Único.

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Exist for Love

E pensar que Cohen achava que o evento de escritores seria o dia em que mais ficaria nervoso na vida.

Aquilo não era nada, comparado ao que sentia agora, olhando-se no espelho. Vestia uma das coisas mais fora-de-caracterização que jamais conseguira imaginar, o corpo emoldurado no corte perfeito de um terno carmim escuro. A blusa de botões por baixo era de um creme bem claro, acentuada pela gravata também carmim. O toque final eram a rosa branca no bolso esquerdo de seu terno e os cabelos negros presos em um coque bem-arrumado. César aproximou-se do espelho, tocando o próprio maxilar com as pontas dos dedos, perguntando-se se deveria ter se barbeado melhor.

De qualquer forma, não tinha tempo para tal agora. E só notou esse fato quando ouviu o bater na porta e a voz de Arthur.

- Ei, Cinderella Bela Adormecida Oliveira Cohen. Tá na hora. – Ele riu, imaginando (e acertando) que Cohen tivesse revirado os olhos. Foi recebido quando a porta se abriu, o rosto de César consumido por uma mistura esquisita de nervosismo, alegria, suavidade, e determinação. Arthur riu novamente, dando pequenos tapas no ombro do cabeludo. – Você tá bonitão! Nem parece que dormiu por umas duas horas. Eu te vi gritando com o Thiago no grupo. Tá tão nervoso assim?

- NãO tO nãO, - Respondeu, com a voz mais esganiçada que já fez na vida. Cohen sentiu-se como se a gravata ao redor de seu pescoço estivesse muito apertada, mas era só sua própria ansiedade. Pigarreou. – Digo. Não tô, não... Ah, pra quê fingir, você sabe muito bem que eu tô. Você já o viu??

O entusiasmo nas palavras de César fez Arthur sorrir. Era tão gratificante, ver o amigo tão feliz, e saltitante, e nervoso.

Amor, supôs, mais do que certo.

- Vi não. A Liz não me deixou nem pisar perto do quarto. Algo sobre ser surpresa ou algo assim. Acho que ela acha que eu vou te contar tudo, e ela tá certa. – Riu, estrondoso como seu pai já fez um dia. Era incrível como Arthur se tornava mais e mais a imagem de Brulio conforme crescia.

E como cresceu.

Todos cresceram, nos últimos 10 anos.

Liz tinha se tornado ainda mais mal-humorada e protetora. Thiago tinha parado de fumar, e continuado a tocar sua carreira. César continuou a crescer como escritor. Ela tinha se tornado uma adolescente de deixar qualquer lugar de pernas pro ar com sua energia e alegria constantes, e...

Joui.

César sentiu o peito se preencher da mesma sensação que sempre tinha quando pensava no mais novo. Tinha se apaixonado por muito mais do que o talento, o sorriso, e maneirismos do oriental... Cada fibra de seu ser era completa e irreversivelmente pertencente a Joui. Cohen era completamente apaixonado por cada fio de cabelo, cada expressão de confusão em suas leituras, cada risada às brincadeiras de Ela. Sentia-se até meio bobo por conta de suas expressões de amor pelo japonês.

Não que ele as rejeitasse, claro.

Joui tinha sempre a doçura e a paciência do paizão que era, e com César nunca foi diferente. Aturava as declarações no jeitinho esquisito do rapaz, que sempre o fazia dar risadas. Até fazia questão se segurar o mais baixo pelas bochechas e enchê-lo de beijos.

Cohen quase suspirou à lembrança, fazendo Arthur rir de leve.

- Sonhando acordado, é? Sossega, já já você vai poder descontar todo esse amor preso aí dentro do peito. – Deu um tapinha no ombro do rapaz, sorrindo. – Vamos encontrar o Thiago; já tá na hora de irmos para o local, ou vai acabar se atrasando no seu dia. Esse é o trabalho do Joui, lembra?

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⏰ Última atualização: Aug 17, 2020 ⏰

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O Começo Da Eternidade - Exist For LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora