Capítulo 2

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Tom POV's

Eram por volta do meio dia quando recuso pela quarta vez uma chamada de Joan, que insistia cada vez mais.

-É melhor você atender. –Comentou um colega de trabalho que estava próximo a mim. –Se levar mais que dois minutos jogo a próxima fornada na sua cara.

-Tá, tá. –Me rendi, entrei pra a cozinha e fui atender o bendito celular. –O que tu quer? -Joan sabe que detesto atender o celular em horário de trabalho, tenho até medo da urgência.

-Isso é jeito de falar com seu amigo?

-Sua bunda, Joan. Anda, eu to no serviço. –Ouço ele suspirando do outro lado da linha até em fim continuar.

-Eu preciso da sua ajuda numa coisa...

-Não, dá ultima vez que precisou da minha ajuda eu passei a madrugada conversando com um cara tarado que só queria ver meu pau. –Ao terminar a frase vejo na porta da cozinha o mesmo colega de a pouco segurando a risada. –Eu preciso ir.

-Não, espera! É que eu to a tanto tempo afim da irmã do Jerry que deixaria ela comer meu cu. E dessa vez parece que vai dar certo. Vai, por favor, quebra esse galho, Tom.

-Caramba. –Relaxei a mão sobre a testa respirando fundo. –E o que você quer que eu faça? – Pergunto já me arrependendo imediatamente de estar concordando.

-É que o Jerry detesta quando fica de vela, então eu pensei qu-

-Não fode, eu não vou ficar com ele.

-Mas por queeeee? –Manhou a voz na intensão de me fazer mudar de ideia. Joan, meu preço é imensamente mais alto que esse.

-Cara, eu não vou beijar alguém que eu mal conheço, e outra: você me disse que não ia jogar ele pra cima de mim.

-Isso foi daquela vez, só que agora é meio que urgente. –Pude imaginar Joan juntando as mãos em forma de suplica como ele sempre fazia.

-Não é só ele sair de casa quando vocês forem se pegar?

-A Nancy só aceita se o Jerry estiver em casa. Vai cara, por favor!

-Joan, se eu fizer isso, você vai ter que me comprar aquela mochila que te mostrei quinta.

-Comeu merda? É toda minha mesada.

-Chegou cliente, eu tenho qu-

-Calma! Ok. Fechado.

-Excelente. Foi ótimo fazer negocio com você. Agora sério, não me liga em horário de trabalho. –Dito isso desliguei.

Legal, era só o que faltava. Eu vou beijar o pigmeu.





Jerry POV's

Se alguém me dissesse que eu dia eu estaria nesse tipo de situação, eu apenas riria da cara dessa pessoa e a taxaria de louca, só que, aqui estou eu, tendo uma discussão com um idoso que acha que roubei uma de suas maçãs.

-Pela decima vez, eu não peguei nada. –Tentava ao máximo controlar minha paciência, mas isso estava saindo de controle.

-Você pegou, eu vi você pegando! –Seguidamente ele tenta me acertar com a bengala, porém sua falta de visão mais a pontaria ruim apenas conseguiram me dar um susto.

-Se isso tivesse me acertado. –Apontei o dedo pro seu rosto feio e enrugado, mais franzido impossível.

-Ia fazer o que? Devolve minha maçã. –Quando pela segunda vez ia tentar me acertar novamente, uma mão o impediu, segurando a bengala e a abaixando lentamente.

-Eu sinto muito por isso. –Disse uma garota um pouca coisa mais alta que eu e seu rabo de cavalo longo que tocava o meio das suas costas. –Ele não tomou os remédios hoje. –Colocou no rosto um sorriso que logo se desfez quando encarou o ancião. –Eu já não te disse pra não sair sem avisar? Anda, vamos.

-Ele pegou a minha maçã, manda ele devolver.

-Eu não pegu-

-Mamãe acabou de fazer uma torta de maçã só pra você, o que o senhor acha? –Ela acariciou o topo da cabeça dele e o abraçou de lado.

-De maçã? –Apenas confirmou enquanto permanecia a abraça-lo. –Tá bom. –Murmurou pra ela enquanto mantinha seu olhar de velho feio pra cima de mim.

-Finalmente. –Completei me virando para ir embora notando o quanto aquela situação havia me estressado.

-Desculpa qualquer coisa. –Ouço a voz da garota soar atrás de mim.

-Ta, ta. –Respondo apenas continuando meu caminho até outro estresse vir como um baque e me derrubar no chão. –Filho da P-

-Oi, Jerry.

-Sai de cima de mim, tu pesa. –Empurrei seu corpo pro lado percebendo logo algo que me chamou a atenção. –Esse colar é novo? –Em seu pescoço havia um cordão com um pingente de personagem que eu era meio obcecado quando mais novo.

-Sim, e ele é todo seu se fizer uma coisinha de nada pra mim.

-Desembucha. –Levanto passando as mãos na bunda tendo uma flash rápido da ultima vez que havia feito isso.

-Então, nesse sábado eu meio que vou pra sua casa... –Não era difícil perceber a que essa conversa ia levar. Joan falava da minha irmã dia e noite, e bom, Nancy não é das mais difíceis. –Será que você pode não sair de casa?

-Não me lembro de ter te convidado.

-Ahm, cê sabe. A Nancy me convidou, então... –Era até engraçado ver Joan se enrolando, tentando me explicar algo que estava na cara, eu diria que era fofo, mas se tratava de Joan, então não.

-E tu quer que eu fique de vela de novo?

-Hm, mais ou menos –Antes de continuar ele tira o colar num único movimento e arrodeando meu corpo, o coloca em mim. –Mas, olha que colar lindo, ficou ótimo em você.

-Não enche. –Suspirei cambaleando a cabeça pro lado enquanto Joan cruzava os dedos com sua típica cara de pidão. –Ahhh, ok. Mas presta atenção, se vocês sequer pensarem em foder comigo em casa-

-Quem me dera, você sabe o que eu tive que oferecer pra ela por uma ficada?

-Joan, isso é patético.

-Um pouco, mas é a sua irmã, cê sabe.

-Não, não sei. Só não esquece de levar um pacote de bala pra mim quando for.

-Mas eu te dei um colar.

-Eu não pedi o colar, quero o maior pacote de bala que você encontrar. –Arrumo a mochila nas costas percebendo seu olhar cabisbaixo.

-Minha mesada já era.

-Ava, um pacote de bala não é tão caro. –Dei nosso típico soquinho amigável no ombro e virei as costas. –Te vejo amanha, Don Juan.

Metade de uma peçaOnde histórias criam vida. Descubra agora