A different day

Um aniversário (não) totalmente arruinado

A paisagem fria que passa em movimento diante de meus olhos está com uma aparência chuvosa, parece que estamos em sintonia, o clima obscuro, os ventos frios que fazem calafrios na espinha, uma certa paz que vem junto com uma solitária e estranha dor em seu peito.

Hoje deveria ser meu aniversário, mas pelo que podem ver não está sendo um dia nada agradável.

"Você é a desgraça da família." Eles disseram.

Pensei que por completar 20 anos hoje, poderia confessar com firmeza, meu sonho e meu verdadeiro eu, mas estava errado, estava completamente errado. Acabei sendo expulso, e por isso estou nesse ônibus em ruínas, indo com um último fio de esperança a casa de minha tia, a única que sempre me apoiou, e a razão por ainda não ter explodido em angústia.

Passei quase metade de minha vida, reprimindo meu verdadeiro eu, minha tia foi a única que me deixou respirar livremente e ser eu mesmo, e agora...

O ônibus parou de forma brusca, pensei que havia ocorrido um acidente, mas apenas um cara entrou todo encapuzado, com um moletom preto. Vamos ser assaltados, que ótimo dia, esse é meu presente de aniversário destino? Obrigado, o que ocorreu não é suficiente certo?

O cara caminhou vagarosamente e sentou-se na parte de trás do ônibus. Pelo pouco que pude ver de seu rosto, havia um sorriso digno de ser chamado de psicopáta. Espero que esteja errado, espero que tenha visto mal, espero que esteja errado...

E continuei repetindo isso como um mantra em minha mente, não tenho culpa por ser paranóico, a maioria dos filmes que assisto são suspenses, mas sempre fico pensando que aquilo poderia realmente acontecer de verdade.

Depois de um tempo, finalmente cheguei ao ponto que queria, dali para a casa de minha tia eram apenas dois quilômetros, parece longe, mas já são dez horas da noite, não tem muitos táxis nessa rua, e eu também não tô com tanto dinheiro assim.

Comecei a caminhar, coloquei uma música em meu celular e pus meus fones.

Enquanto caminhava, as ruas ficavam cada vez mais escuras, e uma sensação de está sendo observado me deixava cada vez mais assustado.

Andando cada vez mais rápido, aconteceu de meus fones caírem, agora ouvindo o som de pegadas serem fortes, senti minhas pernas fraquejarem.

Esquece...

Resolvi parar, tudo que acontecesse em seguida era apenas algo sem solução, eu já estava fodidamente fodido de qualquer forma, esse não é meu melhor dia, e conseguir escapar de qualquer pessoa que possa estar indo atrás de mim não irá mudar isso.

Ao me virar, senti um arrepio na espinha. Não pensei que morreria assim.

Lembram daquele cara no ônibus? Aquele encapuzado, era ele. Preferia ter sido assaltado no meio de todos, do que morrer assim.

"O-o que você quer?" Perguntei.

"O que eu quero?" Ele sorrio.

Até a voz dele é macabra. Eu não saberia dizer o que se passa em sua mente, mas por algum motivo, sua voz e esse sorriso me pareciam familiar de alguma forma.

"Olha, eu não tenho comigo nada de valor, se quiser eu te dou meu celular, meu fone e o pouco dinheiro que tenho comigo, mas por favor não seja agressivo!" falei já estendendo minhas mãos com tudo que tinha.

Com os olhos fechados, ouvi apenas passos vagarosos se aproximarem, meu coração estava gelado, já não sabia se esperava ele pegar ou começava a correr novamente, esse é o meu pior aniver...