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— Oi... — ouço-a dizer desanimada.

— O que ouve? O que está sentindo?

Foi o suficiente para ouvir seus soluços.

— Aí Harry, eu sou tão estranha, minha vida é estranha. Quando acho que as coisas podem melhorar, algo acontecesse pra mostrar que nada vai mudar, que sempre serei essa Katherine e... Eu faria qualquer coisa pra sumir ou pra ser outra pessoa. É um ciclo sem fim, sempre paro no mesmo lugar, não importa os acontecimentos, sempre paro exatamente onde devo parar e a vida me mostra que isso será contínuo, que eu não mereço que coisas boas aconteçam. Eu só queria recomeçar, ser totalmente o oposto do que sou hoje. Do que adianta vir morar em Londres, procurar uma vida nova se estou sempre nas mesmices? — fico atento diante de seu desabafo, sem interrompe-la. Percebo que em sua voz não havia só o choro, talvez esteja um pouco alterada. — Harry, eu fui em um pub com umas amigas e... Encontrei o Luccas.

Com sua declaração, meu coração se aperta. Devo imaginar que ainda sente algo por seu ex-namorado, até porque, é tudo tão recente.

E o sentimento de reprovação por ter deixado as coisas acontecerem de tal forma, me pega desprevenido.

— Você está aí, Harry? — pergunta ao notar meu silêncio.

— Estou, quero que diga tudo que queira dizer Kathe, desabafe. Sou seu amigo.

— Irônico você dizer isso, até dias atrás estava nua em sua cama. — suspira.

— Isso muda o fato de sermos amigo?

— Acho que não passamos disso.

— Quer dizer mais alguma coisa?

— Não... Acho melhor eu deixar você descansar, irei fazer o mesmo. — diz fria.

— Está chateada?

— Não...

— Posso te dizer uma coisa?

— Diz...

— Seja corajosa. Que você se encoraje tanto quanto imagino que você encoraja os outros, que enfrente teus medos da mesma forma que incentiva os outros a enfrentar os deles, que você se cuide tanto quanto cuida dos outros, desejo que se olhe com a mesma empatia que olha para os outros.

— Você diz como se realmente me conhecesse a tanto tempo e soubesse de cada detalhe que existe dentro de mim... — sussurra após um tempo em silêncio.

— Talvez eu não saiba de tudo, mas o que enxergo em você é isso. Deve olhar mais para si, não apenas para os seus problemas e seu psicológico. Você é uma garota incrível, eu sei disso! — digo sincero.

— Eu sou a própria confusão. — sinto o pesar em sua voz.

Quero te ver!

Em um instante de silêncio, apenas ouvindo nossas respirações, pude notar apenas com isso sua insegurança diante minha fala. Não vou mentir, minha vontade de vê-la agora era imensa. Me pergunto o por quê de Kathe mexer tanto comigo e não sair dos meus pensamentos.

— Posso ir te ver? — pergunto esperançoso.

— Está tarde, não se incomode de sair do conforto de sua casa para vim até meu apartamento.

— Não quer?

— Harry...

— Está sendo irracional esse meu sentimento de querer está por perto e te tirar toda essa sua insegurança. — digo aflito.

— Dizendo assim você não está ajudando! — fala em agonia.

— Por favor? — sussurro para o celular, ela queria tanto quanto eu.

𝐷𝑟𝑒𝑎𝑚 𝑊𝑖𝑡ℎ 𝑀𝑒 | CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora