Já era quase duas da tarde quando Ana acordou naquele dia, se sentindo fraca e com fome. Despois da noite turbulenta de danças e bebedeira, ela mal se recorda de como chegou até sua casa, ou do que aconteceu antes disso. Ela se lembra de estar em uma festa de despedida de solteira de sua mãe, a qual iria se casar novamente dentro de cinco dias, com um homem no qual Ana não depositava nenhuma confiança ou afeto, já que ele poderia ser considerado no geral, uma grandessíssimo babaca.
Ela se levantou da cama, tentando não tropeçar em nada em seu quarto escuro com as cortinas fechadas, perdendo todas as esperanças de se lembrar dos ocorridos da última noite, e se dirigiu para o banheiro, com a intenção de tomar um banho gelado e talvez dar um jeito na ressaca. Tirou suas roupas e entrou na banheira, observando o quão inchado seus pés estavam, provavelmente por ter sido pisoteado na pista de dança. Então, ela se viu no espelho que ficava ao lado da banheira e notou, muito detalhadamente, seus ossos proeminentes demais, sua cor, pálida como defunto, suas unhas manchadas e curvadas e seus olhos e cabelos, totalmente opacos e sem vida. cogitou a possibilidade de ser efeito de algum tipo de droga, ou apenas as bebidas exóticas mesmo, mas obviamente havia algo errado com sua aparência, ela não estava tão magra daquela forma há vinte e quatro horas atrás.
Com esse pensamento em mente, saiu do banho rapidamente e se enrolou em uma toalha para ir buscar suas roupas em seu quarto. A surpresa foi instantânea. Assim que ela abriu o guarda- roupas, não havia nada ali além de poeira, traças e teias de aranha. meio tonta com o choque da falta de roupas, se dirigiu ate sua janela para abrir a cortina para tomar um ar fresco, e se ela pensou não estar entendendo nada antes, agora sim ela se sentiu perdida de verdade.
Do lado de fora, havia um campo florido, e não as paisagens urbanas com prédios e carros barulhentos de sua cidade. Era possível ver dois veados com asas saltitando pelo ambiente, flores de todas as formas, cores e tamanhos, nuvens coloridas e um céu com o azul mais brilhante e sedutor que ela já vira. Além disso, era possível ver algumas sombras no campo, duas formas que aparentavam homens, mas com caudas enroladas atrás de seus corpos e chifres de cervos, e mais a cima, no céu, dois sóis extremamente brilhantes e ofuscantes, pássaros gigantes e um lindo arco roxo cobrindo sua casa. Após o momento de surpresa, caiu no chão e tudo o que viu foi o vazio negro da inconsciência.
