Herança de Sangue - Parte Um

Capítulo 24 - Arath, A Cidade Fantasma

A janela da carruagem estava cheia de gotas de água, algumas desciam juntas de um canto a outro como se apostassem uma corrida sem estrada demarcada e crescendo até chegar ao final. Rey e Cristine se divertiam torcendo para as gotinhas enquanto Connor dava um leve sorriso, afinal, eram uma das raras vezes onde via sua irmã brincando, se divertindo com coisas bobas de criança. Drake e Angelo, em outra carruagem, estavam tensos. Drake vinha lendo alguns livros sobre Arath e, apesar de tudo o que Undin havia falado sobre ser só uma fachada, eles não estavam muito seguros disso.

- Tenho certeza que aquilo que ele falou foi baboseira. A gente tá sim entrando em uma cidade amaldiçoada, tenho certeza absoluta! E o que ele quer afinal?

- Não sei Angelo. E apesar de tudo, nós não questionamos tanto antes de ir nessas coisas suicidas, não é? Ou a gente quer muito morrer ou quer viajar, conhecer novos lugares, novas pessoas e ter experiências desastrosas que potencialmente podem nos matar?

- Porque as duas opções envolvem morte?

- Rota das Feras, Coliseu de Tormin, Templo Ushi e agora Arath... Meio estranhos nossos caminhos não?

- É, verdade...

Um silêncio se instaurava naquela carruagem, sendo cortado apenas pelo barulho das gotas de chuva nos vidros da carruagem e de Drake passando a página do livro que estava lendo. Angelo ficava batendo o pé inquietamente no chão, parecia ansioso para algo. Talvez estivesse apenas nervoso, mas estava sentindo arrepios.

- O que está lendo, Drake?

- Uma cópia de um livro sobre a fundação de Arath e um pouco da sua história. É interessante.

- E o que você achou interessante até agora?

- Arath foi fundada em cima de um campo de batalha a mais ou menos setecentos anos. Foi um acordo entre reinos vizinhos da época de que iriam parar de guerrear, então uma parte da população de ambos os reinos foi designada pra morar lá.

- E isso não deu em nenhuma briga entre eles?

- Sim, Arath tem muito sangue na sua história. Mas também tem muita paz e é muito marcada por ter uma... "Energia estranha".

- Energia estranha? Como assim?

- Aqui não diz exatamente... Fala algo como um arrepio sinistro, uma voz estranha que só alguns escutam, pessoas que enlouqueceram da noite pro dia...

- Estranho... Muito estranho. O que você acha que pode ser??

- Não faço ideia. 

- Bem... Seja o que for, a gente dá conta!

- Acho que precisamos conversar sobre isso que você tem de encarar tudo de frente.

Angelo ria um pouco, mesmo que Drake estivesse falando sério. A chuva lá fora só aumentava mais e mais, agora sendo acompanhada de um vento forte que faziam as portas das carruagens balançarem, parecendo que alguém tentava forçar a entrada. Para acalmar Rey que começava a se assustar com a força do vento, Connor ficava produzindo e manipulando eletricidade pra tentar fazer figuras de animais pra eles adivinharem o que era, e apesar de ser para distrair o jovem Experimento, Cristine acabou brincando também.