamos a meio de Junho e o André já está a pensar nos exames. Às vezes surpreendo-me com a sua prontidão. Mas também sei que esta é uma óptima distração para aquilo que lhe ocupa a cabeça.

- Falaste com as marcas?

- Todas. O Paulo tinha razão: algumas só queriam mesmo que falasse com eles... Só para lhes dizer que estava tudo bem...

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