Capítulo 1

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Martina Stoessel:

Encarei meu armário lotado de roupas. Eu precisava urgentemente organizar esse lugar, havia roupas espalhadas, sapatos que nem deveriam estar ali e até algumas folhas de papel amassadas. Peguei a primeira calça jeans que encontrei e minha blusa preferida, que ao me ver sempre caiu muito bem no meu corpo.

Enquanto me vestia apressada, escutei Ruggero berrar contra a porta do meu quarto.

— Anda logo – gritou tentando destrancar minha fechadura – A Angie está quase infartando lá embaixo

— Pode ir descendo – respondi com a voz abafada, passando a blusa justa por meu pescoço

Ele não disse mais nada, escutei seus passos apressados pelo corredor. Todos os anos é a mesma correria, o primeiro dia de aula é no mínimo estressante. Ruggero odeia chegar atrasado, ou pior ainda, odeia deixar a mãe desapontada.

Eu amo meu primo, mas as vezes ele é insuportável.

Terminei de me vestir e calcei o meu par de tênis branco que mal tiro do pé. Antes de pegar minha mochila, penteei meus fios de cabelos castanhos, que por pouco não esbarram em minha cintura. Não tive tempo de me maquiar, então passei um pouco de rímel e um gloss.

— Martina – dessa vez foi Angie que me gritou, sua voz ecoou tão alto que se brincar até os vizinhos escutaram

Joguei minha mochila azul clara sobre meu ombro direito e deixei meu quarto.

— Pra que tanta pressa? – desci as escadas lentamente, sendo fuzilada pelo olhar da minha tia

— Eu vou deixar vocês no colégio hoje – explicou rodeando a sala de estar como uma barata tonta – Alguém viu a minha chave? – abriu todas as gavetas da estante

— O que aconteceu com seu carro? – questionei Ruggero, que observava o desespero da mãe sem mover um dedo pra ajudar

— Tive um probleminha com ele ontem – respondeu com desdém

Assim que ele me respondeu, Angie parou de procurar suas chaves e lançou um olhar de desaprovação na direção do filho.

— Probleminha? – repetiu com ironia – Ele bateu em uma árvore – revirou lentamente os olhos

Não segurei o riso.

— Já é um avanço – me coloquei ao seu lado, dando tapinhas no seu braço direito – Dá última vez foi um poste – zombei

Ruggero me apontou seu dedo do meio, enquanto Angie ria do meu comentário. O lado bom de ter meu primo como melhor amigo, é zoar da sua cara sempre que posso.

— Achei – balançou as chaves para o alto, como quem acabou de ganhar um troféu – Eu sempre as coloco no mesmo lugar e depois me esqueço – esfregou a mão na testa

— Que belo exemplo, uma médica com Alzheimer – Ruggero não deixou barato – E ainda fica brava quando eu esqueço a toalha na cama

Revirou os olhos e caminhou até a porta de entrada da casa.

— Como eu posso me livrar de um filho de dezoito anos? – a mais velha me encarou, mas parecia fazer uma pergunta a si mesma

— Já considerou doar ele? – entrei na sua brincadeira – Essa casa agradeceria

Angie sorriu concordando com a cabeça, pegou sua bolsa sobre o sofá e seguiu o filho para fora de casa. Assim que eu sai ela trancou a porta e caminhamos juntas até o carro estacionado na garagem. Ruggero já nos aguardava no banco do passageiro, distraído com seu celular. O que me fez lembrar de alguns anos atrás, quando nós dois brigávamos toda manhã, pra decidir quem iria no banco da frente.

Bad at Love - Jortini Onde histórias criam vida. Descubra agora