Capítulo 57 - Teu Olhar

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Tereza Cristina ouvia música no último volume enquanto aspirava a casa, com as madeixas aloiradas presas em um rabo de cavalo, os pés descalços, vestindo uma camiseta longa que lhe cobria metade das pernas. "Flávio Venturini" pode cantar de peito aberto através da caixinha de som sem se preocupar em atrapalhar os vizinhos, já que estes estavam bem distantes. Como uma boa backing vocal, o acompanhou: "...não tive a intensão de me apaixonar, mera distração e já era momento de se gostar! Quando eu dei por mim, nem tentei fugir do visgo que me prendeu, dentro do seu olhar..." e foi exatamente assim que se sentiu, presa aos olhos de Griselda ao vê-la em sua frente, parada da porta, com seus olhos azuis tão penetrantes.

GRISELDA – Uau! Não sabia que cantava tão bem! – Elogiou com uma sinceridade radiante.

TEREZA CRISTINA -Não exagera! Sou super desafinada. – disse toda sem jeito, sentindo quentura em seu rosto, certa de que ele estava todo vermelho.

GRISELDA -Quem diria que um dia eu veria Tereza Cristina toda tímida!

TEREZA CRISTINA -Para Zel, isso não tem graça nenhuma! – Fingiu aborrecimento, jogando-lhe uma almofada, levando a outra as gargalhadas e não resistindo, riu também.

Olhando para casa e reconhecendo os esforços da outra, Griselda prontamente a ajudou, em poucos instantes deixaram a casa limpa e organizada para que pudessem ter tempo de conversar, saber uma da outra.

Griselda contou primeiro sobre os filhos, que inclusive estivera com eles antes de sair do Rio, pois Leonardo fora a casa de Dagmar e dormiria por lá e Patrícia a encontrou quando ela estava indo visitar o namorado. Tereza Cristina ficou com um coração um pouco mais leve, a abraçando em sinal de alívio o que as deixou mexidas e encabuladas.

Para disfarçar, a socialite a encheu de tantas perguntas, querendo saber de tudo o que estava acontecendo na capital, em especial sobre tia Iris e não se surpreendera nem um pouco com a visita que fizera para sua amiga e protetora.

TEREZA CRISTINA -Tia Iris consegue ser uma das pessoas mais desprezíveis que conheço na face da terra. Por favor Zel, me prometa que vai ter cuidado com essa mulher, aliás não só com ela e também com as pessoas más intencionadas que irão aparecer.

GRISELDA – Acredite Terê, elas já apareceram, mas o Pereirão aqui as colocou para correr. Elas não são idiotas de me desafiar, ainda mais sabendo que sei manusear e muito bem a minha chave de grifo – Rindo da própria piada – Quanto a sua tia, não se preocupe, estou bem esperta e de olhos atentos. Muito obrigada por se preocupar comigo.

Era cada vez mais difícil resistir a tanta atração. Como estar tão próximas e controlar a vontade de se atirarem nos braços uma da outra.

Tereza Cristina foi tomar um banho e tirar a roupa com que fizera faxina, sem contar o calor que fazia daquela noite. Griselda entrou no chuveiro assim que a outra saiu, se demorando por lá com a cabeça envolta a tantos pensamentos e desejos.

Para aproveitar a noite, resolveram dar uma volta pela cidade, dando preferência aos lugares mais discretos, pois temiam que alguém pudesse reconhecer a senhora Velmont.

Foram comer peixe na brasa em um bistrô bastante aconchegante. O local era pequeno e não tinha mais de dez pessoas devido a época do ano de baixa temporada. A conversa fluía de uma forma bastante animada até perceberem que estava ficando tarde e o melhor seria voltar para casa.

As duas riam sem parar e Griselda num descuido bateu a testa contra um galho de árvore, deixando Tereza Cristina preocupadíssima.

TEREZA CRISTINA -Meu Deus, você se machucou? – Perguntou com a voz aflita, estralando os dedos como sempre fazia toda vez que ficava nervosa

GRISELDA – Não foi nada mulher, fica calma. Tenho couro duro!

TEREZA CRISTINA – Que couro duro que nada, pela cacetada que você deu não deve estar doendo pouco. Deixa eu ver – Percebendo que o local ficara vermelho e com um hematoma em vias de crescer – Senta aqui que vou por gelo antes que cresça um galo enorme do meio da sua testa.

GRISELDA – Imagina que bonitinho, um galinho português! – Disse com sotaque lusitano na intenção de fazê-la relaxar.

TEREZA CRISTINA – Gracinha! – Revidou a brincadeira, entortando a boca e os olhos – Agora fica quietinha, fica! - Pediu colocando gelo no hematoma com todo o cuidado para não machucá-la ainda mais.

Com tamanha proximidade, não tinham forças para lutar contra o que sentiam e lentamente Tereza Cristina foi se abaixando até sentar-se no colo de Griselda que a segurava pela cintura. Com os lábios quase colados, sentindo o hálito quente uma da outra e sem mais resistir se beijaram com paixão, com urgência e desejo até sentirem a necessidade de respirar, juntando testa com testa.

TEREZA CRISTINA -Nós temos noção do que estamos fazendo? – Perguntou ofegante.

GRISELDA -Tenho a certeza de que estávamos fazendo o que eu desejava a muito tempo Tereza Cristina e é exatamente o que farei de novo a menos que não queira.

TEREZA CRISTINA – É tudo o que mais quero Zel!

Sem ter a mínima chance de dizer mais alguma coisa, sua boca fora calada com um beijo mais quente que o primeiro. Além dos beijos, 4 mãos se exploravam mutuamente, se despindo com desespero.

Buscando mais conforto, sem deixar de se tocar, foram para a cama e Griselda não perdeu tempo em explorar com sua boca todo o corpo de Tereza Cristina. A provocou chupando-lhe os seios, mordiscando os biquinhos, sentindo dedos emaranhando em seus cabelos, uma forte pressão na nuca em sinal de que ficava cada vez mais excitada. Se olhavam e explicitavam o que queriam sem a necessidade de dizer uma única palavra e continuando a explorar o corpo da mulher que tinha embaixo de si, buscando e descobrindo novas formas de lhe dar prazer, beijou suas pernas fortes e torneadas, brincando com sua língua nas virilhas, se inebriando com os gemidos que se tornavam cada vez mais intensos até ouvir:

TEREZA CRISTINA – Zel...Não me torture mais, eu preciso...sentir...você!

Ouvir aquele pedido aguçara ainda mais todos os seus instintos e enquanto a provocava com sua boca e suas mãos que percorria-lhe o corpo todo, sentiu seus dedos serem sugados pela boca quente de Tereza Cristina, quando de repente sentiu uma mordida ao tocá-la com a língua em seu ponto mais sensível. Griselda não sugava apenas seu sexo, parecia também sugar sua alma ao mesmo tempo em que a renovava lhe dando mais energia para querer continuar mais e mais. Travou a mão da senhora Pereira ao sentir seus dedos em seu interior, se deliciando com tal ardente sensação até ir ao delírio com os movimentos tão intensos, dizendo coisas desconexas, uivando como uma loba no cio pedindo por mais, em um tom de voz tão luxuriante.

O prazer que Griselda sentia em estar conectada à mulher que tanto desejou era indescritível. Seu corpo todo parecia estar em chamas ao mesmo tempo em que sentia-se escorrer tamanha excitação. Necessitava mais do que tudo sentir Tereza Cristina com mais intensidade então encaixou seu sexo ao dela, agarrando-se em seu corpo, tomando sua boca, enquanto friccionavam em desespero:

TEREZA CRISTINA – Zel...zel...não aguento mais...ahhhhh....ahhhh...eu vou...

GRISELDA -Go...za, Goza comi...go Terê! Aiiiiiiiiiiiinnnn....

Quando em uníssono, em deliciosa sincronia, atingiram um prazer inenarrável, se deliciando, se permitindo, se entregando sem pudores uma a outra.

AS APARÊNCIAS ENGANAMOnde histórias criam vida. Descubra agora