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A sala comunal da Grifinória despertou cedo ao som de matracas e cornetas, assistidos por gritos de guerra a fim de incentivar o time de Quadribol

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A sala comunal da Grifinória despertou cedo ao som de matracas e cornetas, assistidos por gritos de guerra a fim de incentivar o time de Quadribol. Isis contemplou a explosão vermelha e amarela de longe, bem como as conversas exaltadas, repletas de expectativas entre os jogadores, enquanto a capitã mal abria a boca. Esperou pacientemente até poder sair com discrição, dirigindo-se às masmorras para outra rodada de dissecação de memórias.

Acabou topando com alguns alunos na Sonserina no percurso e garantiu a cota diária de olhares repletos de estranhamento, por causa das visitas frequentes ao refúgio das serpentes. Caso alguém perguntasse, tinha uma desculpa esfarrapada na ponta da língua sobre suas aspirações profissionais e que Poções era uma matéria imprescindível para alcançar o nível necessário para atingi-las.

Ela seguiu até a sala do professor, torcendo para não esbarrar em Cybele no caminho, e encontrou Snape em frente à penseira; a memória flutuou da bacia para dentro de um dos frascos de cristal vazios. Olheiras marcavam a pele pálida e as sobrancelhas pesavam sobre os olhos opacos, fazendo Isis se perguntar se o sonho com as duas meninas no balanço tinha algo a ver com a exaustão dele, ou se Underhill persistia em tentar assombrá-lo.

A bruxa não se deu ao trabalho de desejar bom dia, imaginando que este não seria bem-vindo. Já não considerava o professor como um ser de pensamentos intransponíveis. Intricado, sem dúvidas, porém não indecifrável. As semanas de convivência na sala privativa vinham provando isso, à medida que Snape se mostrava menos descortês com a presença em seus domínios.

Ela verificou a caixa com as suas lembranças revisitadas, que jazia no mesmo lugar de sempre. Precisariam arranjar uma nova em breve, para comportar as que estavam por vir.

— A de hoje será um pouco longa — avisou Isis, puxando um fio perolado da cabeça e o depositando na penseira —, mas tem um detalhe que considero importante no início. Não sei, talvez haja algo além que tenha passado despercebido a mim. — Ao agitar o conteúdo na bacia, sua imagem surgiu na sala comunal da Sonserina.

— A data? — O professor separou uma tira de pergaminho e pegou a pena para anotar.

— 24 de abril de 1986. Ele achou que o eclipse daria um toque de elegância ao "evento"; um presente por eu gostar tanto de Astronomia.

Snape a olhou de soslaio, um tanto quanto curioso em relação ao significado de "evento" dentro do contexto. Ela chegou para perto, sem o melindre inicial, e respirou fundo ao ver as imagens se formarem na superfície, cuja aparência transitava entre líquida e gasosa. Confrontar aquela memória exigiria uma valentia desmesurada de sua parte, para não ceder à vergonha que queimava no âmago.

Ao mergulharem na penseira, uma Isis adolescente surgiu na quase escuridão de um corredor de pedra, estudando — com a ponta da varinha acesa — um mapa feito à mão. O uniforme da escola estava coberto por um sobretudo estilo circassiano, que ganhara de Underhill durante uma viagem aos Cáucasos. A antiga passagem secreta para Hogsmeade, atrás do espelho do quarto andar, não havia colapsado ainda, sendo uma alternativa viável para a bruxar fugir de Hogwarts na época.

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