O que aconteceu entre o Sr. e a Sra. Bumble e o Sr. Monks durante seu encontro noturno
O Sr. e a Sra. Bumble, virando a rua principal da cidade, dirigiram-se para o pequeno amontoado de casas arruinadas que ficava a uma milha e meia de distância, perto do rio.
Ambos estavam enrolados em capas velhas e surradas, que serviam ao duplo propósito de protegê-los da chuva e da curiosidade alheia.
Margeando o rio, havia um grande edifício, usado anteriormente como uma fábrica. Foi diante desse prédio em ruínas que o valoroso casal parou quando o primeiro som de um distante trovão reverberou no ar, e a chuva começou a cair violentamente.
– Deve ser por aqui – falou Bumble consultando o papel que tinha na mão.
– Alô, vocês! – gritou uma voz de cima.
O Sr. Bumble levantou a cabeça e avistou um homem no segundo andar.
– Já vou descer – gritou a voz.
– Lembre-se do que lhe disse – falou a senhora. – Fale o mínimo ou nos entregará de uma vez só.
Monks os chamou para entrar.
– Esta é a mulher? – falou Monks.
– Sim. É a mulher.
Lançando sobre os dois algo entre um sorriso e um franzir de testa, chamou-os para segui-lo subindo uma escada que levava a um outro andar.
Então, fechou a persiana da janela da sala onde chegaram e baixou uma lanterna que estava pendurada na ponta de uma corda, jogando uma fraca luz sobre uma velha mesa e três cadeiras.
– Agora – disse Monks –, quanto mais rápido, melhor. A mulher sabe do que se trata, não sabe?
– Sobre a mãe do rapaz que você mencionou – interrompeu a enfermeira.
– A primeira pergunta é: qual foi a natureza do que ela falou? – disse Monks.
– Essa é a segunda – observou a mulher. – A primeira é: o que vale a informação?
– Quem pode dizer isso sem saber qual é? – perguntou Monks.
– Ninguém melhor do que você, estou certa – respondeu a Sra. Bumble, a quem não faltava coragem.
– Algo que foi tirado dela – disse Monks. – Algo que ela usava. Algo que...
– É melhor fazer uma oferta – interrompeu a Sra. Bumble. – O que isso vale para você?
– Pode não valer nada, pode valer vinte libras – respondeu Monks.
– Me pague vinte e cinco libras em ouro – falou a mulher – e lhe direi tudo o que sei.
– E se eu pagar por nada? – perguntou Monks hesitante.
– Pode tomar de volta facilmente – ponderou a mulher. – Sou apenas uma mulher sozinha e desprotegida.
– Não sozinha, querida, nem desprotegida – balbuciou o Sr. Bumble, com a voz trêmula.
– Você é um tolo – falou a Sra. Bumble.
– Então! Ele é seu marido, né? – comentou Monks.
– Sim! – riu a mulher fugindo do assunto.
Ele colocou vinte e cinco libras na mesa e empurrou-as para a mulher.
– Agora guarde-as. E ouçamos a sua história – disse ele, inclinando-se para a frente para escutar o que ela tinha a dizer.
– Quando essa mulher, a quem chamávamos velha Sally morreu – ela começou –, estávamos a sós. Ela falou de uma jovem criatura que tinha dado à luz alguns anos antes. A criança era a que você mencionou ontem à noite – acenou para o marido –, a mãe foi roubada por essa enfermeira.
– Em vida? – perguntou Monks.
– Na morte – respondeu. – Contou-me com grande dificuldade o que havia feito e morreu.
– Sem dizer mais nada? – gritou Monks parecendo furioso. – É mentira!
– Ela não pronunciou mais nenhuma palavra – respondeu a mulher aparentando estar impassível (ao contrário do marido) à violência do estranho. –, mas agarrou violentamente minha roupa com uma mão que estava parcialmente fechada. Precisei fazer força para me soltar e descobri que segurava um pedaço de papel. Era uma cautela de penhor. Faltavam dois dias para vencer, então achei que pudesse valer alguma coisa e resgatei o badulaque.
– Onde está agora? – perguntou Monks rapidamente.
– Aqui.
E jogou sobre a mesa um pequeno saquinho com um pequeno medalhão de ouro fechado, com dois pedaços de cabelo e uma aliança.
– Está gravado "Agnes" dentro – continuou. – E tem um espaço em branco para o sobrenome. E uma data, que é mais ou menos de um ano antes do garoto ter nascido. Fui conferir.
– E isso é tudo? – perguntou Monks.
– Tudo – respondeu a mulher. – Não sei nada além do que posso imaginar. E não quero saber. Mas gostaria de fazer duas perguntas, posso?
– Pode perguntar – falou Monks demonstrando surpresa.
– Era isso o que esperava?
– Sim – respondeu Monks. – A outra pergunta?
– Pode ser usado contra mim?
– Nunca – falou. – Nem contra mim. Veja! Mas não se mexa.
Ele jogou a mesa para o lado e, puxando o anel de ferro de uma tábua, abriu um grande alçapão aos pés do Sr. Bumble.
– Olhe para baixo – falou Monks baixando a lanterna. – Não tenha medo. Eu poderia tê-la jogado antes, se esse fosse o meu propósito.
A água turva, acrescida da chuva pesada, corria rapidamente abaixo, e o som era abafado pelo barulho da correnteza chocando-se contra as pedras. Ali houvera, no passado, um moinho.
Monks pegou o pequeno pacote e, amarrando-o ao pedaço de uma polia que estava no chão, jogou-o na torrente. Caiu em linha reta, atingiu a água e foi-se.
Os três se entreolharam parecendo respirar mais livremente.
– Aí está! – falou Monks fechando a porta do alçapão. – Não temos mais nada a dizer. E saiam daqui o mais rápido que puderem.
O portão por onde haviam entrado foi destrancado. E, simplesmente trocando um aceno de cabeças, o casal foi embora.