Capítulo 27 - Além de BrocklinHill

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       —Já tinha ouvido falar sobre BrocklinHill, mas nunca acreditei que fosse verdade. – Diz o garoto enquanto em meio a nossa roda.

       —Vá direto ao ponto Samuel. – Moco diz o apressando. O garoto com o nome revelado então arruma seus óculos mais uma vez e concorda.

       —O que sabem sobre o Além de BrocklinHill? – Pergunta para nós que encostados em arvores prestávamos atenção a cada palavra dita. Nunca me interessei em saber o que realmente tinha fora de BrocklinHill. Mas quando pequena, perguntei aos meus pais, eles disseram que fora do nosso pais existiam outros que não seguiram a ordem da Distopia e vivem em guerra de ruas uns com os outros, passam fome e não acharam outra solução para que pudessem viver em paz.

       —Pessoas que Negaram a Ordem Da Distopia. – Kla diz.- Lutam por alimentos e casas para se abrigarem.

       —Isso não é cem por cento verdade. Eu não sou de BrocklinHill, assim como os outros que estão aqui. – Ele diz nos fazendo franzir a testa. – Venho de um lugar chamado Kalahari, um lugar próximo ao deserto mas que não impediu que fosse criado um Pais. Não vivemos em uma Distopia, também não vivemos em completa paz, mas lá é o mais próximo disso. – Fala pensativo.

       —Por que esta aqui? – Pergunto me inclinado.

       —O Governo de Kalahari por mais incrível que parece, trabalha com BrocklinHill. Eu... – Começa a dizer demostrando o quanto estava incomodado com a pergunta. – No meu Pais, crimes são pagos com a vida, se sobrevivermos ao desafio nosso crime será anulado. – Ele então abaixa o olhar.

       —O que fez para estar aqui? – Kla pergunta.

       —Não foi ele. – Moco responde antes. – Foi o pai dele.

       —E por que é ele que esta aqui? – Kla pergunta.

       —Podemos dizer que não tenho uma boa relação com meu pai. – Ele fala fazendo uma careta. – Seu crime foi roubar remédio para o próprio beneficio, se é que vocês me entendem. – Viciado, penso comigo mesma. – Ele preferiu perder o filho ao invés de assumir o próprio erro. Mas tudo bem, isso é muito comum em Kalahari, os outros também estão aqui injustamente. Somo vistos como uma oportunidade de perdão para os nossos pais, se vencermos seus erros serão anulados e teremos a opção de sair do Pais se preferirmos, se perder, a família morre.

       —Por que eles mesmos não veem para o desafio? – Pergunto, aquilo era um pouco confuso.

      —Nós jovens ainda não temos idade o suficiente para trabalhar para o governo, se todos os que trabalhassem para eles morressem, não seria nada bom acredite. – Comenta. – Se fizermos algo errado ou não, se temos a idade necessária ou não, viemos para cá de qualquer forma, sem escapatória. Primeiro a vida dos adultos, a nossa vida é apenas  uma garantia tosca de punição.

   Aperto os lábios pensativa. Eles já cresciam sabendo que teriam que morrer em uma Arena, sendo por seus erros, ou os erros de seus próprios pais.

       —Despovoamento. – Penso em voz alta.

       —Sim. – Diz concordando com a cabeça e um olhar triste.

       —Sinto muito.

       —Tudo bem. – Diz enrugando o Nariz. – Já estou conformado com isso a muito tempo.

       —Podemos te ajudar a sair daqui. – Falo e me levanto indicando aos outros que já tínhamos perdido tempo de mais. – Se nos ajudar. – Acrescento. Ele concorda com a cabeça e também se levanta, seguido por Moco e Kla.

   Rafael resmungando algo se levanta, logo começamos a segui-lo, era a ultima da fila, Moco e Samuel conversavam pensativos e animados enquanto examinavam o drone que tinham em mãos, o garoto parecia ser bom nisso, em transformar coisas, e sabia que estando do nosso lado ele iria nos dar vantagem, fiquei comovida sim com a historia que contou, me senti mal pelos outros de seu País, apesar de ser tão parecida com o meu País, mais isso não mudava o fato de que ele não era um dos nossos, vi ele apenas como uma pessa para chegar ao objetivo final.

   Com o olhar baixo noto quando uma sombra grande começa a esconder o contorno das arvores, com os olhos semicerrados levanto o olhar, uma mancha escura crescente chama a atenção de todos nós, se estende e contorna todo a bolha em que estávamos presos, da cor azul escuro que em segundos se tornou preto com pontinhos brancos.

       —Parece que resolveram anoitecer finalmente. – Kla diz, abaixo meu olhar e tento acostumar meus olhos ao breu repentino.

       —Péssima hora. – Resmunga Steffie. 

   Dou alguns passos ficando ao lado de Kla enquanto Moco e Samuel usaram o drone para avistar casas ou algo de tipo.

       —Tem uma casa aqui perto. – Moco diz passando por nós enquanto olhava em uma câmera e controlava o drone.

   A seguimos em passos conjuntos esperando por mais instruções.

       —Ocupada. – Fala parando o passo.

       —Quantos? – Pergunto ficando ao seu lado.

       —Três. Estão deitados, sem sinais de ferimentos. Estão dormindo.

       —Algum dos nossos? – Pergunto esperançosa.

       —Não. – Fala me fazendo suspirar.

   Sem hesitar sigo em frente até a silhueta da casa com a tonalidade parecida com vermelho.

       —O que vai fazer? – Samuel pergunta.

       —O que viemos fazer aqui. – Falo ríspida.

   Rafael e Shani me seguem sem hesitar. A casa tinha dois andares, as janelas estavam fechadas com um tipo de madeira branca o que foi totalmente inútil tendo uma porta aberta.

    Diminuo o ritmo quando chegamos a borda da porta, Rafael indo na frente entra e eu e Shani o seguimos. Dois deles dormiam com a cabeça apoiada em suas mochilas, Rafael e Shani atiram, no mesmo instante atiro naquele que dormia sentado, meu palpite, esse era o que tinha que estar de guarda, seu erro foi dormir no momento errado, o que causou que dormisse para sempre.

       —Esperem. Em cima. – Moco diz entrando na casa. – Tem outro, não consigo ver o rosto.

   Assim que termina de falar, sem hesitar tendo uma pontada de esperança no peito, passo por Rafael sendo a primeira a subir a escada de madeira, com a arma erguida chego ao topo, em baixo de uma janela tinha um corpo encolhido, me aproximo lentamente enquanto destravava a arma, com o pé viro o corpo que ao mesmo tempo se assusta.

      —Uou! – Exclama erguendo as mãos.

      —Alvaro – Falo reconhecendo aquele cabelo alaranjado.

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