O amor pode superar qualquer barreira, qualquer distância e qualquer fatalidade.
Você acredita nisso?
Rússia acreditava. Mas a vida é uma mulher cruel, e estava disposta a testar seus ideais quantas vezes fossem necessárias.
"Muito bem, seis horas, hora de ir embora!"
A voz do chefe de setor soava aliviada, e ele bateu pequenas palmas para chamar a atenção de todos antes de se virar para o balcão e começar a recolher as pranchetas e fichas de pacientes. Aos poucos, os novos profissionais chegavam e a troca de turno ocorria como de costume.
No corredor, um suspiro de puro alívio foi ouvido, Rússia retirou rapidamente as luvas e as jogou fora, lavando as mãos e seguindo para a sala de descanso, onde se trocou e guardou seus objetos pessoais.
Ao redor dele, seus colegas de trabalho também se arrumaram precariamente, era um hospital público, então não podiam esperar grande coisa, mas o ar condicionado já havia quebrado há duas semanas, e até agora não viam sinais de que seria trocado, o que justificava as reclamações que eram soltas em meio às conversas. Trabalharam por 12 horas em pé, correndo para salvar vidas, e sua única retribuição agora eram as dores em seus músculos e as gotas de suor colando em suas roupas. Ele nem precisava citar o salário que mal dava para pagar as contas.
Por que mesmo não havia escolhido medicina? Ou direito?
"Rússia!", uma mão balançava na frente de seu rosto, e ele piscou algumas vezes antes de se virar na direção da voz, encontrando o sorriso brilhante da filipina "Está mais distraído do que nunca, algo aconteceu?"
O mais alto passou a mão de forma desleixada pelo cabelo, bagunçando os fios claros.
"Aposto que ainda está pensando naquele paciente.", A voz ao fundo chamou a atenção de ambos "De cinco em cinco minutos ele o chamava, já devem estar planejando o casamento quando ele tiver alta."
Algumas risadas foram ouvidas, e aos poucos o assunto voltou a acontecer sem maiores interrupções enquanto terminavam de se arrumar e saíam da sala.
"Eles podem ser bem idiotas quando querem.", A mulher comentou assim que atravessaram a porta de vidro e alcançaram o estacionamento do hospital, sustentava uma expressão desgostosa ao se lembrar das piadinhas lançadas ao amigo, embora soubesse que nenhuma delas era de fato maldosa.
"Eu os acho idiotas o tempo todo, Philip."
"Eu sei, você diz isso de todo mundo." Ela riu, ajeitando a franja atrás da orelha e pegando a chave de sua moto do bolso, o russo se aproximou, afagando os cabelos longos dela como fazia desde que se conheceram e recebendo um sorriso brilhante em resposta, se virando e seguindo até o próprio carro.
Apesar do frio e do vento cortante, ambos seguiam em passos lentos e preguiçosos, não havia tanta pressa em chegar em casa.
Os dois sabiam que ninguém os aguardava.
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Feridas & Flores
FanfictionEntre feridas e flores, eu te amei. ♤♡ Rússia, um enfermeiro do hospital geral da cidade, voltando da rotina agitada do trabalho, acaba encontrando seu vizinho muito ferido no corredor. Ele decide cuidar do jovem, que se apresentou como Polônia, d...