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Yoongi? Yoongi! -

A voz serena e longínqua me desperta, meu pranto angustiante assustava todos a minha volta.

Yoongi... Quero que me escute, Sai daí! Respire, se acalme, e lentamente saia daí -

Meus olhos marejados encaravam o grande portão branco da mansão, em forma de uma onda abafada, a voz que ainda distante me passava instruções, me acalma.

Mas... E-eu preciso, eu não aguento mais, eu preciso! -

Meu choro se torna ainda mais desesperador, todos me olhavam com lástima, toda a agonia e frustração me sufocava enquanto rios de lágrimas escorriam por minhas bochechas rubras.

Você não precisa de drogas, lembra? Você mesmo havia me dito, não pode se contrariar! -

Minhas pernas totalmente obstruídas tornam minha respiração ainda mais intensa, sinto minha visão turva enquanto novamente tentava sair do transe, ainda escutando vozes, desta vez mais próximo, o grande portão branco e gélido pelo temporal, estremece, ameaçando se abrir, minhas pernas que antes estavam obstruídas, correm automaticamente, me afastando da mansão do fornecedor.

E-eu... Não sei o que estava fazendo, me perdoe! Por favor! Eu... Quero ir pra casa... Apenas isso... -

Meu corpo vibra pelo vento gélido, meus olhos pesavam e minhas bochechas ainda úmidas ardiam, meus batimentos se tornam ainda mais desregulado enquanto uma sensação de desmaio vinha átona.

Yoongi... preciso desligar, já não estou mais em horário de trabalho, sabe disso...

Todo o meu corpo estremece pelo frio, meus lábios pálidos oscilavam, meus sentidos pareciam já não ser mais de minha autonomia, todo o meu sistema implorava por drogas, todos esses meses investidos foram jogados fora, por um simples anti depressivo.

Não! Por favor, fica comigo! O que eu faço? Sabe que... -

minha fala é cortada pelo som abafado da ligação encerrada, minha visão novamente se torna turva pelo choro, minhas pernas já não aguentavam, me fazendo despencar ao chão, toda a angustia e desespero saindo em forma de pranto, enquanto meu peito subia e descia freneticamente, pelo sufocamento que a dependência me causava.

"O que eu faço?" -

Esse questionamento me corroía por dentro, sendo a única coisa que tinha em mente, não sabia se deveria voltar para casa muito menos como faria isso, apesar de saber o que seria certo, meu corpo automaticamente iria para a porta do fornecedor, minha mente me pregava peças ao cogitar minhas sensações. Seria isso mais uma de minhas crises? Um minuto passa e a temperatura de meu corpo normaliza, junto a minha respiração e batimentos, após pensar não só uma mas várias vezes, me levanto, meu corpo doía e minhas pernas ainda ameaçavam fraquejar novamente totalmente sozinho e sem consolo sigo rumo a minha casa, naquela rua vazia e escura, onde a lua cheia e dourada com um leve tom acinzentado fazia meus pensamentos me levar para aquela noite nublada e fria.

gargoyle nerveOnde histórias criam vida. Descubra agora