Eltar tinha sido enviado à uma aldeia pobre na região congelada do reino Tiger. Tigrésius estava furioso porque a aldeia não estava pagando os pesados tributos e mandara o filho com um pequeno destacamento tocar o terror no lugar, saquear tudo que pudesse pra cumprir os valores do tributo e trazer mais escravos. O destacamento com 12 felinos, incluindo Eltar, seguia atrás dele com felinos de todas as idades, amarrados uns aos outros pelos pulsos em duas filas que eram puxadas pelos cavalos de dois tenentes. O caminho era muito longo. Pelo menos quatro dias de viagem. Os novos escravos, muitos feridos, caminhariam assim por todo o percurso, recebendo só um gole de água duas vezes ao dia e os restos dos alimentos dos soldados que eles jogavam para os novos escravos pegarem do chão. Sempre que algum pedaço era jogado, um osso meio mastigado, por exemplo, os felinos pulavam em cima e brigavam por aquilo, desesperados por alimento, se tornando a diversão dos militares e do príncipe.
Numa dessas vezes, após dois dias de viagem, os militares e o príncipe gargalhavam vendo os escravos pulando uns sobre os outros, se degladiando por um punhado de comida mastigada que um deles jogara no chão pedregoso. Um zumbido foi todo o aviso que tiveram antes que um dos tententes caísse de seu cavalo com um machado cravado no pescoço.
- ATAAAAQUE! – Eltar alertou, mas não ajudou em nada. Armas leoninas voaram das árvores atingindo um por um dos militares, ao mesmo tempo, sem chance de luta, sem mesmo perceber o que acontecia. Antes que os corpos caíssem dos cavalos, leoninos surgiram descendo das árvores que circundavam a estrada, com um grito de guerra insano e cortaram as cordas dos escravos.
- Fujam! – Rodan berrou pros escravos, assustados, temendo que os leoninos fossem devorá-los. O medo era tanto que eles se encolheram perto do cavalo de Eltar, pois o povo preferia enfrentar as crueldades do rei Tiger do que as coisas bizarras que diziam que os leoninos faziam. – AGORA, IDIOTAS! – Rodan gritou com aquela cara assustadora dele e o povo correu, alguns tropeçando no caminho, voltando em direção à sua distante aldeia.
- Você. Espere. – Lordok apareceu ninguém sabe de onde e segurou o mais velho que não corria muito, com um ferimento nas costas. – Pegue. Leve esses cavalos com você. Seu povo aproveitará melhor do que o meu.
O velho olhou pra ele boquiaberto, gritou pra alguns jovens que corriam mais atrás do grupo. Quando os jovens voltaram, o velho pediu que ajudassem com os cavalos, alguns ainda carregando mantimentos e objetos roubados, e correram sem olhar pra trás. Alguns soldados leoninos seguravam o cavalo de Eltar, enquanto outros mantinham ele preso, segurando em seus ombros, o colocando de joelhos no chão.
- Rei Lordok dos Leoninos. – Eltar disse, meio zombeteiro. – Mas a que devo a honra da sua visita no coração do reino Tiger?
- Não estou com humor pra suas gracinhas, rapaz. – Lordok disse. - Quero respostas e você vai me dar elas.
- Por bem, ou por mal. – Rodan acrescentou ameaçadoramente.
- Rodan, você parece bem. – Eltar disse, sorrindo. – Espero que a idade não esteja lhe causando...alucinações.
Um dos soldados que o segurava deu um soco em sua cabeça que o fez cuspir sangue. Lordok levantou a mão, sinalizando para o soldado que já era o suficiente.
- Não teste minha paciência, menino. Eu não tenho muita neste momento. Pra começar, quero que me diga quem é o espião que ajudou Hunna a sair de Jubay. – Lordok perguntou de braços cruzados, Rodan parado com uma espada na mão ao lado do rei.
- Ela não te contou? – Eltar perguntou, sorrindo. – Mas que coisa, heim? Não sabemos em quem podemos confiar hoje em dia. – Ele disse, tentando semear um atrito entre o rei e Hunna, ao mesmo tempo olhando pra Rodan.
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Likastía- planeta dos felinos
FantasíaFelinos são seres tão majestosos, tão lindos e meigos... Alguns são mais selvagens e indomáveis, é bem verdade, mas é impossível ficar indiferente ao magnetismo dos felinos. Em Likastía é mais impossível ainda considerando que é um planeta completam...