Livro 2 - Capítulo 1

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Mérida – Primavera, Maio de 834 d.C.

Jamila aguardou dentro da tenda com a mãe e as irmãs de Suleymán Ibn Martín, agora ela era uma mulher casada.

Não amava seu esposo e sabia que nunca amaria, somente aceitara o casamento para salvar da escravidão a criança que gerava em seu ventre. Seu amor pertencia a Juan e ainda que nunca mais o visse nunca deixaria de amá-lo.

As mulheres ajudaram a retirar as túnicas deixando-a apenas com uma branca, quase transparente, que caberia ao esposo retirar.

Suleymán entrou na tenda, em meio aos gritos de seus guerreiros de confiança, a mãe e as irmãs o ajudaram a retirar a cimitarra  e a túnica, deixando-o apenas com as calças e uma larga camisa de mangas compridas.

— Saíam – ordenou.

As mulheres saíram e o guerreiro encarou-a fixamente, iluminada por pela luz suave de uma lamparina de prata. Em seguida se sentou e comeu as tâmaras que estavam em uma bacia juntamente com outras frutas.

Havia suco e água em abundância. Ele ficou imóvel observando-a com atenção e luxúria

— Não se preocupe minha corsa, seu segredo está a salvo – disse com um sorriso.

Jamila não se moveu, ainda em pé, os braços caídos ao lado do corpo. No lado de fora guerreiros e mulheres cantavam alegremente aguardando a consumação do casamento e a prova de que a noiva era virgem.

— Sente-se – convidou com voz surpreendentemente suave.

Jamila se sentou resignada. Suleymán abraçou-a fazendo-a deitar nas almofadas. Ela fechou os olhos e ficou imóvel enquanto ele a beijava e tocava após retirar sua túnica.

Sentiu desconforto e dor quando ele a possuiu e rezou a Alá para que tudo terminasse logo, enquanto tentava segurar as lágrimas que se formavam em seus olhos.

Quando tudo acabou e ele saiu de cima dela, abriu os olhos.

O muladi a encarou embevecido. Em seguida pegou seu punhal e cortou a palma da mão esquerda, pegando a túnica branca a segurou na altura da cintura até que ela estivesse manchada de vermelho.

Em silêncio virou as costas e saiu da tenda mostrando-a, um grito gutural ululante foi ouvido enquanto o clã de Suleymán comemorava.

Ao alvorecer partiram, seu agora esposo lhe devolvera seu garanhão branco e após semanas de cativeiro finalmente ela pode cavalgar em liberdade pelos campos.

A GUERREIRA INDOMÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora