DOCTOR

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Shivani pulou da cama quando o despertador começou a tocar, sua mãe tinha conseguido uma consulta com a mesma obstetra que cuidou do parto das suas irmãs a morena estava mais que ansiosa para a primeira consulta oficial, depois de quatro meses de gestação.

Ela puxou o celular da tomada para checar suas notificações, depois de tanto tempo longe da tecnologia ela precisava se lembrar da existência do aparelho ou acabaria deixando os amigos preocupados sem resposta.

Ela decidiu se aventurar pelo Instagram pela primeira vez e o que encontrou logo de cara foi a nova publicação de Noah.

Ela leu atentamente e deixou as lágrimas rolarem por seu rosto. Só conseguia agradecer, por estar viva, por estar em casa, ter Noah ao seu lado, por ter um bebê dentro de sua barriga.

O americano se revirou na cama e acordou assustado com o choro da morena.

-O que foi? Shiv, você tá bem?- perguntou assustado se sentando na cama mal conseguindo abrir os olhos.

A única reação que a garota teve foi colar seus lábios nos dele, um beijo singelo mas com um significado enorme.

-Obrigada- ela disse mostrando o que estava lendo no celular, o moreno sorriu de lado envergonhado e abaixou a cabeça, acariciando a barriga exposta dela.

-Tá na hora da consulta?

-Quase, vou tomar banho agora- ela disse

- Tudo bem, vou ver se sua mãe precisa de ajuda com o café enquanto isso.

Shivani abriu o armário, o dia estava quente por isso escolheu um dos poucos shorts jeans que pareciam caber junto de um top branco e uma blusa de tecido fino da mesma cor por cima. Durante o tempo que a garota passou no chuveiro, refletiu sobre tudo o que estava acontecendo, sobre o texto que Noah havia escrito e publicado e também sobre as decisões que deveriam tomar dali em diante.

Ela não tinha acabado de descobrir uma gravidez, se quisesse que seu filho nascesse em um ambiente estruturado precisava começar a trabalhar por isso.

Enquanto ela secava os cabelos no quarto, Noah tomou banho e depois os dois se juntaram a Radha, Any, Wendy e Linsey, que tinham acabado de chegar para os acompanhar na consulta.

Quando chegaram no consultório, por volta de uma hora mais tarde o coração de Shivani bateu acelerado. Eles estavam um pouco adiantados e naquela sala ainda tinha um casal aguardando ser atendido, a mulher parecia prestes a ganhar seu bebê e sorria o tempo todo para a barriga e para o homem, provavelmente seu marido, que estava ao seu lado.

A Paliwal preencheu a ficha na recepção e se sentou no lugar vazio entre Radha e Wendy. Linsey parou ao lado da mãe, mexendo no celular e Noah na frente da morena, mexendo nos cabelos de forma nervosa, Any ficou do lado do garoto.

- Noah, se você tá assim por conta de uma consulta vai acabar desmaiando quando o bebê nascer- Linsey provocou o irmão e Shivani riu.

-Depois de quatro meses no meio de uma ilha, morando em uma cabana eu fico nervoso até de estar dentro de um lugar construido com cimento.

-Até hoje não sei como você conseguiu  ter ideia pra gente construir tudo aquilo.

- Eu tinha lido um livro sobre como sobreviver na floresta quando acampamos com o grupo.

- Eu sinto tanta falta deles- a Indiana pensou alto

- Vamos estar juntos logo- Any a consolou- Meus dois sunshines estão comigo e nada pode me deixar mais feliz que isso

-Nossos filhos não podiam nos trazer um presente maior, voltaram pra nossos braços e ainda troxeram um netinho- Wendy comentou com Radha

-Falando em netinho- a Brasileira começou a falar em Híndi com Shivani, esquecendo que sua mãe também conseguia entender a língua- Precisamos conversar sobre como esse bebê foi parar aí dentro

- Any, como você acha? - A morena disse obvia

-Quero detalhes- Shivani revirou os olhos

- Achei que vocês respeitavam o contrato- Radha continuou, deixando os três que não conheciam a língua perdidos, Any riu alto e a garota ficou envergonhada.

-Achei que o contrato não valia em território desconhecido- ela deu de ombros e sorriu de lado.

O grupo conversou e riu durante o tempo que esperaram para entrar na consulta, não queriam deixar o clima tenso para os novos papais. Meia hora se passou até que o nome de Shivani fosse chamado, enquanto Any e Linsey esperaram do lado de fora, já que só acompanhariam a ultra, os quatro se direcionaram a sala.

A consulta estava combinada para ser em inglês, o que deixava Noah um pouco mais tranquilo, mas ainda assim em pânico.

A obstetra conversou com os pais sobre os acontecimentos na ilha, o tempo de gestação, vitaminas, alimentação, vacinas e tudo mais que era necessário para manter mãe e bebê saudáveis.

-Não quero assustar vocês já que é a primeira consulta mas como já estamos com um tempo um pouco avançado de gestação precisamos aos poucos falar sobre o parto. Qual é o tipo de parto que vai agradar vocês dois, as condições de cada um, sei que vocês ainda não tem planejado se vão continuar aqui ou se vão se mudar mas independente do obstetra que te acompanhar é crucial que vocês tenham certo conhecimento sobre isso, que tenham decisões formadas.

-A gente conversou sobre isso na ilha, completamente desesperados e com medo de passar sozinhos, sem nenhuma estrutura ou amparo- Noah começou- De qualquer forma eu vou estar satisfeito com o que Shivani escolher, esse momento é importante pra nós dois mas quem vai passar por todo o processo é ela então a escolha não é minha, só tô aqui pra apoiar- Wendy acariciou o braço do filho, sorrindo orgulhosa.

-Isso é muito importante Noah- a obstetra começou- Shivani precisa estar em um ambiente confortável e agradável, seu apoio também é essencial

-Na verdade eu venho pensando sobre isso desde que estava na ilha. A partir do momento que descobri que tava gravida comecei a me sentir conectada com meu corpo de uma forma que nunca imaginei que fosse possível, eu senti meu corpo se preparando pra gerar uma vida e pra parir então eu realmente não consigo pensar em uma forma melhor que um parto mais natural e humanizado possível, é claro que se não tiver nenhum risco

Eles continuaram conversando sobre o assunto por mais um tempo, Shivani parecia muito segura do que queria e do que deveria enfrentar. Ela não se importava com a dor e as horas que deveria se dedicar a isso, queria seu filho em seus braços assim que nascesse, queria poder escolher a posição, queria que Noah tivesse um papel ainda mais importante, que se sentisse conectado e que seu bebê pudesse se sentir acolhido pelos pais assim que nascesse.

Eles decidiram que ainda não estavam preparados para saber o sexo mas assim que Linsey e Any se juntaram a eles e a ultrassonografia começou, a emoção atingiu a todos.

Shivani e Noah nunca iriam cansar se ouvir o coraçãozinho do bebê, como os dois juntos eram e formavam vida. Como foram salvos por um filho, um filho que já tinha tamanho poder antes mesmo de vir ao mundo.

Wendy e Radha não podiam estar mais emocionadas, é claro que elas não esperavam serem avós tão cedo. Mas dada as circunstâncias, depois de tanto tempo longe dos filhos, com as esperanças sumindo aos poucos, um bebê só traria mais força, renovação, vida e amor para seus corações. Aquele bebê era a prova mais que real que seus filhos estavam e sempre estiveram bem e saudáveis.

Any e Linsey ainda não eram capazes de entender a imensidão e conplexidade que é carregar um filho dentro de si, mesmo tendo uma visão incrivel da gestação e da paternidade, era um universo novo e inexplorado pelas duas. Talvez o fato de não ter um filho deixasse as coisas ainda mais emocionantes, elas amavam aquele bebê de uma forma impressionante, intensa. Amor o qual foi desenvolvido sem que o feto precisasse estar dentro delas, o que só deixava ainda mais claro a imensidão que iriam sentir quando tivessem seus próprios filhos.

A história que os três estavam construindo era comovente, emocionante e linda. Juntos eles eram mais fortes, juntos eles sobreviveram e enfrentaram obstáculos.

Assim deveriam continuar, unidos, para sempre!

A lagoa azul - Adaptação noavaniOnde histórias criam vida. Descubra agora