Num tempo atrás, onde os varões eram medidos por sangue em suas vestes havia um que não se distinguia tanto dos outros, não fosse seu amor implacável por uma jovem mulher que atraia olhares como flores encantam abelhas. O nome do varão guerreiro era Singrid, e com esse nome causava temor onde passava com sua tropa de 2000 homens municiados até os dentes com lanças aguçadas horas e horas a fio, e espadas que cintilavam gritos rubros e clamavam por sangue pagão. Varão a serviço católico, disposto a conquistar em nome de Deus os locais mais ermos da terra. Onde houvesse um suspiro pagão bradaria suas lanças, flechas e espadas a fazer cair por terra o sangue impuro que ali cometia blasfêmias e heresias contra o Criador. Era um homem bem treinado, flecha alguma chegava tão perto para feri-lo, espada alguma chegava a tocar-lhe, não havia lança tão longa a ponto de acertá-lo quando estava em seu furor santificado. Nem seus próprios homens de longo convívio o reconheciam quando sacava sua espada e bradava gritos de guerra que faziam espinhas saírem de seus lugares e fios de cabelos eriçarem. Mais nenhum daqueles homens sabiam de onde saia tal fera aterrorizante, de força descomunal que se comparava as bestas feras mitológicas. Singrid sabia e muito bem o que lhe esperava na vila de Stonghavem, Lidia, a jovem que se apaixonara a anos atrás bem antes de ser recrutado pelos santos cardeais e bispos. No meio de toda aquela guerra por algo que para ele não fazia sentido, retirava forças para cumprir sua promessa que entregou a jovem Lidia, que voltaria das cruzadas vivo e provaria ao seu pai o quanto homem de valor se fazia ele em meio dos paspalhos que o velho queria entregar a mão da filha. Para se comunicar, usava um carteiro, um sujo-imundo que não tinha onde cair duro e por troca de algum dinheiro fazia qualquer coisa. Usava-o para entregar as suas cartas para Lidia. Nas cartas lhe era bem sincero, pois não ousaria ocultar de seu amor nenhum de seus atos terrenos. Meu amor, hoje foi um dia cansativo, fadigada minha alma se encontra, procuro aconchego e carinho teu mais só encontro duras rochas na qual me reclino e chamo de cama. Meu coração grita para que acabem logo meus dias de serviço e sejam remidos meus pecados. Daqui a alguns dias invadirei um vilarejo onde se cultuam deuses de pedra, e onde o pudor se foi completamente, levaremos Deus para aquelas pessoas de um jeito ou de outro, me deseje sorte minha amada, reze por mim e não deixe se esvair de seu coração que te amo.
Palavras doces que faziam de Singrid, ao menos por alguns minutos de escrita, um homem diferente do que se costumava observar. Estava perto o dia de levar palavras de fé para um povo perdido ao olhar católico, Singrid passava maior parte do tempo de descanso pensando em Lidia. Seu amor era implacável, anos passavam depressa como areia que se escorre entre os dedos manchados de sangue. Sangue, sangue, estivera Singrid remindo seus pecados com sangue de outros pecadores?
Ele não entendia aquele sistema mortal, mais não se ocupava muito em debater mentalmente essa idéia, só queria se ver livre daquele inferno santo. Chegado o grande dia, pelas suas contas mentais, essa era sua ultima jornada por Deus. Depois daquele vilarejo voltaria para casa, abraçaria forte Lidia, a beijaria com um beijo apaixonado de anos de espera, e mostraria para o pai da jovem que era homem valoroso em seus princípios. - Vamos! Mexam-se! Vamos mostrar a eles quem somos debaixo da proteção de Deus! Vamos purificá-los com o sangue de Cristo, ou com seu próprio!
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Flores Lídias
Short StorySingrid e Lídia se amavam, até que um chamado os separou, em meio aos sangrentos embates e massacres Singrid sente seu verdadeiro eu aparecer ou morrer. Qual será o fim? Acompanhe esse conto e ajude a melhorá-lo com críticas construtivas!