MOVE

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As pernas de Shivani finalmente pararam de tremer e as lágrimas que antes eram de sofrimento, passaram a ser de alegria.

Se um dia tivesse imaginado viver uma sensação parecida, pensaria que os leves chutes não seriam suficientes para tranquiliza-la.

Mas diferente do esperado, os movimentos a trouxeram uma sensação de paz, segurança.

Noah e Shivani viveram momentos de pânico e dor como nunca tinham passado antes e agora, minutos depois tudo estava bem.

Isso só os mostrava o quanto eram fortes, como tudo iria ficar bem e logo voltariam para casa.

Daria certo, depois de tudo que aconteceu eles tinham certeza disso.

Um susto daquele tamanho talvez tivesse acontecido para reestabelecer os laços de força e de amor dos pais daquela criança.

Também servia como um aviso, a paliwal estava sem quaisquer avaliação médica daquela gravidez, precisava ter o máximo e todo cuidado possível.

Depois do incidente, o bebê mexeu durante todo aquele dia, é claro que com intervalos desiguais, mas parecia que sempre que os dois começavam a se preocupar ele avisava "Ei, mamãe e papai, eu estou aqui e vou ficar bem".

Shivani passou os dois primeiros dias com medo, até se acostumar com a ideia de que realmente estava tudo bem.

O bebê parecia se mexer de acordo com as emoções da mãe, quando ela estava agitada e nervosa ele mostrava sua presença, quando estava tudo bem ele parecia estar dormindo.

Isso só mostrou para ela como o corpo humano é perfeito, como seu corpo estava preparado para gerar um filho, mesmo que ela só tivesse dezoito anos e mais que isso, como aquele bebê que ainda estava se formando já conseguia sentir o mundo do lado de fora, ele conseguia entender os sentimentos de sua mãe e o laço genético parecia fazer a criança se importar com o bem estar dela.

Alguns dias depois, ele mexia poucas vezes mas o suficiente para deixar os dois tranquilos.

A sensação era nova e gostosa para a morena, além de ser a única forma de sentir seu filho e ver que ele estava bem. Os chutes eram leves, Noah tentava sentir mas ainda não era possível, eles também não doiam ou incomodavam mas era um momento especial para a mãe e o bebê, um momento particular e cheio de emoção e amor.

Ela chorava as vezes, Noah também chorou alguns dias, mesmo sem conseguir sentir os movimentos.

Os dois passavam horas acariciando a barriga e conversando com ela.

Como conseguiam amar tanto uma criaturinha tão pequena, que nem tinham visto o rosto ainda? Que nem sabiam como era?

Passavam o tempo falando sobre nomes e como queriam que fosse algo especial e com o significado de forte.

Pensavam em Dylan ou Ethan se fosse um menino e Briana ou Kendra se fosse uma garota, sendo as segundas opções as favoritas. Ainda teriam tempo para pensar sobre isso e nenhuma possibilidade era muito certa, esperavam poder pesquisar os significados antes da decisão final.

Pensaram sobre nomes locais de seus países de origem e por fim decidiram que nomes comuns em países americanos seria a melhor opção.

Nos últimos dias o que eles mais faziam era conversar, conversavam sobre tudo, era um dos únicos passatempos que tinham.

Durante alguns dias, Shivani cismou que já tinham quatro meses de gestação e Noah tentava fazer contas e se lembrar se realmente era possível ou se ela tinha engravidado de primeira.

Os dois tinham acabados de almoçar e estavam perto do lago, o americano colhia algumas frutas e ela ajudava segurando.

- Você ouviu isso?- ela perguntou, o barulho estava distante e vinha dos ares- Noah

-É UM HELICÓPTERO- ele gritou se jogando de uma altura considerável de uma das árvores e correndo em direção a costa, fora da mata e onde estava a cabana.

Shivani acabou ficando um pouco para trás e reunia forças para tentar acompanha-lo. Ela tinha as mãos abaixo da barriga tentando reduzir o impacto, estava com a blusa dobrada na altura dos seios e conseguia ver pequenas ondulações de seu bebê se mexendo enquanto corria.

Ele chegou na faixa de areia no momento exato em que o helicóptero sobrevoava a ilha, correu procurando o sinalizador e disparou duas vezes, respirando fundo e com medo, muito medo.

Shivani conseguiu alcança-lo após os disparos e olhava para cima, forçando a vista.

Medo, insegurança, esperança.

-Tá descendo noah- ela disse feliz- Tá descendo, vamos sair daqui

A lagoa azul - Adaptação noavaniOnde histórias criam vida. Descubra agora