48. Fim de Ano - parte 2

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31 de dezembro de 2021

Raquel

- Tenho de admitir que não estava à espera que fosses tão bom cozinheiro. – comento, após provar a sobremesa do menu inteiramente cozinhado pelo André para esta noite.

- Nem eu. – ele concorda comigo, fazendo com que ambos acabemos a rir-nos.

A noite está a ser extremamente agradável e eu acho que ainda não parei de sorrir desde que cheguei. Como (quase) sempre acontece entre nós, a conversa flui naturalmente, de temas mais sérios para temas mais ligeiros, sem nunca nos faltar tema de conversa. O André faz-me sentir sempre em casa, onde quer que esteja, e esta noite é só mais uma prova disso.

O esforço dele é também claramente notório, tendo em conta a noite que ele preparou para nós. Ele cozinhou, ele decorou a sala a rigor e ele tem-me tratado como uma autêntica princesa a noite toda. E eu aprecio realmente a forma como ele quer tanto como eu que tudo isto corra bem e que nós possamos voltar a ser felizes, juntos.

- Então e o Afonso, como anda? Já não falo com ele há bastante tempo. – comento, comendo mais uma colherada do ótimo cheesecake de frutos vermelhos que ele fez.

- Olha, acho que está finalmente a entrar na linha. Desde que começou a namorar com a Francisca, no ano passado, que começou a atinar nos estudos e na vida em geral. Até já decidiu que quer fazer Mestrado, no próximo ano. – o André comenta, sorrindo – O puto está a crescer. – ambos gargalhamos.

- Ele é um bom miúdo. Só precisava do empurrãozinho de alguém para pôr aquela cabeça no sítio certo. – sorrio – E a Francisca parece-me uma boa miúda, também. Ele fez questão de ma apresentar pouco tempo depois de eles terem começado a namorar. Disse-lhe que eu era o que ele mais perto tinha de uma irmã mais velha e que queria a minha aprovação. – relembro com uma gargalhada – Foi bastante querido. E eu gostei dela instantaneamente. Acho que ela lhe faz muito bem.

- Concordo plenamente! – o André afirma – Mas... Espera lá! Isso quer dizer que tu deves tê-la conhecido primeiro que eu! Eu só a conheci quando fui a casa na Páscoa.

- Então sim, eu conheci-a antes disso. – confirmo, rindo-me do ar amuado que o André finge – Parece que eu sou a preferida do teu irmão.

- Pois, isso já sei eu há muito tempo. – o André alinha na brincadeira, rindo-se comigo – Agora a sério... Deixou-me muito feliz saber que tu e o meu irmão mantiveram o contacto, depois de nos termos separado. Acho que isso me descansou, de alguma forma. Eu sabia que havia alguém a cuidar de ti em quem eu confiava e isso fazia-me sentir menos mal.

- Eu gosto muito do Afonso, André. Como tu sabes, eu não tenho irmãos e acho que, a par da Mariana, ele é o que eu tenho mais perto de um irmão. Não só é um bom ouvinte e conselheiro, como foi capaz de me fazer rir quando nem sempre tinha disposição para isso e é sempre um bom alvo em quem fazer bullying. – completo, em tom de brincadeira.

- É exatamente essa a principal função de um irmão mais novo! – André apresenta o seu ponto e eu volto a rir-me. Já me doem as bochechas de tanto sorrir e rir – Lembrei-me agora que tenho uma coisa para te dar.

- O Natal já passou e tu já me deste uma prenda. – relembro-o, com o meu melhor ar reprovador. Odeio que ele gaste dinheiro comigo, à toa.

- Eu dou-te uma prenda sempre que me apetecer. Além disso, quando vi isto achei que era a tua cara e tive mesmo de comprar. Não é nada demais, não te preocupes. – o moreno responde – Espera aí, vou só ao quarto buscar.

Eu confesso que fico curiosa com a sua deixa. Adoro que ele saiba tanto sobre mim ao ponto de ver algo numa montra e saber que é algo que eu vou gostar. Significa que ele está atento aos pormenores, que ele conhece os meus gostos.

Segundas Oportunidades | André Silva ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora