O que aconteceu a Oliver Twist após ter sido capturado por Nancy
Finalmente as estreitas ruas e becos terminaram em um lugar amplo, que parecia ser um mercado de gado. Sikes diminuiu o passo e mandou que Oliver segurasse a mão de Nancy.
Como viu que resistir não ajudaria, esticou a mão, que Nancy apertou bem forte.
– Dê-me a outra – falou Sikes. – Aqui, Bull-Eye!
O cachorro olhou para cima e rosnou.
– Olhe aqui! – disse o homem colocando a outra mão na garganta de Oliver. – Se ele falar qualquer palavra, ataque!
O cachorro rosnou novamente, como se estivesse ansioso para atacar.
Apressaram-se alguns passos quando o sino da igreja anunciou a hora. À primeira badalada, os dois condutores pararam e viraram suas cabeças na direção de onde vinha o som.
– Oito horas, Bill – falou Nancy.
– Eu também ouvi, não foi? – respondeu Sikes.
– Será que eles ouviram? – disse a garota.
– É claro que sim – retrucou o homem. – Quando eu estava preso lá, era possível ouvir até os trompetes da feira. Durante a noite, o barulho de fora faz que o silêncio da cadeia seja ainda pior.
A garota ajeitou o xale e continuaram andando. Mas Oliver sentiu a mão dela tremer e, olhando para seu rosto quando passaram sob um poste de luz, viu que tinha ficado pálida.
Andaram por caminhos ainda mais ermos e sujos por meia hora. Então pararam em frente à porta de uma loja fechada e aparentemente desocupada.
– Certo – disse Sikes, olhando em volta com cuidado.
Nancy curvou-se sobre as persianas e tocou a campainha. Atravessaram a rua e ficaram parados sob um poste de luz por alguns momentos. Um barulho foi ouvido. O Sr. Sikes segurou o aterrorizado garoto pelo colarinho, e os três entraram rapidamente na casa.
Estava escuro. Esperaram até que a pessoa que os havia deixado entrar abrisse a porta.
– Alguém aí? – perguntou Sikes.
– Não – respondeu uma voz, que Oliver achava já ter escutado antes.
– O velho está aí? – perguntou o ladrão.
– Sim. Ficará feliz em vê-lo?
– Traga uma vela – disse Sikes – ou vou aí quebrar seu pescoço!
– Espere um pouco que vou pegar uma – respondeu a voz. Ouviram os passos de quem falava e, logo em seguida, o Sr. John Dawkins apareceu.
Cruzaram uma cozinha vazia e, abrindo a porta de um quarto baixo com cheiro de terra, foram recebidos com uma gargalhada.
– Oh meus sais! – gritou Charles Bates. – Ei-lo! Fagin, olhe bem para ele!
O Trapaceiro vasculhou os bolsos de Oliver.
– Olhe as roupas dele, Fagin! – disse Charley. – Finas, bem cortadas. Oh, que diversão! E livros também! Um cavalheiro!
– Estou satisfeito em vê-lo tão bem, meu caro – disse o velho, curvando-se com zombeteira humildade. – O Trapaceiro dar-lhe-á outra roupa para que não estrague essa.
Trapaceiro deu um sorriso ao puxar a nota de cinco libras do bolso do casaco.
– Ei, o que é isso? – gritou Sikes. – É minha.