"Soque meu rosto
Faça isso porque eu gosto da dor
Toda vez que você amaldiçoa meu nome
Eu sei que você quer a satisfação
Isso não vai acontecer
Me nocauteie
Me chute quando eu estiver no chão
Isso só vai te decepcionar
Venha o raio e o trovão
Você é o único que sofre"
Alec Benjamin, The Boy in the BubbleSan estava no meio da aula de matemática, mas estava perdido em seus pensamentos e em seus fios, sua mão sobre a mesa e entre ele e Wooyoung um fio vermelho que os conectava, San se considerava um cara até que legal, mas por que diabos o destino o uniu com Wooyoung? Desde sempre o mais novo falava coisas ruins ao Choi, e isso abalou a confiança do mesmo, não tinha tantos amigos, apenas um, Hongjoong, ele não se misturou com os estúpidos que acompanhavam Wooyoung.
—Perdido em seus pensamentos de novo? - uma voz doce e gentil ecoou em sua cabeça, ao olhar para o lado seu querido amigo o esperava, encarando-o, aguardando uma resposta ou sinal de que San ainda estava em seu corpo.
—Ah, oi, Joongie, eu nem ouvi o sinal tocar... Bem, alguma novidade?
—Temos um trabalho e vamos fazer ele juntos! Acho que você não estava prestado muita atenção nisso... A professora disse que podemos fazer em duplas ou individuais, acredito que você queira fazer comigo, né?
—Sim, com certeza. Podemos ir andando até o pátio? Acho que estou um pouco tonto... Não comi nada antes de vir para cá.
-De novo? Okay, vamos indo.
O garoto baixo cruzou seus braços com o de San e ambos seguiram em direção ao pátio. O belo campo verde invadiu suas visões, o tempo limpo e ensolarado fazia parecer que aquele lugar escondia um portal para outro mundo, mas era apenas aonde os alunos ficavam para falarem dos demais ou jogar algum esporte, como futebol.
—Vamos, sente-se e coma. Continuando com a história do trabalho... Hoje você está livre? Pensei que a gente podia ir à biblioteca e depois passar no restaurante que tem lá perto, que tal?
—Acho uma boa ideia, vai ser divertido sair um pouco da rotina.
Hongjoong abriu a boca para falar algo, mas a fechou quando viu alguém vindo na direção deles, olhou sobre o ombro de San e viu uma bola rolar para perto deles, a silhueta que acompanhava a bola estava contra a luz do sol, mas quando a silhueta se aproximou mais a visão de Hongjoong ficou clara.
Era ninguém mais ninguém menos que Jung Wooyoung.
—Cara, você está bem? Você está um pouco pálido, viu algum fantasma? - San se virou e deu de cara com uma bola e um fio vermelho que ia em direção ao céu, ao acompanhar o fio encontrou Wooyoung, o fio pairando entre eles, o silêncio total. A cabeleira negra de Wooyoung encantava San, mas ele nunca admitiria isso, então apenas se calou esperando mais algum insulto.
Wooyoung encarou San, chamas surgiram em seus olhos e um sorriso malicioso apareceu em seus lábios.
—Estranhos sempre se dão bem com estranhos. – E saiu chutando a bola de volta para o campo.
—Okay, pensei que ele diria algo pior, se comparado com tudo que ele já disse...
—Você sabe que ser estranho não significa necessariamente ser alguém ruim, certo? Somos estranhos, e nos damos bem, San, porque compartilhamos da mesma estranheza.
—Às vezes você é realmente estranho. – San disse soltando uma gargalhada e pegando seu sanduíche....
Na biblioteca, Hongjoong foi atrás de alguns livros sobre matemática, San não sabia ao certo como era para ser feito o trabalho, então deixou essa parte para seu amigo mais velho e mais responsável que ele. San se sentou em uma das mesas vazias, havia poucas pessoas em sua volta, e, pela primeira vez, San reparou em algo: ali havia uma única pessoa sem o fio, não entendeu o porquê, olhou para a mão direita do jovem, depois para a esquerda, e nada.
—Está tudo bem com você? Precisa de ajuda?
—O-o que...? Não, não... Desculpa...
San estava sem graça, abaixou a cabeça, mas conseguiu ver no crachá do jovem um nome: Lee Junyoung. Ele deve ser bem sozinho, pensou San.
Hongjoong estava de volta com algumas pilhas de livros, San tinha uma ideia de quem poderia ser a alma gêmea de seu amigo, mas simplesmente ignorava isso e evitava ao máximo encarar o fio dele.
—E ai? Preparado?
—Não, mas nunca estou preparado para esse tipo de coisa.
E assim eles passaram as próximas duas horas....
Após as duas horas mais longas da vida de San, eles saíram da biblioteca e seguiram em direção ao restaurante, ambos estavam famintos e só pensavam em comer frango frito.
—Você acha que até semana que vem a gente já vai ter terminado o trabalho?
—Acho que até antes... Você tem algo para semana que vem?
—Não, estava pensando em descansar um pouco, é tanta coisa que a escola impõe e... - San parou de falar após pensar por alguns segundos sobre o que estava prestes a dizer.
—E...?
—Problemas de casa... Enfim, chegamos.
Entraram juntos no restaurante, escolheram suas mesas, fizeram seus pedidos e degustaram do melhor frango frito de Seul....
—Não é atoa que é o melhor frango frito de Seul. – comentou San
—Sim! Aqui é meu restaurante favorito da vida.
—Aonde vamos agora?
—Você pode passar em casa se quiser, podemos jogar um pouco ou ver um drama.
—Jogar... Ver drama... E não vamos estudar?
—Não, estudamos o suficiente na biblioteca... Por sinal, reparei algo estranho na biblioteca, aquele cara estava te encarando?
—Ah... Bem, sim, eu encarei ele antes, acho que ele me achou um pouco estranho e ficou com medo.
—Medo de você? Você não põe medo nem em uma mosca, Choi San.
—E você põe?
—Não...
Antes que pudesse continuar a sua frase, Hongjoong viu San sendo empurrado pelo ombro, Wooyoung e seu grupo surgiram do final do beco onde era o restaurante.
—Vocês por aqui? Que tipo de perseguição é essa? Isso é algum tipo de obsessão?
—Não sei o que vieram fazer nesses cantos nobres de Seul, vocês sujam a paisagem rica. – disse o mais alto deles, o garoto de cabelos azuis como o oceano, Jung Yunho.
San permanecia quieto.
—Você vai ficar quieto, San? – Hongjoong virou-se para o amigo, atônito.
Silêncio.
—Eu sempre soube que ele era um covarde. – disse Wooyoung
Hongjoong foi para cima dele, mas os cães de guarda de Wooyoung entraram em sua frente: Kang Yeosang e Park Seonghwa.
—Você pretende fazer o que? Morder minhas canelas ou dar uma cabeçada na minha barriga? – como mais cedo, um sorriso malicioso surgiu nos lábios de Wooyoung ao olhar para Hongjoong, que o encarou o máximo que pôde, furioso, até o Jung desviar o olhar para encarar San.
—Você está chorando? Vai deixar que os valentões ameacem seu parceiro? Não vai defender seu único amigo? – Seonghwa e Yeosang se aproximaram do Kim.
—Cala a sua boca. – San disse, num murmúrio inaudível.
—Repita. – sua voz era autoritária, aproximou seu ouvido do rosto de San.
—Eu disse para você calar a sua boca. – a cada palavra saída de sua boca sua voz aumentava.
—Achei que iria ficar quieto para sempre, sabe, você nunca disse nada, nunca revidou. – aproximou seu rosto do de Choi — você se sente intimidado por acaso?
—Saí de perto dele.
—Por que eu deveria fazer isso? – Jung falava como se todo seu grupinho fosse um, e esse "um" era ele.
—Porque você me esgotou a paciência.
—Você não faz ideia de como esperei para ouvir essas palavras vindo de sua boca. – ele se aproximou mais de San, conseguia sentir seu cheiro e o ar quente de suas narinas. Como um cara mal poderia ter um cheiro tão doce?
San empurrou Wooyoung com tanta força que o garoto de cabelos laranjas teve que segurar ele.
—Você perdeu a noção?
—Eu estou cansado de você, eu não suporto mais você, eu nunca quis isso, se eu pudesse eu sumiria com você do mundo.
—Não seria mais fácil você sumir do mundo do que eu sumir? Muitas pessoas me...
—Não, as pessoas não te amam, exatamente por isso que você poderia sumir, o Joong me ama e essa é a única razão para eu não sumir desse mundo para você finalmente me deixar em paz. Você acha que as pessoas te amam mas você não passa de uma pessoa superficial, Jung Wooyoung.
—É-é claro que as pessoas me amam! Olha meus amigos!
—Amigos, sério? – San se aproximou, Wooyoung recuou — Você acha que eles estão com você por amarem você? Okay, eu conto para você, eles andam com você para terem garotas ao redor deles, para estarem na boca de todos da escola, eles seguem você, você brinca de Deus controlando as pessoas desse jeito. Você acha que isso é amor? Aposto que você nunca experimentou o que é o amor de verdade e se depender de... – as lágrimas escorriam sem parar pelas bochechas de San, estava com o dedo apontado para Wooyoung e indo em direção a ele cada vez mais, até que ele não teve mais para onde ir — mim você nunca, nunca, irá sentir, se um dia alguém falar que te ama vai ser por puro interesse, eu te garanto isso.
Wooyoung estava encostado na parede, conseguia sentir o cheiro e a respiração ofegante de San, como alguém tão doce poderia ter um cheiro tão intimidador?
San secou as lágrimas de seus olhos, se enfiou no meio de Yeosang e Seonghwa e puxou Hongjoong para longe daquela baderna toda.
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um entrelace incorreto || woosan
Acak"Um fio invisível conecta os que estão destinados a conhecer-se... Independente do tempo, lugar ou circunstância... O fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir." Choi San desde sempre foi forçado a acreditar nessa maldita lenda pois via...