Sofá [Kiribaku]

Capítulo único

O dia de treinamento da classe 1-A fora o mais pesado em semanas, até mesmo Bakugou sentiu os efeitos. Enquanto o resto da turma se reunia para uma refeição em grupo, ele conseguiu esgueirar-se para o salão comunal. Deitou-se sobre o sofá, suspirando alto e cobrindo os olhos com o antebraço. Estava exausto.

Aproveitou o silêncio. Pensou se poderia dormir um pouquinho, bem ali, onde todos poderiam vê-lo. Desconsiderou. Seria estúpido crer que conseguiria cochilar sem algum idiota tentar tirar sarro dele. 

Grunhiu. Tentou criar coragem para se deslocar até o quarto, sem sucesso.

Sentiu alguém sentar-se próximo aos seus pés. Abriu os olhos de leve e constatou se tratar de Kirishima, que parecia tão cansado quanto ele. Pensou em reclamar, mas sequer tinha forças. Que mal teria também? Ele não estava exatamente ocupando aquele espaço. 

- Bakugou? 

- Hm.

- Você… Está dormindo?

- Se eu respondi é óbvio que não, Cabelo de Merda. 

- Posso… Deitar ?

- Ficou maluco? Não tem espaço pra isso. 

Kirishima segurou as próprias mãos e encarou os polegares, tímido. 

- É que… Eu gosto muito de deitar nesse sofá. 

Katsuki revirou os olhos por debaixo das pálpebras. Não era possível que não conseguisse ter um momento de paz.

- E eu com isso?

- A gente podia dividir!

Kirishima disse, como se tivesse tido uma grande ideia. Mas Katsuki já não queria ter mais aquela conversa. Abriu os olhos.

- Eu vou para o meu quarto. 

Ele tentou levantar, mas Kirishima o segurou. 

- O que foi agora? Eu já disse que vou deixar o sofá para você. 

- É que, bem… Eu não queria ficar sozinho. 

- Deita logo nessa merda. 

- Mesmo?

- Vai logo, antes que eu mude de ideia. 

Eijiro sorriu, esgueirando-se e deitando-se parcialmente sobre o outro e sobre o sofá. Por um breve momento, aquela proximidade foi desconfortável para Katsuki. Mas ele sentiu o calor, ouviu a respiração e vislumbrou os dentinhos afiados pronunciados em um sorriso. Suspirou. Quis tocar os cabelos vermelhos do outro, mas ficou na dúvida se seria demais. Talvez não fosse. Mas e se Kirishima achasse que fosse?

- Bakugou?

- O que é agora?

- Ta dando câimbra no braço. Posso te abraçar?

O loiro corou. Como Eijirou conseguia ser tão irritante?

- Faz o que você quiser, só fica quieto e para de me encher o saco. 

E ali, os dois ficaram. Por talvez 10 minutos, talvez uma hora. Se alguém os zoaria ou se pareceria estranho, isso também não importou. Estava cansado, mas ao lado de Kirishima, suas energias se renovaram.