1.2|•Ornitorrinco de pelúcia•

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– O suficiente. – Disse para a esposa. – Depois que pagarmos a sua operação sobrará exatamente o que precisamos. Não se preocupe.

– Mentira branca. – O repreendeu. – É assim que se chama não é?

– Não, eu garanto que vam--

– Pare! – Pediu. – Eu não gosto quando você mente. Eu calculei nossas economias, eu sei como estamos. Por que tenta me convencer contra a minha vontade?

– Precisamos pagar pelos seus gastos médicos, Heyoon! – Respondeu frustrado. – Eu sei que a Anya significa muito para você, mas assim... Mas assim já é demais. – Disse na intenção de faze-la mudar de ideia. – Digo... Ela... Ela nem--...

– Você sabe o que me faz feliz, Josh?

– ...O que?

– Você sabe? – O silêncio invadiu o quarto por alguns instantes fazendo-a ter a sua resposta. – Bem, eu sei. Eu só... Espero que você possa me ajudar com isso.

– Yoon...

– Quando os papéis do meu tratamento chegarem, eu não os assinarei. – Disse já tomando sua decisão final. – O que fará com o nosso dinheiro é decisão sua. Mas se quiser realizar meu desejo, peço que use para terminar de construir aquela casa. Então cada dia que morar lá, quero que você cuide dela. Visite-a. Fale com ela. Conforte-a. Não quero mais deixá-la sozinha.

– Mas e você?

– Feliz... Eu serei feliz. – Disse com uma expressão indecifrável.

  Sua decisão o assustava, era algo totalmente arriscado e sem sentindo. Estava dando a sua vida por Anya, estava trocando a sua vida por uma simples casa, que não se passava apenas de um bem material. Josh respeitaria sua escolha, mas isso ainda não estrava em sua mente.
  O homem se preocupara com sua vida depois que Heyoon se fosse. Sozinho. Joshua voltaria a ser sozinho, sem sua amada ao seu lado animando todos os seus dias. Beauchamp não suportava a ideia de seguir sua vida sem Heyoon. Ele definitivamente não estava pronto para deixa-lá.

– Josh?

– Sim?

– Eu fiz isso. – Disse lhe entregando um coelho de papel em mãos. – Me diga o que é.

– Hein?

– Só quero que me diga o que é. – Disse simples, encarando o marido no fundo dos olhos.

– É um coelho, como todos os outros que você fez.

– O que mais? – Perguntou sentindo um único fiozinho de esperança sobre a sua resposta.

– Hum, é feito de papel.

– O que mais?

– O peito é amarelo, e o resto é azul.

– Isso. O que mais?

– Olha Heyoon... – Disse mundando de assunto. – Eu escrevi uma música. É para você.

– Certo. – Suspirou derrotada.

– Então... Você gostaria de escuta-lá?

– Sim. – Respondeu sorrindo calmamente. – Você não precisava ter trazido o piano pra cá. Eu escuto bem com a porta aberta.

– O nome dela é "Para Heyoon".

– Por que tão clichê?

– É só um nome provisório. – Disse nervoso com sua reação.

  Josh então se sentara no piano, se preparando para tocar. Ele olhava de longe Heyoon que tinha um pequeno sorrisinho em seu rosto. Logo a doce melodia soava no piano, fazendo com que a moça se aconchegasse em suas cobertas abraçando seu bichinho de pelúcia. Qualquer uma que a olhasse poderia reparar em seu olhar triste e vazio, era perceptivel que para ela havia algo que faltava, uma lembrança, que precisava ser concretizada pela última vez. Os dois se conheceram jovens, bem mais do que você pode imaginar. Mas ela sentia que aquela era uma memória vasta, que apenas ela guardava a recordação, mas ela ainda tinha a esperança de que ele recordasse e não fosse apenas uma lembrança.

– Quem é essa "Anya" que eles ficam falando? – Perguntava Eva ainda confusa com a memória que assistiram. – Se ela é tão importante, não deveriamos te-la visto em suas outras memórias?

– Me parece que no fim das contas, ele não cumpriu a promessa. – Disse Neil.

– A menos que...

– A menos que o quê?

– Nada... – Dizia repensando sua fala. – Ei essa é a música que aquelas crianças estavam tocando, não é? – Questionou a doutora se recordando da música que os filhos de Lily – a governanta – tocavam ao piano quando chegaram para o trabalho.

– Acho que ele as ensinou. – observava o homem tocar – Quer saber, sou muito macho pra isso. Vou lá para fora. – Disse indo até a porta. – Tente descobrir algo sobre esses coelhos estranhos. – Dizia antes de se retirar.

Anotação: "Para Heyoon" foi adicionada

  Ao se aproximar da cama era possível encontrar o velho ornitorrinco de pelúcia e varios livros espalhados, mas um ali chamara mais a atenção.

"A nova roupa do imperador" por Hans Christian Andersen.

  De fato um livro clássico da literatura infantil, na capa era possivel ver os personagens desenhados. Foleando algumas paginas se encontrara inúmeras ilustrações e pequenas anotações nos cantos com uma letra, mais para um rabisco, típica de uma criança, provando o quão velho era o livro.
  Olhando ao redor viasse inúmeros coelhos de papel jogados no chão. Se contassem, poderia se dizer que haviam pelo menos uns 30 em apenas um lado da cama.

Anotação: "Coelho de papel" foi adicionada

  Saindo do quarto, ao descer as escadas a doutora encontrava outra memória do paciente, agora com um companheiro. Antes de aciona-lá ela dava apenas a última checada ao redor olhando tudo a sua volta, uma casa realmente bonita, a típica casa onde seus avós morariam. O piso era de madeira, rangendo a cada passo que se dava, logo a sua frente uma bela cômoda feita de madeira de cerejeiras.

– Alguém gosta muito disso aqui. – Disse vendo um pote de azeitonas em conserva sobre o pequeno armarinho.

  Seguiu olhando em volta vendo que não tinha nada de muito importante, se voltando então para a recordação fazendo com que a mesma se inicia-se.

– Estou te falando, não tem jeito mesmo. – Disse segurando uma das pontas do piano.

– E se desmontarmos?

– Olhe pra gente Josh. Não estamos mais na idade de mover pianos. – Dizia soltando uma risada frouxa. – Quer saber, se é importante para você vou contratar profissionais para fazerem isso. Já que não posso te ajudar com a casa, é o mínimo que posso fazer.

  A memória logo parou, era curta, servindo apenas para explicar como o piano havia chegado no andar de cima. Eva ao perceber qua não havia mais nada para explorar voltou ao quarto juntando todos os elos de memória se aprontando para mais uma travessia.

Recordação ativada para a travessia de memória

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"Para Heyoon" na verdade é uma música da trilha sonora do jogo, chmada realmente de "For River" – música a qual John componhe para River, na obra original.

To The Moon|•Heyosh•Onde histórias criam vida. Descubra agora