Shameless

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Pov Lauren

Eu estou em meu melhor vestido preto, salto alto e meus cabelos estão soltos. Estou totalmente deslumbrante para a premiação. Ah, não te contei? Eu sou a empreendedora mais jovem e mais bem sucedida da história. Essa premiação vai fazer meus negócios decolarem como nunca, finalmente provarei meu valor.

-É um grande prazer chamar ao palco para receber esse prêmio, Lauren Jauregui. -O simpático apresentador diz. Todos aplaudem, eu me levanto e caminho até ele, que me dá a mão pra que eu suba no palco. Pego o pequeno troféu de ouro em formato de prédio e me aproximo do microfone, todos estão me olhando ansiosos pelo que vou dizer.

-Quando eu era pequena... Meu pai sempre me dizia que eu não precisaria fazer grande esforço na minha vida, que eu tinha sorte por ter pais ricos e que teria uma vida de privilégios. Sabe, ele não mentiu. -Eu digo, as pessoas riem.- É óbvio que as oportunidades que tive foram exclusivas, justamente por ter nascido em berço de ouro. Mas eu sempre quis mais. Nunca me contentei com aceitar o dinheiro dele, fazer a faculdade que ele pagou e viver a vida que ele queria. Eu quis viver a minha própria vida, fazer as minhas próprias escolhas. Quando conversei com meu pai sobre o negócio das casas populares, ele riu da minha cara. Disse que eu tinha oportunidade de fazer coisa melhor, e ao invés disso, estava desperdiçando tempo e dinheiro em algo que não daria retorno. Mas eu não dei a mínima. Porque eu queria fazer casas acessíveis e de boa qualidade àqueles que não tem condições. Eu levei saneamento básico em vários bairros precários, ajudei ongs de crianças carentes e doentes, tudo graças à... "Esse negócio fracassado sem futuro".-Eu disse, novamente, alguns riram. -Hoje eu não estou aqui só como a mulher mais jovem à conseguir esse feito, mas também como a primeira homossexual à conseguir isso. Meu pai? A última vez que conversei com ele, foi quando contei sobre minha sexualidade. Desde então ele finge que não tem mais filha.
Por essas razões e outras, eu estou apadrinhando todo tipo de organização de ajuda à pessoas LGBTQIA+ desse país. Toda pessoa merece amor e merece ter com quem contar. -Eu finalizo, uma onda de aplausos invade o local.

-Lauren... -Ouço Camila gemer. Me viro assustada, pensando que ela estava atrás de mim, mas não.

Seus gemidos ficam mais altos, e é como se todos ali também escutassem.

Então eu acordo.

E vejo Camila ao meu lado da cama, se tocando. A cena seria maravilhosa, se seu rosto não estivesse tomado por lágrimas numa expressão de dor.

-Camila? O que você tá fazendo.

-Eu preciso gozar.

-Não, Camila. Você já fez isso o suficiente por hoje.

-Eu não consigo parar. -Ela dizia enquanto continuava se tocando. Puxo seus braços com força e a seguro perto de mim.

-Hey, o que tá acontecendo com você? -Eu pergunto, enquanto ela ainda chorava. Percebo um pouco de sangue na ponta dos seus dedos, e realmente começo a ficar assustada. -Você está menstruada? -Pergunto, ela nega com a cabeça. -Camila, você se machucou de tanto fazer fricção! Pelo amor de Deus, o que tá acontecendo?

-Lauren... Eu preciso de mais. -Ela diz tentando soltar suas mãos.

-Não! -Eu afirmo. Levanto da cama e a pego no colo, a levando pro box do banheiro. Ligo o chuveiro gelado sobre sua cabeça, Camila solta um gemido agonizante em resposta. -Mais calma? -Eu pergunto, um tempo depois. Ela faz que sim com a cabeça. Agora o chuveiro já estava em uma temperatura morna. Seco e visto Camila depois do banho, a fazendo ir direto pra cama. Ela ainda está molhada, enrolada na toalha. Me sento do seu lado na cama, ela tenta colocar sua mão em meu peito, mas eu a seguro. -Não! -Repreendi com força. Então ela tenta com a outra mão, mais uma vez a impeço. -Camila, não! -Agora tenho ambas as suas mãos presas, e ela está mordendo seu lábio inferior. Num movimento rápido, ela está em cima de mim, sentada no meu colo, me beijando como se fosse a ultima vez. 

Eu não consigo resistir à boca daquela mulher, embora sei que fiz errado. Não devia ter correspondido. Mas quanto vi, minha língua estava brincando com a sua e minhas mãos apertavam aquela bunda gostosa que me deixava louca. Em um ato súbito, a joguei pro lado na cama, me levantei e a observei de longe. Seu corpo se retorcia e suas mãos voltaram para seu sexo, mas sua expressão facial era de dor, seus olhos pareciam pedir ajuda.

Abri o guarda-roupas e peguei uma meia-calça, subindo em cima de Camila em seguida e amarrando suas mãos, depois às amarrando à cabeceira da cama.

-Lauren não faz isso... -Choramingou.

-Eu já volto. -Eu disse, peguei meu celular e deixei o quarto, discando o número da minha antiga terapeuta. Tentei explicar o caso pra ela, sem parecer que eu estava tirando com a cara dela, e ela surpreendentemente pra mim, entendeu e me ajudou.

-Há quanto tempo ela tem apresentado esses sintomas? -Perguntou Sra. Davingson. 

-Alguns meses... Faz um tempo mas fica cada dia pior. As vezes quando eu passava o dia fora trabalhando, e chegava em casa, eu percebia que ela estava com a região meio inchada e sensível demais, mas nunca associei com nada porque ela nunca reclamou ou me pediu pra parar. Hoje foi a gota d'água. 

-Você tem algum calmante natural pra dormir? 

-Acho que sim.

-Pode procurá-lo pra mim? 

-Claro, só um minuto. -Eu disse, voltando pro quarto, passando por Camila que ainda estava na cama, roçando suas pernas uma na outra. Olhar pra ela estava me dando desespero. Entrei no banheiro e peguei um frasco de remédios meus para dormir. -Achei.

-Qual o nome?

-Valeriana.

-Certo, você vai dar quatro deles à ela. 

-Quatro? -Perguntei assustada.

-Precisamos dopá-la. Sua mulher apresenta sintomas de ninfomania. Ela pode ser uma ameaça tanto à ela mesma quanto à você. A ninfomania não tem um tratamento específico além de acompanhamento psiquiátrico e psicológico e alguns remédios associados à ansiedade. Porém, crises agudas devem ser interrompidas o quanto antes, pois com a frustração, o paciente pode apresentar um caso leve de psicose ou síndrome do pânico. Causando sequelas que levará pro resto da vida.

-Ok... E o que faço com ela quando acordar?

-Pode trazê-la amanhã em meu consultório, então indicarei outro profissional competente da área, para que não haja dúvidas sobre ética durante o tratamento dela. Conheço uma clínica específica em casos como esse, são de total confiança. 

-Ok... Obrigada e desculpa por ligar à essa hora.

-Sempre estou aqui pra quando precisar, não se preocupe. Qualquer coisa só me ligar novamente.

-Ok, boa noite.

-Boa noite. -Ela disse antes de desligar.

Respiro fundo uma ultima vez antes de voltar pro quarto com os remédios, Camila havia feito tanta força pra se soltar que seus pulsos já demonstravam leves hematomas. Ela ainda chorava enquanto tentava fazer qualquer tipo de fricção em sua região pélvica. A cena me deixava destruída, ainda mais por saber que talvez eu tenha causado isso à ela.

-Eu falei com minha terapeuta, ela disse pra eu te dar esses remédios pra você dormir. -Eu disse, pegando a garrafa de água que estava ao lado da cama.

-Só faz isso parar, por favor. -Ela suplicou.

Soltei suas mãos da cabeceira, a colocando numa posição mais sentada. Dei os remédios um por um, devagar, enquanto ela fazia pausas pra tomar água. 

-Quer outro banho? -Perguntei, ela negou com a cabeça.

-Eu só não quero dormir amarrada. -Ela disse, sua voz era falha por causa do choro.

-Se eu tirar, você promete se comportar? -Perguntei, ela concordou com a cabeça. Então desamarrei seus pulsos, jogando a meia-calça no chão. Estavam bem avermelhados, começando à ficar roxos, então os massageei levemente por um tempo. Dando um beijo em cada um deles.

-Desculpa. -Ela disse antes de começar à chorar.

-Tá tudo bem. -A abracei, puxando pra que se deitasse comigo. Me mantive fazendo carinho em seu cabelo, mesmo até depois dela ter pego no sono, o que foi bem rápido. Em seguida tentei dormir, mas a culpa em minha cabeça me corroía. 

Hora ou outra eu teria de pagar pelo que fiz com ela.

A Ninfomaníaca (De Volta)Onde histórias criam vida. Descubra agora