Quando Lucius acabou de falar com Titus, o mestre reuniu todos aqueles que o serviam a fim de planear a viagem para casa, no dia seguinte.
- Mas... mal estivemos aqui, meu amo... -Disse um soldado.
- Que férias tão curtas... O Senado, sinceramente... -Disse um outro.
- Se eles me chamaram de tamanha urgência para a reunião, então tem que ser algo muito importante. Lamento pessoal, mas não temos escolha senão regressar amanhã. -Afirmou Lucius.
- Nós entendemos, meu senhor... -Disse uma criada.
- É graças ao senhor que temos o luxo de sequer estarmos aqui! -Disse um criado.
- Eu estou é preocupado consigo, mestre! O senhor está aqui para descansar e logo o chamam! É preciso ter descaramento! -Disse Titus, não conseguindo esconder a sua indignação por mais tempo. -Como está a sua saúde, meu amo?
- Eu estou bem Titus. Não te preocupes...
- Quer que eu vá buscar medicamentos para si?
- Não é necessário. Deixa-te estar. Eu gostava era de saber para quê tanta urgência da parte deles?
- Eu não tenho a mínima ideia do que possa ser. Os gregos já...
Titus parou de falar e olhou para Alexis com cara de dó. Lucius logo olhou também, seguido por quase todos que ali estavam.
- Ahm... Como hei de dizer... A cidade que determinava tudo para eles, a cidade de Corinto, já... ahm...
- Já foi completamente destruída e a população aniquilada? -Completou Alexis.
- Ahm. Sim. Isso...
Alexis suspirou, olhando para o chão.
- Adiante! Seja o que for, é algo importante e eu não posso faltar. Preparem as vossas coisas para a viagem amanhã. Quero começar a viagem de regresso às nove da manhã! -Disse Lucius, tentando desviar a conversa.
- Sim, senhor! -Responderam todos em união.
- Agora vamos comer! Já é muito tarde!
Após comerem, Alexis estava a olhar para o chão, a ponderar sobre a conversa, quando Lucius o chamou à parte:
- Rapaz. Quero que venhas comigo. Preciso de falar contigo.
Alexis logo seguiu o seu amo para o quarto.
- Meu senhor? O que é que o senhor queria-me dizer?
- Quero ainda que durmas comigo, rapaz. E também quero-te pedir desculpas se te ofendi de alguma forma hoje... Eu sei que a minha confissão foi, se calhar, rápida demais, mas eu não aguentei ver-te naquele estado...
- O senhor... Não está zangado comigo?
- Zangado, eu?! Porque haveria eu de estar zangado contigo?
- É que... Eu... Eu sou sempre tão confuso...
- Não faz mal, rapaz... Eu compreendo. Estes últimos tempos não devem ter sido nada fáceis para ti... -Disse Lucius, pondo a sua mão em cima da cabeça de Alexis. -Agora despe-te e vira-te rapaz! Eu fui buscar o teu creme ao teu quarto.
Alexis assim o fez e logo começou a refletir: O mestre parece estar com medo de fazer algo que me magoe, mas ele não fez nada de mal! Eu é que preciso de me controlar mais... Não posso deixar que ele me faça mostrar os meus sentimentos daquela forma... Eu estou a confiar demasiado nele... Mas é difícil para mim não me descair com a gentileza dele... Mas... Ele disse que me amava... E eu disse-lhe o mesmo de volta! O que é que eu estou a fazer?! Aliás, por que é que ele confessou para mim? Aquilo foi só para me fazer sentir melhor, ou será que ele sente mesmo algo por mim da mesma forma que eu sinto por ele? Não é usual as pessoas falarem de amor em Roma ou na Grécia. Amor até é meio mal visto... Por isso o facto de ele se ter confessado daquela forma foi muito especial... Tenho que parar de pensar demais! Tenho que parar de duvidar sempre dele desta maneira... Mas podem me julgar? Ele é um romano!!!
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Escravo e o seu Mestre
RomanceNos tempos da Roma Antiga, um escravo grego foi comprado por um mestre romano e com o passar do tempo os dois apaixonaram-se um pelo outro. Que tipo de dificuldades terão eles que enfrentar? O que fará o jovem escravo numa sociedade que ele sempre v...