A rotina de Rey não a deixava entediada, na realidade, era quase que um ritual. A mantinha concentrada, firme em seus pensamentos positivos. Mas com as novas práticas e exercícios, as coisas haviam mudado um pouco, não que já não fosse acostumada a treinar sem parar. Porém, o ritmo na academia era mais intenso do que o esperado, o que explicava a razão pela qual já receberam tantos prêmios e por serem tão conceituados. Isso a deixava feliz, contente. Olhando o próprio reflexo no espelho, enquanto segurava na barra e alongava as pernas, Rey admirou o brilho de sua própria pele suada. Não havia nada, para ela, como se sentir exausta de tanto praticar.
De repente, como se fosse um lembrete em sua mente, a fala de Morgana a lembra de que existem pessoas ao redor. Rey gira o pescoço, dando uma boa olhada nos alunos ali presentes. Alguns se alongando, outros sentados no chão mexendo no celular ou até mesmo conversando. Uma única menina lhe chamou mais a atenção, ela estava praticando alguns passos ainda, o coque bem alto na cabeça, seguro por um lindo laço azul, da mesma cor de suas sapatilhas, ela achou isso uma graça. Descansou o corpo, sentando no chão e continuou admirando a jovem, gostou do fato de que mesmo no intervalo de uma aula para outra, não parou de aperfeiçoar os passos ensinados.
— Esquisito, né? — Uma voz a pega de surpresa. Ao olhar para o lado, uma garota de cabelos loiros a encara sentada a apenas alguns metros. Seu rosto contém uma expressão de deboche.
— Como? — Havia confusão sincera em sua fala. O que poderia ser esquisito? Ela estava falando exatamente do que?
— Como eles aceitaram uma garota... Bom, não que ela seja gorda. Mas sejamos sinceras, não é exatamente magra. — Levou menos que dois segundos para Rey associar do que aquilo se tratava afinal.
— E o que isso tem haver? — Sua voz sai mais ríspida do que ela pode conter. A loura recua, fazendo um gesto com as mãos, como quem está sendo mal interpretada. — Você acha que o desempenho dela é inferior? Por que daqui eu só vejo puro talento.
— Talento... ela dança bem, sim. Não foi o que eu quis dizer, amiga. Só acho mais bonitas bailarinas que são como eu, afinal, é o que todo mundo pensa, não finja que não.
— Eu vou te dizer duas coisas que espero que você se lembre. — Rey inclinou o rosto, sentindo o vermelho da raiva transparecer em seu pescoço. — Primeiro, eu não sou a sua amiga. Segundo, ninguém liga para o que você pensa, não deixe o seu medo de ser uma bailarina ruim perto dela transparecer, por que ser uma bosta de pessoa, isso deu para perceber que você não consegue evitar.
— Credo! Você é louca, garota? Quanta grosseira. — Ela se afastou e Rey permaneceu sentada, com a mente estressada pela breve interação. É horrível como o mundo do ballet pode ser preconceituoso, não é a primeira garota que diz essas coisas perto dela, mas desejava que fosse a última. Não tinha mais idade ou paciência para fingir que esses comentários não eram problemáticos.
Ela se ergueu, caminhando até a colega, assim que a mesma cessou os movimentos e se abaixou para pegar a garrafinha de água. Tentando não soar esquisita, Rey se aproximou com um sorriso.
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𝐈𝐧𝐯𝐢𝐬𝐢𝐛𝐥𝐞 𝐒𝐭𝐫𝐢𝐧𝐠
RomanceRey sonha em ser dançarina de elite, para ela, a dança é muito mais do que apenas movimentos ritmados, é onde se encontra, é como sua casa, um porto seguro. Com uma história familiar complicada e uma irmã diabólica, que desde pequena compete em tudo...