V. Cursinho

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O primeiro dia na casa nova foi tranquilo. Acabei dormindo na sala de tv e acordei no meu quarto, não sei como, mas alguém me levou até lá. Por volta das 11 da noite escovei os dentes e voltei a dormir. Acordei de novo com batidas na porta, peguei meu celular e já era 07 da manhã.

— Luísa, estou indo pro estágio. Quer carona? — levantei num pulo. Felipe tinha me dito que o estágio dele era perto do meu cursinho e tinha me oferecido carona no dia anterior.

— Já tô indo, que horas você tem que estar lá? — perguntei já correndo pro banheiro e indo tomar uma chuveirada rápida.

— 07:30, te acordei agora pra dar tempo de tomar café.

Tomei meu banho, escovei os dentes e fiz minhas higienes. Passei um protetor solar com cor e um rímel e fui escolher uma roupa. Jeans, camiseta branca e um all star, passei perfume, peguei minha bolsa e desci as escadas.

— Bom dia dona Marta! — ela mais uma vez preparando um banquete, parecia um café da manhã de hotel 5 estrelas.

Peguei um iogurte e algumas torradas com creme de ricota enquanto olhava pro Felipe comendo dois baurus.

— Que fome é essa? — dei uma risada.

— Tenho que manter o shape — ele rebateu, enquanto mostrava o bíceps.

Peguei minhas coisas e fui esperar por ele no carro. Ele tinha um Honda Civic preto novíssimo, e eu estava doida pra ganhar meu primeiro carro, já que tinha tirado a carta no começo do ano. Sonhava em ter um Jeep Renegade cinza espacial, era o carro perfeito pra pegar a estrada.

Chegamos até rápido, uns 20 minutos de viagem. Conversamos pouco, porque ele me pediu pra colocar música. Coloquei uma aleatória, e estava passando uma música do Jack Johnson. Ficamos ouvindo e nem percebi a viagem passar. Ele parou na porta do cursinho.

— Tá entregue. Boa aula pra você! — ele abriu um sorriso.

— Valeu pela carona, bom trabalho. — me virei pra dar um beijo no rosto dele, e ele se virou ao mesmo tempo. Nossas bocas se encostaram por um segundo e eu prendi a respiração. Ele se afastou num pulo, me olhando sem graça, e eu abri a porta do carro, pulando pra fora dele. — tchaaaau. — sai tropeçando e não olhei pra trás.

O cursinho era bem puxado, período integral, e pelo que eu pesquisei, era um dos melhores de São Paulo. Quem estava pagando era o Leonardo, que ficou super feliz quando soube do meu sonho de cursar medicina, e fez questão de me colocar nesse curso. Eu estava disposta a me esforçar e conseguir passar numa federal.

Achei o lugar bem tranquilo, apesar da galera riquíssima andar esbanjando com seus carros de luxo pelo estacionamento e as conversas sobre viagens internacionais e compras de milhares de reais. Nunca gostei de papo assim, e nem de gastar meu dinheiro com coisa supérflua. Sentei numa cadeira da ponta, mais ou menos no meio da fila, e bem do meu lado tinha um garoto que aparentava ser o nerd da sala. Ele se virou pra mim, com um sorriso no rosto.

— Oi, tudo bem? Eu sou o Gustavo. — disse estendendo a mão pra mim.

— Tudo, e você? Eu sou a Luísa. Prazer. — conversamos um pouco e ele me explicou sobre o cursinho e os métodos, e falou um pouco do pessoal. Ele era muito gente boa, e muito bonito também. Era loirinho de olhos azuis, e tinha as bochechas naturalmente rosadas. Apesar da cara de nerd, ele era alto e tinha um corpo bem bonito. Fiquei sabendo depois que ele fazia musculação na academia do shopping, onde fomos almoçar. Comemos sanduíches no Mac e voltamos juntos pra assistir as aulas da tarde. Tinha feito meu primeiro amigo. 

(...)

— Certeza que não quer carona? Eu te levo! — ele falou no final da aula, segurando minha apostila enquanto eu tentava achar um Uber.

— Não precisa, sério. — continuei procurando um carro disponível pelo aplicativo.

— Luísa, a gente é quase vizinho, esqueceu? Meu apartamento fica literalmente de frente pro condomínio. Posso te levar e buscar sempre que precisar. E levo milkshake.

Touché. Me convenceu! - peguei minha bolsa e fomos rindo em direção ao carro dele.

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