Capítulo 1

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*Esta obra é uma adaptação autorizada. Todos os créditos são da autora original @LouTommo-Styles.*

- Vamos meu amor? - peguei na mão da minha pequena - Até amanhã Saint - falei alto para o branquinho que acenou para mim. Lin e eu saímos da pequena escola onde eu trabalhava durante a tarde, o mesmo período que minha pequena estudava. Phailin era o centro do meu mundo, com seus longos cabelos pretos e nariz de botão, ela parecia muito comigo. Exceto que meu cabelo é liso e o dela forma cachos nas pontas. Mas também tem seus olhos!
Phailin possui olhos negros, brilhantes como ônix. O que, se pensar bem, não faz sentido já que tenho olhos castanho escuro e Pleng olhos acinzentados.
- Podemos comprar doces? - ela me perguntou.
-Podemos sim, mas só uma rosquinha - ela sorriu concordando. Eu tinha que apertar um pouco as contas de casa, mas não podia deixar de dar pequenos mimos para a minha filha. O dinheiro em casa era contado, meu salário dava para o extremo necessário Pleng, bem, ela tinha outras prioridades. Chegamos em casa rindo do rosto sujo da minha filha, cheio de açúcar cor de rosa, mas a risada de Lin morreu quando viu minha esposa, automaticamente ela se escondeu atrás de mim.
- Olá meus amores - Pleng sorria como se de fato fossemos uma família feliz. Ela se aproximou de mim, segurando meu queixo com muito mais força do que o necessário e deixando um beijo rápido nos meus lábios. Ela tentou tocar os cabelos de Lin, mas ela se afastou assustada
- Essas crianças - ela riu e voltou a arrumar uma mochila, como se o fato de sua "filha" se esquivar apavorada de seu toque, fosse apenas uma traquinagem.
- Querida, por que você não vai para o seu quarto e se prepara para tomar banho? Papai já vai te ajudar, ok? - eu falei para a minha filha, que concordou, olhando de canto para Pleng e então subindo as escadas correndo
- Pleng, o que você está fazendo?
- Arrumando minha mochila - ela disse simplesmente, enquanto colocava uma blusa preta e uma arma dentro da bolsa.
- Arrumando para o que? Pleng, me responde! Para o que você precisa de uma pistola? No que você está metido? - perguntei desesperado.
- Não se preocupe, não precisa ocupar essa sua pequena cabecinha de ômega com esse tipo de coisa. Eu sei o que estou fazendo, só achei um jeito fácil de tirar dinheiro - ela deu de ombros.
-Por favor, você prometeu que ia parar de se meter em problemas! Não estamos em Taiwan, onde seu pai pode livrar a sua cara! Estamos em Bangkok! Por Deus, pense um pouco na sua família!
- Eu estou pensando - ela rosnou para mim, me empurrando e batendo minhas costas contra a parede - Acha que gosto de morar nessa pocilga? Eu quero uma casa de verdade, um carro de verdade, quero uma vida de verdade!
-Se você arrumasse um EMPREGO DE VERDADE, teríamos tudo isso! - gritei de volta - Você não para em emprego nenhum, vive de bicos, metida em confusões e gasta todo o dinheiro que ganha em bebidas, jogos e com outros ômegas!
- Ah, tá com ciúmes? - ela zombou - Eu não teria que arrumar outros ômegas, se o meu não fosse tão gordo e prestasse para alguma coisa!
- Eu não me importo se fode outros ômegas - eu disse com lágrimas nos olhos, outra humilhação, eu já deveria estar acostumado - até agradeço! Assim você me deixa em paz! Mas você não pode gastar o dinheiro da nossa família!
- Eu faço o que quiser com o meu dinheiro! - ela rosnou, usando sua voz de alfa e machucando meus ouvidos. Depois, como se nada teve acontecido, ela voltou a sorrir - Volto logo, não me espere acordado.
Colocou sua mochila no ombro, apertou meu rosto entre seus dedos e me beijou a força, em momento nenhum eu retribuí. Então ela saiu de casa. Fui até o banheiro único da casa, lavei meu rosto, limpando uma pequena trilha de lágrimas que se formavam. Eu não tinha medo que algo acontecesse a ela. Que Deus me perdoe, mas as vezes acho que seria até melhor. Talvez eu não conseguisse manter uma casa sozinho, mas teria paz. Meu medo era de que ela nos envolvesse em suas confusões, que minha pequena sofresse algo por causa dela. Fingi estar bem, coloquei um sorriso no rosto e fui para o quarto de Lin. Ela precisava de mim e eu estaria ali por ela.

⚔⚔

Durante dois dias, não houve sinais de Pleng. Eu já estava me convencendo de algo tinha acontecido a ela e não estava surpreso por não sentir nada com isso. Mas no terceiro dia ela apareceu. Bêbada, fedendo a perfume barato, marcas roxas no pescoço e de batom pela gola da camiseta.
- Não falei que ia dar certo? - ela jogou um maço de dinheiro em mim, algumas notas de cem e foi para seu quarto, desabando na cama. Lin me olhou espantada, tanto quanto eu estava.
Óbvio que a tentação de gastar Aquele dinheiro veio forte, mas eu não podia. Eu não sabia com o que Pleng estava metida, a qualquer hora podia aparecer alguém na minha porta exigindo o dinheiro de volta ou faria algo conosco, eu precisava ter como devolver.
Durante três meses a rotina foi essa, ela saia quase todas as noites, voltava só ao amanhecer e dormia o dia inteiro. Então ela sumia por alguns dias e voltava bêbada e com dinheiro. Desde a primeira vez que ela sumiu, me mudei definitivamente para o quarto da Lin. Dormia em um colchão no chão e dividia o guarda roupa com ela. Ela estava se divertindo com isso, achava muito legal dividir o quarto com o papai, várias noites eu acordava com ela na minha cama improvisada. Quando isso acontecia, eu apenas abraçava e voltava a dormir.
Depois desses três meses, Pleng passou uma semana presa dentro de casa, não saia por nada. Dizia que era melhor dar um tempo. Para mim foi a pior semana. Então ela sumiu de novo, quase um mês fora e voltou com mais dinheiro. Eu implorava para ela parar com aquilo, mas eram discussões inúteis e depois que ela me agrediu de novo, ao ponto de cortar meu lábio e eu ter que faltar alguns dias no trabalho, eu desisti. Apenas rezava para que ela não levasse minha filha e eu para o buraco com ela. Uma noite, eram duas ou três da manhã, eu ouvi um barulho na porta, mesmo morrendo de medo, fui até o alto da escada, para tentar descobrir o que era.
-Cara, pare com isso! Não se mete com eles - alguém dizia.
- Pare de ser medroso - Pleng riu bêbada - Ninguém pegou a gente até agora, não vão pegar mais.
- Você está mexendo com gente pesada! - O outro insistiu - 0 bando do Nattapol não perdoa!
- Você parece um bebê chorão, Kiet - Pleng o provocou e uma voz afetada feminina riu - Viu, Ratree concorda comigo!
-Como você tem coragem de comer essa beta, debaixo do mesmo teto que o seu ômega? - O tal Kiet perguntou.
- Se meu ômega não dá conta, arrumo quem dê - Pleng simplesmente falou.
- Eu dou conta - Ratree disse provocativamente e barulhos obscenos de beijos ecoaram. Minha "Esposa" estava me traindo dentro da nossa casa, comigo e minha filha dormindo no quarto.
-Pleng... - Kiet insistiu de novo.
-Cala a boca e come a sua beta!
-É, me come. -outra voz surgiu, tinha mais uma com eles.
Voltei para o quarto de Lin com raiva, além de me sentir humilhado, eu ainda teria que limpar aquela bagunça depois! Mais dois meses se passaram, para variar Pleng estava fora de novo, o que para Lin e eu era ótimo. O aniversário da minha pequena estava chegando, como eu tinha guardado todo o dinheiro que Pleng adorava jogar em mim quando chegava, pensei que talvez eu pudesse usar um pouquinho para fazer uma festa de aniversário. Lin nunca teve uma, porque eu nunca tive as condições, quem sabe agora eu poderia?
Já eram mais de dez da noite, Lin dormia e eu estava assistindo TV, pensando em ir dormir também, quando alguém bateu a porta. Óbvio que estranhei, mas a pessoa bateu de novo, com mais força. Abri apenas uma fresta, dando de cara com um rapaz de aparência Tailandesa, olhos achocolatados , cabelos acastanhados e barba bem feita.
-Onde está Pleng? - ele - perguntou sério.
- Ela não está - respondi nervoso, mas antes que pudesse fechar a porta, o rapaz a abriu com tanta força, que fui arremessado para trás, caindo no chão.
- Vou repetir: Onde está Pleng? ele perguntou.
-Por favor, eu não sei! Ela não está aqui! - repeti desesperado - Eu juro!
-Então você não importa que eu dê uma olhada na sua casa - seu tom era frio.
- NÃO! - me levantei impedindo sua passagem, pensando na minha filha, - dormindo no andar de cima - Ela não está aqui, eu juro!
- Saia da frente! - O Alfa a minha frente rosnou, ele estava ordenando. Minha natureza ômega queria obedecer, mas apenas balancei a minha cabeça, me negando - Me deixe passar! SAIA!
- Não ... - minha voz saiu baixa, lágrimas escorriam pelos meus olhos, eu estava indo contra quem eu era, mas eu precisava fazer isso pela Lin.
-O que está acontecendo aqui? - outra voz, essa mais suave veio - da porta, outro ômega.
-Krist, eu não disse para esperar lá fora? - a voz fria do Alfa mudou, agora ele parecia apenas levemente aborrecido pelo outro ômega não ter obedecido.
- Disse? Eu não me lembro - o moreno de olhos amarronzado se fez de desentendido - Quem é esse?
Deve ser umas das putas da Pleng - Singto bufou, olhando para mim com desdém.
-Deixa eu ver- Krist chegou perto de mim e puxou a gola da minha camiseta, foi tudo tão rápido, que mal tive tempo de reagir - Você foi mordido pela Pleng, coitado, que dó de você - pior que ele parecia estar sendo sincero.
-Pleng nunca deu a entender que ela tinha um ômega - Singto falou confuso.
-Porque ela não tem - Eu engoli em seco, um alarme soava na minha cabeça. recuei na defensiva - essa marca estúpida não me faz dela.
-Gostei de você! - Krist sorriu.
-Ômega dela ou não, isso não muda o fato que vim dar um recado - Singto voltou a falar sério - Pleng se meteu com quem não devia e agora vai pagar caro. E quem estiver do lado dela, vai se foder junto, entendeu? Eu engoli em seco, um alarme soava na minha cabeça.
-Olha, eu não tenho nada a ver com o que ela faz, eu juro! Eu...
- Papai? Olhei para trás e minha pequena estava parada na escada, esfregava os olhos sonolenta, o cabelo bagunçado e usava seu pijama de coelhinhos cor de rosa.
- Oi meu amor - eu não sabia o que fazer, não podia expor minha filha a aquilo - papai está conversando com... Uns amigos, volta para a cama que eu já vou, ok?
- Amigos? - ela olhou um pouco assustada para Singto, mas Krist sorriu e parecia feliz de vê-la.
- Oi, eu sou o tio Krist, aquele ranzinza ali é um dos meus alfas, Sington - Singto bufou e revirou os olhos, mas sorria de canto.
-Um dos? Você tem mais de um? - Lin se interessou, mas ainda mantinha distância.
- Tenho dois, o Singto e o Ohm, olha - Krist mostrou duas marcas, uma em cada lado do seu pescoço.
- Oh - minha filha soltou - papai também tem, mas a dele é feia, foi feita pela mulher mau. As suas são bonitas.
-Obrigada, eu também acho as minhas bonitas, eu gosto muito delas - Krist sorriu - essa mulher mau, onde ela está?
-Eu não sei, ela some toda hora Lin deu de ombros - eu não gosto dela.
-Ela é sua mãe ? - Krist - perguntou.
-Não! Só o papai é meu pai!- - Lin falou brava - A mulher mau é má! Ela faz coisas ruins, traz dinheiro para casa, mas o papai pede para ela parar e ela não para. O papai não gosta!
-Papai não gosta do dinheiro?
- Não, ele deixa tudo guardadinho lá na caixa, perto da TV - Lin falou.
-Posso ver? - Krist pediu para ela, que me olhou pedindo aprovação. E o que falaria? Confirmei com a cabeça e ela repetiu meu gesto. Krist foi até a caixa de madeira, do lado do velho aparelho de televisão e a abriu - Realmente, tem bastante dinheiro aqui, se ele fosse como Pleng, já teria gasto tudo. Ele não deve fazer parte do esquema.
- Ela é filha dela? - Singto perguntou em voz baixa.
- Biologicamente, sim. Mas ela não é mãe dela, assim como não é minha esposa - respondi - podem levar o dinheiro se quiserem, só, por favor, nos deixem em paz.
-Não quero dinheiro nenhum - Singto me cortou - Você parece ser um bom pai e em respeito a sua filha, não vou fazer nada, nem com vocês, nem com Pleng. Até vou dar uma chance para ela - sua voz era fria - se Pleng sumir e nunca mais chegar nem perto de Bangkok, os deixamos viver. Se ela cruzar o caminho de qualquer um de nós, ela estará morta, entendeu? - balancei a cabeça confirmando - Krist, vamos embora.
- Oh, que pena! - o moreno fez bico, ele parecia mesmo se divertir com a conversa com a minha pequena - Estamos falando sobre o aniversário da Lin.
- Krist! Vamos logo, Ohm já vai me encher por ter deixado você entrar aqui - Singto revirou os olhos. Se eu não estivesse petrificado de medo, até acharia engraçado como Singto mudava o tom de voz para falar com o moreno.
- Tá bom! - Krist bufou se levantando -Tchau Lin, boa noite!
- Tchau Kris! - ela respondeu sorrindo.
- Não se preocupe, não vou deixar que nada aconteça a você e, principalmente a ela - Krist sussurrou - aliás, ainda não sei seu nome.
- Tul - até a minha voz tremia.
- Bonito nome, combina com você! Boa noite Tul.
- KRIST! - Singto gritou da porta, fazendo o moreno bufar.
- Tô indo! Mas pra que tanta pressa, por Buda, eu só estava me despedindo e... - Krist fechou a porta atrás de si, depois que saíram. Corri trancar a porta, meu coração martelava no meu peito, tinha chegado tão perto de acontecer algo horrível!
- Papai, você faz um chocolate quente para mim? - Lin pediu manhosa.
- Claro, meu amor - coloquei no meu rosto aquele sorriso que eu já estava costumado a dar, para não deixar ninguém saber o quanto eu estava uma bagunça por dentro e fazia todo mundo acreditar que eu estava bem e relaxado. Tantos anos de prática, quase levaram a perfeição. Segurei na mãozinha da minha filha e fomos para a cozinha, sem ela saber que provavelmente tinha acabado de salvar a minha vida.

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