04; Date

220 24 21
                                    

Any Gabrielly


Quando eu saí do meu apartamento e dirigi até o endereço onde, aparentemente, o garoto de olhos verdes estava, eu estava bastante nervosa. Afinal, eu iria segui-lo e depois fazer o que? Eu falaria com ele? Eu apenas o observaria? Eu o mataria de uma vez? 

Essa última possibilidade descartei na hora quando senti meu estômago embrulhar só de pensar em fazer tal coisa. Porque, tudo bem que ele era só mais um garoto mimado pelos pais, mas ainda assim ele não merecia morrer. E isso estava me incomodando. Eu não queria matá-lo, mas eu teria que fazer caso quisesse poupar a vida da minha família. Mas não precisava ser exatamente agora, certo?

Por isso tentei controlar minha ansiedade quando saí do meu carro, ajeitei meu boné e entrei dentro do mercadinho. Vi que o local estava vazio e, dando uma olhada rápida para o teto, percebi que não tinha câmeras. Então tirei meu boné e peguei meu celular no bolso, abrindo o aplicativo com o pontinho verde que indicava a localização exata do garoto. Fui seguindo os comandos ao mesmo tempo que procurava Noah por entre os corredores. 

Até que finalmente o achei. 

Ele estava de costas para mim, mas percebi que seus ombros estavam tensos. Tentei ver o que ele estava pegando da prateleira, mas não consegui enxergar. Me movimentei um pouquinho para me aproximar um pouco mais e pisando forte demais, fazendo um barulho e chamando a atenção do garoto que logo escondeu seja-lá-o-que-for que ele estava segurando. 

Me escondi atrás da prateleira que estava do meu lado e fiquei em silêncio, escutando um suspiro e logo depois passos, indicando que ele estava saindo dali. Me arrastei mais para o lado para me esconder mais e o vi indo em direção ao caixa. Ainda escondida, observei ele pagar pelo que tinha vindo comprar e depois voltar a andar na minha direção. Corri para me esconder do outro lado do corredor e vi ele entrando dentro do banheiro masculino. 

Não pensei duas vezes antes de caminhar tranquilamente até lá. Afinal, o que tem de mal num banheiro para homens? 

Fedor.

Sim, nossa, nunca entrei em um banheiro tão fedido. Mas será possível que os homens não servem nem para se limpar direito?

Abri a porta e fui andando pelo corredorzinho, mas parei quando, finalmente, eu podia visualizar o banheiro por completo. O lugar era pior que o cheiro, se é que isso era possível. 

Mas ignorei isso e, me esgueirando bem de leve pela beirada da parede, observei Noah caminhar até um dos vasos sanitários e se sentar. Guardou a sacola em cima do seu colo, tirou seu moletom, dobrou e guardou atrás de si. E, quando eu pude finalmente ver o que ele tinha comprado, arregalei os olhos. Senti um aperto estranho no coração quando vi toda a cena se desenrolar. Ele parecia estar travando uma batalha mental enquanto chorava cada vez mais e se machucava. 

E eu não hesitei em fazer o que achei que era certo.

Até então eu imaginava que o filho do presidente era só um garoto mimado, de vida boa e que vivia sorrindo por aí. Mas aqui, agora, vendo esses olhos verdes brilhando por causa das lágrimas e me encarando profundamente enquanto deposita sua confiança em mim, eu já não tenho mais tanta certeza. Certo, ele ainda era só mais um garoto mimado e que tinha tudo o que queria de mão beijada, mas algo de errado não está certo nessa história. O que será que, de fato, acontece por trás de todas as câmeras?

Criminal Love [noany] HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora