Capítulo 3 - Kikelomo

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Capítulo III
"Kikelomo"

Ora meus caros, sei que querem muito saber onde foram parar Meli, Tanya e Edmundo, mas antes me deixem contar um breve e curto mito africano, e prestem atenção nisto pois é de por os pingos nos i's e assim dizer quem é quem.

Na África há uma região chamada Egbado, lá a milênios atrás existiu uma moça muito pobre e muito bonita de nome Yewá.
Todos dias Yewá ia para a floresta acompanhada de suas duas filhas gêmeas para apanhar gravetos e vender como lenha na feira. Certo dia as três entraram muito fundo na floresta de modo a se perder. Foram horas e mais horas andando em círculos até que a sede e fome começaram a assolar as pobrezinhas.
Yewá ficou muito aflita ao ver suas pequenas passando mal, desfalecendo de inanição. Então aconteceu algo, qualquer coisa de miraculoso pois o corpo de Yewá brilhou como uma luz tal qual a de uma estrela.
O que acontecia era que aquela pobre mulher não era mulher coisa nenhuma, ela era uma grande Deusa encarnada em forma humana, porém não sabia, pois os deuses quando se fazem gente as vezes se esquecem de seu passado glorioso e só despertam quando chegam a um limite que a carne e osso não podem sobrepujar.
Yewá brilhou e brilhou, e pensando no bem das filhas ela se transformou em água, seu corpo explodiu em uma torrente fortíssima, a agua saciou a sede das meninas e o curso que tomou formou um leito de rio que as guiou de volta a aldeia.

Tendo dito isso, vamos voltar a historia:

☆I
Era como estar em uma montanha russa, primeiro pareceram despencar uma eternidade em um breu absoluto, Tanya até pensou estar indo direto para o quinto dos infernos, porém de repente sentiram uma guinada e passaram ser arremessados para o lado direito, o breu deu lugar a um azul escuro salpicado de pontos brancos, talvez estrelas mas quem é que sabe? Após meio minuto nesta eles sentiram que estavam subindo, tudo começou a ser tomado por uma luz intensa, era como se estivessem sendo engolidos pelo próprio sol, e de repente sentiram o baque seco nas costas, sim, uma pancada daquelas fortes o suficiente para aleijar, mas dessa vez não aleijou ninguém.
Ao abrir os olhos a primeira coisa que Edmundo viu foi uma a copa de uma arvore em um céu azul claríssimo.
— Puta que o pariu, que negócio foi esse?
— Pé de pato mangalô três vezes... onde é que estamos? — Tanya olhou em volta.
— Não faço ideia mas acho que é bem longe de casa.

— Atenção, me ouçam! — a voz da boneca soou mais alta que nunca.

— Ah bonitia, fala, fala sim. — Meli segurou a boneca no colo com carinho.
— Não tenho muito tempo, meus poderes vão desaparecer, este lugar não é aberto a intervenções de magia externa, por isso serei direta. Eu sou Enobária, mãe de Meli e Edmundo. Por um questão que não posso abordar agora fiquei presa dentro desta boneca, mas meus  filhos eu preciso da ajuda de vocês para voltar a ter meu corpo humano. — a voz antes alta começava a perder volume — Vocês estão no Orun, no primero dos nove Oruns, preciso que encontrem um artefato muito poderosos, ele poderá me trazer de volta a vida. — a voz ficou ainda mais baixa no final
— Mãe! Diga! Diga, eu faço qualquer coisa pela senhora! — Edmundo implorou ajoelhado tocando o rosto da boneca.
— Eu... preciso... da capa de couro...
— Uma capa de couro?
— Nao uma, eu... me refiro a... capa de couro de búfalo... de Oyá.
— E onde está ela?! Diga onde está e nós iremos buscar, eu juro!
— Ela... — a voz estava tão baixa que quase era inaudível — Está sob a posse... daquele homem... terrível...
— Quem? — Perguntou Tanya.
Edmundo não perguntou, já sabia. A boneca prosseguiu com a voz fraquinha.
— Eu não sei... em qual dos... nove Orun's ele está... mas sei que... a capa está com ele... Vocês devem encontra-lo e tomar dele a capa... Vocês devem encontrar... Búfalo Sandara...
— Oh não... — Tanya levou as mãos a boca assustada.
— Mãe nós vamos achar ele, eu dou minha palavra! Mas depois de acha-lo o que faremos? Como usamos a capa? — Edmundo perguntou aflito.
A boneca nada mais disse, e meli ao colocar o ouvido sobre o peito recheado de serragem da pequena constatou:
— A bonitia domiu.

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