Sob as estrelas.

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            Debrah sabia perfeitamente como manipular Castiel. Sabia, como fazê-lo seguir cada uma de suas vontades. Isso ficava claro, pelo modo como ele a havia procurado após a decepção que sofrera. Tinha plena certeza de que conseguiria mais uma vez, usá-lo.

— Vem, gatinho. Entra. Me conta direito o que aconteceu. — Debrah disse, trazendo Castiel para dentro do flat. E ele, é claro, entrou sem demonstrar qualquer resistência. Francamente? Já não tinha mais o que perder. Sua situação não iria ficar pior, caso entrasse na casa dela. Afinal, Lysandre já tinha conseguido o que queria. Annelise estava com ele, agora. Nada mais poderia ser feito.

Debrah o fez sentar em seu sofá, sentando ao lado dele, olhando o semblante derrotado que tomava ao rosto do rapaz. Por mais feliz que estivesse ao vê-lo desolado daquele jeito, precisava fingir que se importava. Ela bem sabia que Castiel acreditaria em qualquer coisa que ela dissesse. Era um verdadeiro objeto em suas mãos.

Ele, por sua vez, continuava com um olhar perdido, apertando nervosamente as mãos, sem saber ao certo o que fazer naquele momento de ansiedade. — Eu estava indo procurá-la no café. — Começou, em constante ofegar. — Achei que ainda pudéssemos nos acertar, depois de quatro meses afastados. Queria mostrar a ela que eu mudei! Que não a machucaria novamente. Que estava totalmente arrependido, de tudo o que lhe fiz. Mas, quando cheguei perto do café, a vi carregando umas caixas com o Lysandre. Eram caixas de mudança, eu tenho certeza! Eles entraram juntos em um condomínio; pareciam tão... Felizes... Percebi naquele momento, que na vida dela não há mais espaço para mim. Ele ocupou meu lugar, quando me afastei um pouco. Não se deram ao trabalho de esperar mais algum tempo! Já estão dividindo um apartamento! Estão juntos! Assim como ela e eu estávamos, Debrah! — Agora um tom pouco mais feroz, surgia em sua voz embargada. Parecia aos poucos estar saindo daquela dormência, provocada pela surpresa desagradável. Dava lugar novamente aos impulsos ferinos, entranhados em seu ser. Aqueles mesmos impulsos, com os quais lutara contra, durante todos aqueles meses.

Debrah, no entanto, não poderia deixá-lo ceder a sua natureza. Não, de forma alguma! Precisava de algum jeito, fazê-lo se prender a ela! Tornar-se dependente de sua teia de mentiras. Não podia deixar que Castiel tentasse se aproximar de Annelise, de novo. Isso seria arriscado demais. Então, novamente, valeu-se de sua persuasão. Precisava usar cada um de seus atributos para prender Castiel.

— Ela foi uma cretina! Como pôde pisar em seus sentimentos assim, Castiel? Ela mentiu! Te fez de idiota! Essa garota não merece você. Não merece uma só gota do seu amor. Ela nunca fez outra coisa, senão fingir! Ela só te usou, gatinho. Te tratou como algo descartável. Você viu com seus próprios olhos: foi só o Lysandre aparecer, que a Annelise te chutou. Ela nunca se importou com você. Nunca te mereceu! — A garota fazia questão de "pôr mais lenha na fogueira", na tentativa de aumentar a raiva de Castiel contra o casal. Aquela era a sua especialidade: jogar as pessoas umas contra as outras. Se Castiel ainda fosse tão estúpido quanto ela se lembrava, conseguiria facilmente.

O rapaz ouvia a tudo o que era dito por ela, engolindo a seco. Não podia negar: Debrah estava certa. Ele só foi usado, enquanto ainda era útil para Annelise. Apenas um maldito objeto, que serviria para matar o tempo enquanto Lysandre não voltava. — Eu fiz papel de trouxa, Debrah. Ela só me tratou como uma segunda opção. — O rapaz disse, ainda em meio a suspiros irritados.

Era exatamente aquilo que Debrah queria ouvir! Ele estava caindo como um patinho! Seria muito mais fácil do que ela imaginava. Era hora de pressioná-lo mais um pouco! Apenas o suficiente para continuar envenenando sua mente fraca.

— Você não precisa dela, gatinho. Eu estou aqui. Me deixe cuidar de você, de um jeito que ela jamais faria... — Debrah sussurrou, ao levar os lábios ao pescoço de Castiel, deslizando-os pela pele alva, em beijos e sugadas suaves, que o faziam arrepiar. — Eu posso te dar tudo o que ela não pôde. Posso te dar o amor, que ela foi incapaz de conceder. — A moça sussurrou novamente, enquanto agora os lábios subiam até o lóbulo destro dele, ao qual foi mordiscado de modo suave.

A roseira e os espinhos.Onde histórias criam vida. Descubra agora