Até o Último Suspiro || KiriBaku

Capítulo Único

Essa fic foi escrita junto com a NicoleAlmeidaC e choramos muito com ela, então se vocês são muito sensíveis, recomendamos repensar porque tá puro sofrimento mesmo, de verdade.

Para os corajosos, só nos resta desejar uma boa leitura!

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Eu tento me arrastar para levantar de uma vez do chão imundo e cheio de estilhaços, mas minhas pernas continuam presas e vergalhões de ferro criados por aquele filho da puta que está lutando com Kirishima. Ele nem deveria estar aqui, mas agora está logo na minha frente a poucos metros de distância, endurecendo seu corpo para não perecer diante as investidas intensas das armas metalizadas que o vilão cria a todo momento.

Vejo ao longe outro herói chegando por trás do vilão, mas a minha mente ignora isso totalmente quando ouço um rangido alto e Eijirou bramindo alto pela dor. O vilão conseguiu enfiar uma lança bem no meio do seu peito, mesmo com o corpo completamente endurecido pelo Umbreakble, aquela lança foi capaz de atingir seu coração sem qualquer empecilho.

Grito antes de lançar várias explosões nas pernas, sentindo a queimação na minha pele e ao mesmo tempo as hastes de metal se entortando e amolecendo pelo calor. O outro herói consegue capturar o vilão pelas costas e eu finalmente me levanto, correndo até o ruivo mesmo com todos os protestos do meu corpo.

Ele está deitado no chão e aos poucos sua pele volta ao normal, eu passo minhas mãos pelo seu peito estancando o sangramento com as palmas, o corte parece pequeno e até mesmo superficial, provavelmente por conta de sua individualidade.

– Não porra! Você não pode morrer! – Berro tomado pelo desespero e de repente sinto o aperto da mão de Eijirou no meu pulso. Olho para ele e mal consigo acreditar ao vê-lo sorrindo com aqueles dentes afiados, seus olhos aparentando um cansaço evidente.

– Não se preocupe, eu estou bem. Vai ficar tudo bem...

Acordo erguendo meu corpo da cama de uma só vez, meus pulmões se apertam pela falta de ar e respiro ofegante buscando conter as diversas emoções que me tomam nesse instante. Olho para o lado e vejo Kirishima dormindo tranquilamente sobre a cama, ele está realmente aqui, mas não é como se tudo fosse ficar bem como ele havia me falado.

Levanto com cuidado para não o acordar, ainda que eu me aproxime um pouco do seu rosto antes para ter certeza que ele ainda está respirando. Seu coração segue batendo, contudo, isso é algo que não vai durar muito mais tempo.

Minha caminhada para fora do quarto é incerta, eu sinto as faíscas se formando nas palmas das minhas mãos e o chiado poderia se tornar mais alto em breve se eu não puder me controlar. Estou em pânico, desolado e completamente refém do tempo. Olho para o relógio na parede da sala quando chego na mesa e suspiro consternado. São 8h36. O ataque aconteceu às nove em ponto, aquela lança perfurou a superfície do coração do meu noivo exatamente nesse horário, 6 dias atrás.

Só restam 24 horas.

Apoio as mãos na bancada que divide a sala e a cozinha, respirando fundo para tentar me erguer ao menos um pouco. Me falta o ar, me falta aceitação, mesmo que esta casa seja relativamente grande para somente um casal, eu sinto como se as paredes estivessem se fechando ao meu redor, estou sufocando e não há nada que eu possa fazer quanto a isso.

A dor ainda é latente e eu me sinto um merda por pensar que talvez tivesse sido melhor caso Kirishima tivesse morrido ali, no meio da cidade em pedaços, derrotado por um vilão e morrendo de forma digna. Como posso pensar assim? Como posso sequer cogitar uma ideia tão absurda?