XI. Lembranças

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Acordei cedo na segunda feira, tomei banho, me arrumei e fui pro cursinho no carro do Leonardo, que já tinha me autorizado a ficar no carro durante a semana que eles estivessem fora. Não queria ficar mais um minuto naquela casa, muito menos me esbarrar com o Felipe.

— Bom dia flor do dia. — disse Gustavo, quando cheguei jogando minhas coisas na mesa.

— Bom dia pra quem? — resmunguei. Olhei pra ele e não aguentei manter a pose de brava. Rimos e ele começou a me contar do rolo com a Bruna e como foi o resto do final de semana.

Fomos a pé almoçar no shopping que ficava no quarteirão e aproveitei pra comprar umas roupas novas. O Gustavo era o primeiro homem que eu conhecia que gostava de fazer compras. Ele me ajudou a escolher um monte de coisa. 

— Ei, você não me contou o resto do seu final de semana. — disse ele, enquanto terminava de tomar um milkshake de ovomaltine, andando de volta pro cursinho.

— Ah, nada demais, aquele Mateus apareceu lá em casa do nada, mas eu mandei ele vazar, o Felipe levou aquela guria pra lá e o resto do tempo eu fiquei dormindo. Fim. — pulei a parte do meu quase-meio-pega com o Felipe porque, convenhamos, era bem constrangedor.

— Nossa, o Felipe  é meio superprotetor né? Passou a festa te vigiando e não curtiu nenhum pouco quando tu pegou o Mateus, ele me falou quando a gente tava na piscina.

— Ele só é um idiota, deve ter ficado grilado pela zoação dos caras — falei, e veio na minha cabeça a cena dele e da Duda se pegando. Que nojo.

Voltamos pra sala e tivemos um teste surpresa seguido de mais 2 horas de aula de biologia. Minha cabeça estava em tudo, menos no livros. Aliás, ela tava num lugar bem específico, que por mais que eu tentasse, não se dava ao trabalho de sair de lá. Eu fechava os olhos e lembrava da gente no sofá... E logo a raiva voltava. Como ele pôde ser tão filho da puta? Pegar outra menina no mesmo dia, na nossa casa, depois do que quase aconteceu?

* FLASHBACK DO FELIPE *

Depois de quase beijar a Luísa até ser interrompido pelo Mateus, fui pro escritório tentar trabalhar um pouco e ver se eu conseguia esquecer o que tinha "quase" acontecido. A menina morava aqui, era filha da mulher do meu pai, que também estava tratando ela como filha e querendo que nós fôssemos uma família. Eu não podia deixar esse desejo louco por ela estragar a vida de todo mundo.

Enquanto pensava nisso recebi uma mensagem do Vitor me chamando pra uma resenha na república de uns amigos, peguei minhas coisas em casa e passei no quarto pra ver como a Luísa estava. Dormindo, pra variar. Cobri ela, e perdi alguns segundos do tempo olhando pro seu rosto. Como podia ser tão linda? Eu achava lindo o queimadinho de sol que ela tinha nas bochechas e no nariz, e por falar em nariz, que nariz mais lindo e delicado. A boca dela era tão rosados e os lábios tão carnudos, que parecia que ela estava fazendo biquinho o tempo todo. Ela parecia um anjo ali, e minha vontade era de me deitar com ela e.... QUE VIAGEM!!!

Desci na cozinha, esquentei uma lasanha pré assada e montei a mesa pra ela, e coloquei uma coca-cola, ketchup e pimenta (tudo que eu via que ela gostava e comia sempre). Então peguei a chave do meu carro e acelerei. Quando cheguei lá, tava tendo um pagode com open de chopp.

Nisso, chegou a Duda, uma mina muito legal que foi minha colega na escola e que também era minha peguete. Sempre ficávamos mas eu deixava claro que não queria nada sério. Ela nem se importava, e sempre que a gente se via acabava rolando, mas ela adorava agir como se fosse minha namorada na frente dos outros. 

— Lipe, que saudade! — ela já chegou me dando um selinho. Daí pra frente ela grudou, só dançava comigo e não saia mais do meu lado (nem do meu pé). Perdi a conta de quantos chopps tomamos e na hora de ir embora ela veio com a velha desculpa de que não tinha carona, e eu que já estava trocando as pernas aceitei.

(...)

— Pronto, tá entregue. — eu disse chegando na porta da casa dela.

— Caramba. Minha chave ficou com a Maria. Não tem ninguém em casa. -— ela procurou a chave na bolsa e não achou. — Não tenho como entrar. — aquele velho truque de mestre.

— Então bora lá pra casa né. — ela abriu um sorriso, Entregando que já estava tudo planejado.

Chegamos em casa e ela me agarrou assim que eu abri a porta, estávamos muito chapados e quase caindo, mas eu fiquei com medo de fazer barulho e acordar a Luísa, que estava dormindo desde a hora que eu saí. Claro que eu também não queria que ela escutasse ou visse nada. Na verdade, eu nem queria que rolasse.

Subimos pro meu quarto e a Duda já foi tirando a roupa toda e pulando na cama. Não me deu nem tempo de desligar a luz. Ela começou a beijar meu corpo inteiro e quando chegou no pescoço, me veio um frio na espinha, e acabei lembrando de tudo que tinha acontecido comigo e com a Luísa, do beijo dela no meu pescoço, da respiração ofegante dela, repousada no meu peito. Eu ainda conseguia sentir o peso do corpo dela contra o meu, e o calor da pele dela. Puta que pariu. Eu travei nessa hora, pensando em como eu queria ter terminado aquilo que começamos mais cedo. Como eu queria que fosse ela ali agora. Mas todos esses pensamentos acabaram quando a Duda se levando, ficando por cima de mim. Quer saber? Foda-se.

* FIM DO FLASHBACK *

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