Flowers for a Villain

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  Com uma dúzia de flores amarelas na mão, Adrien caminhava cabisbaixo por entre as lápides do cemitério de Paris. Uma chuva fraca caia das nuvens cinzentas do céu direto em seus ombros e cabelos, bagunçando seu penteado, mas ele não se importava. E nem tinha motivos para isso. Não mais. As aulas haviam sido canceladas, e as sessões de fotos também. Sua agenda havia se tornado uma folha em branco. Num dia normal, o loiro se aproveitaria da situação para sair escondido com os amigos, ou pular pelos telhados como Chat Noir. Mas aquele não era um dia normal.

  Na verdade, as últimas semanas não foram nem um pouco normal. Depois de derrotar Hawk Moth e descobrir a identidade de sua parceira e grande amor, o garoto imaginava que sua vida seria mais do que perfeita. Sem super vilões e com o amor de sua vida, tem como ser melhor?! Mas ele não estava esperando para o que a batalha trouxe.

  - Pai!? - o loiro lembra como o mundo girava ao seu redor, quando Hawk Moth retirou sua máscara. Nem em um milhão de anos ele conseguiria imaginar que seu pai era responsável por toda a confusão que acontecia em Paris. Tudo bem, seu pai era severo e duro na maior parte do tempo. Mas... vilão?! Não, ele não era tão mal assim.

  - Adrien, você precisa me ajudar! - Gabriel parecia totalmente desesperado, o semblante sério e a rigidez que sempre carregava quando falava com o filho desaparecendo pelos ares. O kwami roxo que flutuava ao seu lado parecia extremamente deslocado ao seu lado, olhando fixamente para Ladybug, mas o desespero no rosto do Sr. Agreste não era dirigido a nenhum deles, mas só ao próprio filho. Ver o homem que achava que conhecia desse jeito só fez o garoto afundar mais no transe de confusão que o envolvia. - Esse é o único jeito!

  As palavras não faziam sentido para os ouvidos do garoto, e muito menos para sua cabeça. Ele só percebeu que suas pernas fraquejavam quando Ladybug agarrou seu braço para que não caísse. Ela, por sua vez, encarava o vilão com um olhar frio.

  - Gabriel Agreste, você enganou e atacou Paris por tempo suficiente! - a heroína tentava assumir uma postura séria e responsável, mas o garoto não saia do transe. Ele simplesmente não conseguia. - Entregue seu Miraculous e poderemos resolver isso de forma justa e honesta. - Ladybug até tentou se aproximar, mas fumaça preencheu o local e, em questão de segundos, ele, simplesmente, sumiu.

  Ao caminhar por entre os túmulos do cemitério, Adrien deixava sua cabeça divagar pelas lembranças dos dias que se seguiram após o desaparecimento de Gabriel. A solidão e silêncio do lugar era quase igual ao silêncio que ocupou a casa depois que seu pai fora acusado como criminoso e procurado por todo o globo. Sua rotina se tornou tão vazia quanto a casa, e o garoto não conseguia fazer mais nada - e nem Nathalie, nem Plagg, conseguiam convencê-lo nem a comer - tudo o que fazia era caminhar pelos cômodos, com sua mente repleta de perguntas, e o desespero pela resposta era excruciante.

  Por quê? O que levou Gabriel Agreste, seu pai, a fazer algo tão... maligno? Controlar pessoas inocentes e quase destruir Paris por anos, só para pegar um simples par de joias mágicas? E o que ele queria com os Miraculous? Seu pai era rico! Tinha tudo o que quisesse num estalar de dedos. Poder e dinheiro não eram algo de que ele fosse precisar. Então... pra que ele usaria o desejo? As dúvidas pareciam alimentar um ódio enorme em seu peito, mas não traziam nenhuma resposta. Não até ele aparecer.

  Adrien tinha acabado de descobrir as passagens secretas espalhadas pela casa, as mesmas passagens que seu pai tinha utilizado para executar seus planos malignos. Ele caminhava por alguns corredores e passagens, procurando pelas respostas que tanto ansiava, até se encontrar com ele. O Agreste sênior estava de costas, ao longe, cuidando do que parecia ser um jardim. O homem parecia pacífico e calmo, não assumindo nem um pouco do tom maligno que o garoto esperava, no que deveria ser o ponto principal daquele esconderijo subterrâneo, pois um elevador conduzia qualquer andar até lá embaixo e ia direto para o teto. A iluminação também se centrava toda ali, e o pequeno jardim que o pai do garoto trabalhava estava, na verdade, apenas adornando o ponto principal: uma enorme cúpula. O loiro, porém, não conseguia ver o que, ou quem, se encontrava ali dentro. Estava longe demais.

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