Bryan

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Observo o garoto com cabelo de menta sair da casa e espero até que o seu carro suma de vista.

Hyorin havia me avisado que ele iria trabalhar e a garota estaria doente e sozinha o dia todo.

Saio do carro e vou até a porta da casa tentando abri-la.

Trancada.

As coisas não seriam tão fáceis, mas também não seria nada difícil entrar.

Dei a volta na casa procurando por alguma janela aberta e assim que encontrei, espiei para dentro.

Sobre a cama, a jovem garota dormia calmamente. Sorri.

Olhei os arredores para me certificar de que não havia ninguém por perto e pulei para dentro.

O baque surdo provocado pelos meus pés no chão fez com que eu analisasse a garota, torcendo para que ela não acordasse. Ela apenas se mexeu, virando de costas para mim.

Procurei nos bolsos o frasco do sonífero, pegando-o e despejando seu conteúdo no lenço branco que antes o envolvia.

A passos lentos cheguei perto o suficiente da cama para poder colocar o lenço molhado no rosto da garota. Cobri sua boca e nariz para me certificar de que ela inalaria o suficiente do líquido.

Voltei a guardar o tecido nos bolsos e bati a mão de leve no rosto da garota. Ela estava realmente apagada.

Sai do quarto e andei pelos cômodos até chegar à porta, verificando se havia alguma chave.

— Merda.

Teria que pular a janela novamente.

Retornei ao quarto e peguei a garota nos braços. Foi um sufoco pular a janela tendo que segurar o corpo todo mole e sem controle, mas por fim consegui.

Levei-a até o carro, colocando-a deitada no banco de trás e indo para a direção.

— Feito. - mandei a mensagem de voz a meu chefe.

No mesmo instante ele me envia a resposta.

Um recibo de transferência. 5 mil para minha conta.

・*:.。. .。.:*・゜゚・*☆

— Coloque ela no quarto principal. O chefe disse que vai vir mais cedo.

Com a garota ainda desacordada eu assinto para Kyum e subo as escadas.

Quando alguma das meninas fugia e tinha de ser capturada sempre havia um protocolo a ser seguido.

As fugitivas devem ser levadas ao quarto principal.

Devem ser despidas e amarradas à cama.

E esperar por Jung Daejun amordaçadas.

Eu não gostava desse trabalho. Eu o odiava na verdade. Mas esse era o preço que eu pagava por ser um idiota.

Faço todos os procedimentos e quando termino de colocar a mordaça a garota abre os olhos.

Porra. Odiava quando elas acordavam antes que eu pudesse ir embora.

— Me desculpe. Estou apenas seguindo ordens. Se não for você, será minha filha... Não posso deixar.

Digo terminando de dar o nó e saio sem encarar a garota. Eu sabia que estava sendo parte de um pesadelo horrível na vida dessas meninas. Eu sou o carrasco incumbido de preparar o campo de abate.

Mas ou era isso, ou quem estaria nesse lugar seria minha própria filha. E eu não poderia me dar ao luxo de pensar que elas também eram filhas de alguém, também haviam sido as princesinhas de pais dedicados e amorosos.

Mas eu sempre pensava. E era um inferno.

— Cadê Jung Daejun?!

Ouço gritos pelo corredor. Provavelmente algum cliente rico nojento.

Faço o caminho de volta ao saguão.

— O Senhor Jung chegará em pouco tempo senhor. O que deseja?

— O que acha que quero sua puta?!

Esse mundo me dá nojo, asco... Eu estava no meio da pior imundície de todo o mundo.

Quem o senhor deseja? - pergunto atraindo a atenção do homem.

Noto a recepcionista um pouco mais aliviada com minha aproximação. Ou pelo menos queria acreditar nisso.

Fazia eu me sentir menos cretino. Um filho da puta, mas com um pouco de sentimentos preservados.

— Jung deveria estar aqui pra que eu escolha e faça o pagamento.

Era um homem um pouco baixo, suas feições delicadas contrastando com o preto de suas roupas.

— Não está muito cedo pra isso?

O olhar do homem sobre mim indicava que com toda certeza eu não deveria ter aberto a boca.

— Aluguel para o fim de semana.

O meu estômago revira com a informação e não consigo disfarçar uma careta de desgosto.

O homem arqueia a sobrancelha, talvez estranhando minha reação.

— Bom dia senhor Jung. - a recepcionista fala e nos viramos para a mesma direção que ela olhava.

Jung Daejun entrava carrancudo pela porta.

— Já está aqui? Bem, quanto antes resolvermos isso melhor. Já sabe o que deseja? Temos...

O telefone do homem toca e ele faz um gesto para que o chefe fique em silêncio.

— Sim?

Não conseguimos ouvir nada do outro lado antes que o homem comece a se afastar e dar total atenção a quem quer que fosse.

— Cadê ela? — meu chefe pergunta assim que o outro se afasta o suficiente.

— Quarto principal, exatamente como manda o protocolo.

Jung resmunga em uma espécie de concordância.

— Depois que esse cliente sair, vou para lá e não quero ser perturbado em NENHUMA hipótese, entenderam?

A mulher assente desviando os olhos. O medo era palpável neles.

Jung Daejun é um desgraçado.

E eu também.

— Daehyun? Finalmente! Vamos logo com isso, não tenho o dia todo! - o cliente retorna.

— É Daejun.

— É, tá, tanto faz. Não tenho muito tempo.

— Vamos. E venha você também Bryan. - o chefe me chama.

Só gostaria de correr para o mais longe possível desse lugar. Odiava ter que acompanhar na escolha dessas meninas.

Subimos as escadas e Jung apresenta quarto por quarto. Cada um com uma das meninas que seguravam o choro ao ver Jung.

Ele não gostava de ver as garotas chorando e acabava ficando bem agressivo.

Era horrível vê-las chorando ou até gritando de dor. E mesmo assim eu continuava nesse maldito trabalho.

— Não tem mais nenhuma? - o homem parecia entediado.

— Hnm...

Meu chefe parecia pensar um pouco na resposta. Ainda havia a garota de hoje para ele mostrar.

— Tem mais uma, mas ela está completamente bêbada e fora de si. — mentiu — Você não vai querer...

— Vou sim. Deixe-me vê-la.

My Unexpected Host - Min YoongiOnde histórias criam vida. Descubra agora