Capítulo 1 - Quem você é

37 7 75
                                    

Eu olho meu reflexo no espelho.
Por que estou fazendo isso comigo?
Enlouquecendo por um erro tão pequeno.
Eu quase deixei o meu verdadeiro eu escondido.

Who You Are – Jessie J

— Oi, meu nome é Raíssa, tenho 21 anos e fui traída pelo meu ex namorado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Oi, meu nome é Raíssa, tenho 21 anos e fui traída pelo meu ex namorado. Ele ficou com uma "amiga"  minha, bem na minha frente.  — Me apresento ao grupo.

Bem, essa sou eu. Loira, baixa e traída de uma forma patética. Minha irmã praticamente implorou para eu participar,  nem que fosse uma única sessão, do TA.  Claro que no início achei ridículo,mas cá estou.

Ah claro, que idiota eu sou. O TA é um grupo de apoio à pessoas traídas, não importa como, eles aceitam qualquer pessoa traída, seja pelos amigos ou namorado, como meu caso. Porém a sala estava parcialmente vazia, havia apenas mais quatro pessoas além de mim. Não, isso não significa que exista pouca traição, isso significa que as pessoas têm vergonha de dizerem que foram traídas.

É uma besteira? Sim. Mas você já ouviu piadas sobre ser corna? É irritante e insuportável! Você respira e já vem um dizendo " não sabia que corno respirava.".

Então esconder é muito melhor já que as pessoas não tem maturidade suficiente para entender que a culpa é de quem traiu e não do traído. Sempre haverá um comentário infame sobre o que você fez para ser traída. Pasmem, muitas mulheres fazem esse julgamento.

Ítalo é o nome do desgraçado que me levou do céu ao inferno em questão de segundos.

Hoje eu rio pra não chorar de nossa curta história juntos.

Conheci ele em um parque. Estava sentada admirando o grande lago e refletindo sobre a vida quando ele sentou ao meu lado. Conversamos por um longo tempo. Isso se repetiu durante toda semana até ele me chamar para sair. O encontro foi divertido e agradável. Saímos várias vezes até ele me pedir em namoro, e como uma idiota apaixona, aceitei sem nem pensar duas vezes.

O namoro durou 7 meses, isso mesmo, sete. Até o dia em que o maldito, do nada, beijou a minha "amiga", que de amiga não tinha nada, já que retribuiu o beijo dele. Fui traída duplamente.

Eu fiquei sem reação. Só sai daquele lugar e fui para casa. Depois que o choque passou, transformei meu quarto em um lago de lágrimas e decepções. Mesmo minha irmã não entendendo nada, me consolou e tentou me acalmar. Passei bons dias  chorando e refletindo. Bom, até o dia que Lana me mostra o TA.

Esse dia foi engraçado, confesso. Estava na maior fossa e do nada Lana entra em meu quarto, parecendo que iria tirar o pai da forca,  carregando uma folha com algo impresso, um cartaz do TA. Lana dizia ter achado a solução dos meus problemas grudado em um poste de luz. Claramente ela estava doida. Li o papel com atenção, nele contia endereço e telefone da sede dos Traídos Anônimos. O papel ficou guardado em uma gaveta durante quatro dias e cá estou, sentada em uma roda, contando sobre meu ex inútil.

— E como você se sente? — Pergunta um dos organizadores. Traída, talvez ?

— Já estive pior, então posso dizer que estou bem com esse fato. — Me limito a responder apenas isso.

— Pode nos contar como aconteceu ? — Poder eu posso, mas querer é outra coisa, moço.

— Estávamos em uma festa, e ele não saia do meu lado, já estava acostumada com isso já que ele não bebia e nem eu. Mas depois de um tempo ele disse que iria pegar  algo para beber e eu estranhei, mais ainda quando ele demorou pra voltar. Fui atrás dele e o encontrei agarrado na Vanessa. Acho que o pior foi que ele me viu ali mas continuou beijando ela. E depois ele não me procurou, nem pra inventar uma mentira como estar bêbado. — Encolho os ombros. — Mas pelo menos me livrei de num encosto. Imagina se isso acontecesse daqui a dois anos? Sério infinitamente pior, já que estaria amando ele.

— Estou feliz que pensa assim. — Ele me dá um sorriso orgulhoso e começa a falar sobre sua experiência com traição. Fico até com pena, o cara foi traído maus de quatro vezes! Até parece karma...

Foco na apresentação dos outros participantes.  Existia uns casos que parecia até coisa de filme, como no caso de Amanda. Ela foi traída pelo marido, com uma mulher que se dizia prima dele, mas na verdade ela não era bem da família. Amanda descobriu no final, que os dois eram uma casal de estelionatários. O cara já havia dado vários golpes em muitas mulheres, ele casava com elas e pouco a pouco, ia passando os bens pra nome dele. A sorte dela foi que pegou os dois juntos em flagrante e conseguiu evitar um grande prejuízo no futuro.

Tô até traumatizada depois dessa história.

Se isso era um grupo de apoio, não está  funcionando. Não me sinto apoiada, quer dizer, em partes sim, já que vejo que meu caso é fichinha comparado ao de Amanda. Mas eu achei que talvez eles dessem conselhos sobre somo sair dessa situação. Aqui mais parece a roda de conversa das minhas vizinhas fofoqueiras, onde elas contam da vida tediosa delas e ficam naquela de, meu problema é pior que o seu. A única diferença é que aqui não há essa comparação, o problema de todos importam, cada um da sua maneira.

Entretanto, a ideia do grupo é muito boa, cada um conta sua traição e no final cada um vai pra sua casa sem nem conhecer direito as pessoas que frequentam. Acho que por isso é  anônimo,  né?! Eles só sabem o que você conta.

— Como foi lá? — Pergunta minha irmã assim que entro em casa, após chegar do TA.

— Foi uma experiência interessante. — Apenas digo isso e subo para meu quarto. Se fosse dar ouvido a Lana, teria que contar sobre tudo o que ocorreu lá e eu não acho certo contar algo tão íntimo dos outros.

Mas realmente foi interessante. Acho que vou voltar lá semana que vem. Achei legal dividir minha situação com pessoas que entendem o que passei.



Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
GIRLS (PARADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora