Não demorou muito para Aygon encontrar o quarto, e muito menos para ele entrar em uma banheira branca revestida de porcelana.
— Ah esse dia parece nunca ter fim — murmurou Aygon, enquanto olhava a água mudando sua coloração, conforme se lavava.
Após sair do banho, caminhou até o outro cômodo de seu quarto, nele havia uma cama bem simples, então o jovem se jogou de costa sobre ela, completamente nu.
Era impossível para Aygon ficar refletindo, porque as mesmas imagens sempre vinham a sua mente, cada morte causada por sua espada era um peso que ele não sabia suportar. Então em questão de minutos já se levantou da cama e se trocou bem rápido, colocando uma camisa de seda azul e mangas longas pretas um pouco quanto largas e acompanhada de alguns botões brancos, vestiu uma calça lisa e preta e um sapato de couro branco.
Já vestido, o jovem resolveu abrir a porta do quarto, tentando ao máximo evitar ficar sozinho com seus pensamentos. Foi nesse momento que se deparou com um guarda que o esperava do lado de fora. O guarda possuía um bigode grosso e marrom, seu físico se comparava a de Aygon, porém o que mais chamava atenção em sua aparência era a falta da ponta de sua orelha esquerda.
— Boa noite, o senhor já está pronto?
— Boa noite, estou sim.
— Certo, Beric me mandou aqui para acompanha-lo até o salão, então por favor me acompanhe.
E assim fizeram, ambos saíram caminhando pelo castelo em silêncio, passaram por cômodos que Aygon acreditava ser quase todos idênticos.
— Você conhece bem Beric? — questionou Aygon, seguindo os passos rápidos do guarda.
— Claro que sim, trabalhamos juntos a anos.
— E ele sempre foi assim?
— Depende, assim como?
— Meio grosso, e de certa forma esnobe — afirmou Aygon.
— HAHA, ele é antipático mesmo, Beric tem um senso de justiça e honra muito forte, e isso acaba passando uma imagem completamente diferente sobre ele.
— E sobre seus filhos, o que aconteceu com eles?
O guarda mudou sua expressão amigável na hora — Quem te disse sobre os filhos dele?
— Eu ouvi um tal de bispo não sei do que, falando.
— Eles morreram.
Aygon sentiu o desconforto do homem ao falar sobre, resolvendo encerrar o assunto ali mesmo.
— Estamos quase chegando — disse o guarda enquanto desciam uma escada — Mas vamos falar um pouco mais sobre você. Qual o seu nome jovem?
— Me chamo Aygon.
— Um belo nome, Aygon do que?
— Como assim do que?
— Seu sobrenome jovem, qual é?
— Não tenho isso de sobrenome, o que seria?
O homem parou enquanto descia a escada, virou-se para trás e observou os pulsos de Aygon de maneira nada sútil.
— Você não é um cidadão de Catagan, me desculpe pensei que fosse — respondeu voltando a caminhar.
— Sem problemas, mas o que é isso de sobrenome?
— Logo que você é aceito pelo concelho e se torna um cidadão de Catagan, eles te dão um sobrenome, usado para identificar você e sua família, e sendo passado de geração a geração.
— Que legal, e qual seria o seu nome e sobrenome? — Questionou Aygon.
— Meu nome é Zac Harl, sou de uma família nova.
— Ah então você foi aceito recente nesse tal de Acapane.
— Isso mesmo, porem já fazem doze anos que fui aceito, mas ainda não consegui proliferar o nome de minha família, sabe por que Aygon? — comentou o guarda.
— Por que?
— Por que dizem que é mais difícil arrumar uma mulher em Catagan, do que passar em Acapane — Respondeu Zac, enquanto soltava leves risos.
Aygon depois de muito tempo, conseguiu sorrir novamente, se livrando naquele instante de todos os seus receios.
— Pelo visto você é novo por aqui, assim que terminar o banquete, vou te levar no melhor bar de Catagan, quem sabe eu e você não tiramos a sorte grande, e encontremos algumas belas damas.
— Eu vou aceitar, mas sabe eu não sou muito bom em conversar com mulheres — respondeu o jovem envergonhado.
— Ah entendo, bem que estranhei, vi você andando com Elfrendo — comentou de maneira pensativa Zac — mas não se preocupe, a vários homens disponíveis, Catagan é bem liberal.
— Não, não é isso, eu me interesso por mulheres, apenas não sei conversar com elas — Afirmou Aygon.
- HAHA entendi, mas não seja por isso, você tirou a sorte grande garoto, eu sou um profissional, irei te ensinar os truques.
— Mas se você é um profissional, por que não encontrou uma mulher ainda? — Zombou Aygon com um sorriso de deboche em seu rosto.
— Sou muito seletivo, essa é a resposta correta.
— Sei, sei...
— Bom chegamos — disse Zac enquanto apontava para uma porta de gesso branca que estava fechada.
— Eu tenho que entrar aí mesmo? — comentou Aygon, franzindo o cenho.
— Ordens da princesa.
— Mais que droga, poderíamos pular essa parte e irmos direto pro bar.
— Qual é Aygon, não vai ser tão ruim assim, quanto tudo acabar vou passa no seu quarto para sairmos pra farrear.
— Combinado então.
Aygon se despediu de Zac e logo em seguida abriu a porta do salão.
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Regressão: A quebra do espelho
FantasyAs pessoas necessitam de um propósito, pois somente assim conseguiram dar um sentido para suas existências. Aygon não se difere dos demais, um jovem que esconde um grande segredo, carregando em sua vida várias dúvidas e perguntas sem respostas. En...