15 | T o d o s T e m o s S o m b r a s

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Eu ainda estava paralisada ao ver que eu realmente tinha dito para alguém. Depois de tanto tempo... Tantos anos escondendo essa parte minha e... Adrien sabia. Ele sabia de quem eu estive fugindo durante esses cinco anos. E eu sabia que não conseguiria ficar mais naquele sobrado confortável do qual eu tanto gostaria de chamar de casa. Não conseguiria ficar no mesmo ambiente que Adrien. Algo me dizia que, se ele continuasse perguntando, eu diria tudo o que me aconteceu. E isso não podia acontecer.

     Saí dali o mais rápido que pude e fui descendo as escadas, correndo. Um trovão estourou no céu acima de nós, fazendo o mundo tremer. Ouvi Adrien chamar por meu nome atrás de mim, tendo consciência de que ele me seguia. Mesmo assim, não parei. Eu não podia ficar perto dele. Não agora. Não quando todas as lembranças voltavam com força na minha mente.

     Lágrimas, ferimentos, grunhidos, gritos.

     Cicatrizes profundas demais para que pudessem esmaecer com o tempo.

     Assim que pisei para fora do sobrado, a chuva e o vento me receberam com sua gloriosa força. Doeu quando aquela correnteza de ar gélido bateu contra meu rosto e aquelas gotas em alta velocidade caíram do céu, encharcando-me. Já não conseguia mais diferenciar minhas lágrimas das gostas da chuva. E mesmo quando ouvi Adrien gritar algo, sua voz era bloqueada pelo barulho incessante dos trovões que retumbavam no céu escuro da madrugada.

     Eu tinha que continuar.

     Eu não podia falar o que tinha acontecido!

     Mas eu não consegui ir além do jardim. Senti uma mão no meu ombro e fui puxada para trás. Meu cabelo girou, pesado com a água, e permaneceu agarrado em minha boca e em meu peito, mas não me importei. Adrien estava a minha frente, seus olhos chocolate fechados em pequenas fendas por conta da chuva. Ele estava inteiramente molhado, mas não parecia se importar. E o fato de ele ainda estar ali, por mim, fez com que eu soltasse algumas lágrimas. Adrien estendeu a mão e pousou-a na minha bochecha carinhosamente.

     — Alex...

     — Não dá! Não dá mais! — falei desesperada — Viu o que ele fez, Adrien? Você tem noção?! Foi minha culpa, de novo! Ele a matou por minha culpa. Se eu não tivesse entrado na vida da Lílian, você ainda estaria feliz junto com ela. Junto com a mulher que você ama. Eu a tirei de você. O mínimo que deve fazer, é deixar que eu vá.

     Virei-me novamente, mas ele me segurou firmemente. Meus olhos estavam encharcados de lágrimas e água da chuva quando se voltaram para os dele. Azul contra castanho. Desespero contra desespero, mas por motivos completamente diferentes.

     — O que aconteceu foi um assassinato, não foi sua culpa. Você não a matou.

     — Eu...

     — Você não tem culpa nenhuma, porra! Por isso mesmo que está fugindo há tanto tempo, Alex. Sua vida é tão fodida quanto a minha. Se não mais!

ℂorações de DiamantesOnde histórias criam vida. Descubra agora