XX. Viagem (parte 2)

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Sexta-feira, 05:30 da manhã o despertador tocou. Eu acordei e fui direto pro banheiro tomar um banho e me vestir. Coloquei uma legging da Adidas, um tênis Ultraboost e uma blusinha branca. Quando estava terminando de secar o cabelo, ouvi batidas na porta. Em seguida ela se abriu.

— Bom dia. Já tá pronta?

— Bom dia. Estou sim. Tava só terminando o cabelo. — falei, desligando o secador e colocando em cima da mesa.

— Posso ir descendo suas coisas?— eu fiz que sim com a cabeça e ele pegou as malas e desceu as escadas. Eu fui logo atrás, me despedindo da minha mãe, do Leonardo e do Lucas.

A viagem foi bem tranquila, e eu passei a maior parte do tempo dormindo. Acordei com uma blusa de frio colocada em cima dos meus braços. Agradeci e voltei a cochilar. Chegamos no hotel por volta das 11:40 e fomos fazer o check-in.

— Então, tivemos um problema na reserva e os quartos duplos acabaram. Vocês se importariam em ficar na suíte de casal? — a recepcionista perguntou.

— Hm, certeza que não tem mais nenhum quarto? Nem que seja com uma colchão. — falei, nervosa.

— Infelizmente não. Os quartos estão lotados. - ela disse, conferindo mais uma vez o sistema no computador. — já vi isso antes e não vai acabar bem. 

— Ok. — falei, olhando pro Felipe, que fez uma cara de indiferença. Essa doeu.

Subimos pra suíte e joguei as malas na mesinha de centro. O quarto era bem grande, com uma cama king, duas poltronas, uma mesa e duas cadeiras de escritório, frigobar, guarda roupa embutido e uma TV LED. O banheiro também era espaçoso e tinha até secador de cabelo.

— Sua prova é as 13:00, né? Podemos almoçar no restaurante do hotel e já te deixo na faculdade, que é aqui perto. — ele falou, ligando a televisão e sentando em uma das poltronas.

— Tudo bem, vou só escovar os dentes e passar uma maquiagem na cara — fui pro banheiro.

(...)

Almoçamos no hotel e em seguida o Felipe me levou até a faculdade. Paramos num supermercado e comprei uma garrafa d'água e umas barrinhas de cereal. Chegando no portão da faculdade, ele falou:

— Boa sorte, tenho certeza que vai dar certo. — e me deu um abraço. Como eu tava com saudade do abraço dele. Aquele perfume forte, mas nunca enjoativo. Do calor da pele dele. Mas me contive e apenas agradeci e saí do carro.

Demorei três horas pra terminar a prova, e apesar de muito extensa, eu tava muito confiante. As questões estavam muito parecidas com as que a gente estava resolvendo no cursinho e eu acho que consegui me sair bem. Terminei a prova e pedi um Uber de volta pro hotel. Cheguei no quarto e o Felipe estava dormindo, a TV estava ligada num filme de ação e o celular dele não parava de vibrar com umas 300 mensagens da Maria Eduarda. Essa menina não dá um tempo!

Desci pra área externa e me sentei numa espreguiçadeira de frente pra piscina. Liguei pro Tomaz e contei da prova, ele ficou super feliz e empolgado e me contou que a reunião tinha sido boa também. Nos falamos por mais alguns minutos e desliguei. O Felipe acordou e foi pra piscina me procurar, e quando me achou, sentou na outra espreguiçadeira e sugeriu:

— A gente podia aproveitar que ainda tá sol e ir passear em Copacabana. O que você acha? — ele já estava arrumado, com uma bermuda colorida, havaianas e camiseta preta, e usando aquele óculos aviador do dia que nós conhecemos.

— Vamos! Mas preciso pegar um biquíni e colocar um short. Me espera no hall. — subi pro quarto, me troquei e fomos pra Copacabana.

A praia tava lotada, o dia tava lindo e fresco. Paramos num quiosque e pedimos dois chopps. Contei pro Felipe como tinha sido a prova e que estava ansiosa pra prova de sábado, que seria uma redação. Ele me acalmou e disse que estava torcendo muito por mim. Conversamos um pouco sobre tudo, ele me perguntou como eram as praias de Santos. Eu contei dos lugares que eu mais frequentava lá. Ele começou a contar do escritório, como estava sendo trabalhar em período integral e como minha mãe e o Leonardo eram com ele. Os assuntos foram mudando e fomos interrompidos por uma ligação no celular dele.

* LIGAÇÃO ON *

— Alô... Eu já disse que vim pra Copacabana... Sim, tô com a Luísa... Não, não tem nada a ver... Eu não tenho que te dar explicação... Faz o que você quiser... Tchau.

* LIGAÇÃO OFF*

Pelo tom de voz a conversa parecia ter sido séria. Fiquei imaginando se tinha sido a Maria Eduarda, mas preferi não perguntar, já que só pela cara do Felipe dava pra ver que ele tava nitidamente incomodado com a situação.

— Ela acha que pode me cobrar satisfação. — ele disse, pensando alto, em tom de desabafo.

— Hmm, complicado né. — assenti, olhando pra ele e esperando dar continuidade na história.

— É, eu já deixei claro mais de um milhão de vezes pra ela que o que a gente tem não é sério. Mas ela sempre gruda, e toda vez que eu tento me afastar ela faz chantagem emocional. — ele continua. —quando eu vejo, ela já tá na minha casa, no meu quarto, na minha cama.

— Mas isso não é certo, nem com você e nem com ela. Ficar com alguém por pena, sem gostar. Você acaba prendendo ela e se enganando, os dois ficam impedidos de acharem pessoas melhores, sabe?

— Concordo, mas ela é uma menina legal. Faz de tudo pra mim. E é uma boa distração. Fica mais fácil de esquecer... — ele ia completar a frase mas se deu conta. — Vamos entrar no mar?

— Vamos. — concordei, esperançosa pra que ele terminasse de falar o que tinha começado, mas com medo do que seria o resto da frase. Melhor assim. Pensei.

Entramos no mar e ficamos pulando onda e tentando "pegar tubarão". O Felipe não parecia ser muito acostumado, já que tomou vários caldos. Demos muita risada e terminamos na areia, enquanto ele tentava construir um castelo, que mais parecia um formigueiro enorme.

O sol estava se pondo e o visual era incrível. Tirei uma foto e postei com a legenda "saudades de casa". Ele viu, e me perguntou se eu tinha me arrependido de sair de Santos e ir morar em São Paulo. Olhando pra ele, com o sol se pondo e refletindo naqueles olhos castanho-claros, a luz batendo na sua pele, ressaltando cada traço do seu corpo, respondi, olhando fixamente pra ele:

— Não. Como eu poderia me arrepender disso? — respondi, e ele abriu aquele sorriso...

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