Any Gabrielly
Já fazia um certo tempo que eu estava sentada na minha mesa, com as mãos em cima do teclado do notebook e sem me mexer.
Já havia se passado dois dias desde o meu encontro com Noah e hoje era o dia de enviar o relatório da semana para meu chefe. A ideia desses relatórios semanais era de deixar registrado todo o avanço que eu tive na minha missão, que era seguir, espionar, caçar e matar o filho do presidente. E há dois dias, finalmente, eu tinha tido algum avanço.
Mas eu não tinha certeza sobre se era certo colocar isso no relatório. Ou melhor, eu não queria botar no relatório.
Eu não me sentia nem um pouco confortável em expor para o meu chefe – que aliás era o cara que o queria morto – um momento tão vulnerável do garoto. Eu não acho isso legal. Por isso eu estava aqui, encarando a tela do meu notebook, paralisada e atrasada para entregar o relatório. Só saí do meu transe quando escutei meu celular tocando. Peguei o aparelho e revirei os olhos.
— O que você quer, Bailey?
— Não me lembro de ter dado permissão para me chamar pelo primeiro nome — revirei novamente os olhos — Tenha mais respeito, pirralha. Comece de novo.
Demorei alguns segundos para responder.
Minha vontade era de mandar ele ir se foder bem longe de mim. Mas eu não podia fazer isso. Por mais que me doa, me machuque e me irrite trabalhar para ele, esse imbecil é o único que tem o poder de salvar minha mãe e minha irmã, ao mesmo tempo que é o único que tem o poder de matá-las. E sempre que eu pensava na possibilidade de, se por um acaso eu explodir com meu chefe, ele dar a ordem de matar as duas pessoas mais importantes da minha vida...
É como se um buraco se formasse no meu peito e eu voltasse a ser aquela garotinha, que foi forçada a se afastar da família e forçada a fazer coisas terríveis, caso quisesse mantê-la viva.
— O que deseja, senhor? — enfatizei o "senhor", causando uma risada baixa do homem na linha.
— Quero saber porque ainda não me enviou o relatório de hoje sobre o Urrea
— Que eu saiba, senhor — não resisti em alfinetar — O dia de hoje só termina quando o relógio bater meia-noite. E, por incrível que pareça, ainda são... — afastei o celular do ouvido para olhar as horas — Dez horas e treze minutos. Ou seja, ainda tenho pouco menos de duas horas para lhe enviar. Se deseja tanto brigar comigo pelo atraso, espere mais um pouquinho e me ligue novamente mais tarde — sorri — Senhor
— Você acha que isso é uma brincadeira, porra?! — afastei o celular do ouvido novamente, escutando o outro gritar — Vou te dizer uma novidade: não é! Eu falei pra levar o tempo que precisar, mas também avisei pra não abusar da minha paciência. Você já está perseguindo esse moleque tem duas semanas e, nos dois últimos relatórios, você deixou explícito que não teve nenhum avanço! A não ser que você considere ver os tweets de merda da timeline dele como uma grande conquista.
— Em primeiro lugar, senhor, eu te avisei que eu não seria a melhor nessa área de hackear. Se eu tivesse a ajuda do Krystian, talvez eu estivesse mais avançada — fiz uma pausa, mas ele não disse nada — Além de que o Noah é bem reservado... Ele não sai daquela fortaleza a qual ele chama de casa.
— Foda-se! Eu te treinei para ser imbatível, para ser a melhor! A melhor em luta corporal, em atirar, em hackear, em perseguir... Eu te criei para ser uma máquina de matar — fechei os olhos com força, me lembrando de como foi que ele me "criou" — Eu esperava mais de você, Gabrielly. Nessa última semana, a que você vai falar sobre no relatório que você vai me enviar hoje, você não conseguiu nenhuma aproximação?
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Criminal Love [noany] HIATUS
FanfictionAny Gabrielly, no auge da sua carreira do crime, recebe de seu chefe mais um trabalho como assassina de aluguel: matar o filho perfeito do presidente dos Estados Unidos, Noah Urrea. Caso ela recusasse o trabalho, quem morreria seria sua família. No...