Estágio: Parte 3

294 59 8
                                    

O primeiro dia foi mais sobre reconhecer a área. Passamos por becos, conhecemos pessoas e analisamos o terreno. Era óbvio que eles queriam testar a gente, fazendo perguntas como: "Como você sairia dessa situação?"; "Quais os melhores lugares para se esconder?"; e coisas do gênero.

Eu respondia todas com rapidez e eficiência. Não podia dizer o mesmo de Matthew... Ele era estupidamente inteligente, mas parecia muito preguiçoso e confiante.

Além do mais, ele não parava de me encarar e flertar comigo, o que já estava ficando irritante. Era óbvio que ele era um Play Boy, mas eu não tinha olhos para garotos. Pelo menos ainda...

Falando em olhos, eu senti aquela estranha sensação novamente. Como se um par de olhos estivesse cravado em mim, estudando cada movimento meu. Mas todas as vezes que eu me virava, não havia ninguém. Apenas algumas pessoas passando com pressa para trabalhar ou coisas assim.

Quando olhei para trás pela décima vez, Vic se aproximou de mim.

- Que foi? Você ta olhando muito pra trás...

Ela olhou para a rua lotada, tentando achar alguma coisa interessante ou estranha.

- Não... não é nada. Acho que é só a minha imaginação - eu respondi sacudindo a cabeça.

- As duas princesas vão ficar paradas aí ou vem com a gente? - perguntou Gatto, a poucos metros na nossa frente.

- Ai que grosso... - resmungou Vic, seguindo em frente.

Eu dei uma última olhada, suspirando e chacoalhando a minha cabeça. É só impressão sua Méli... Só impressão!

Voltei a segui-los, mas a minha preocupação não desapareceu. Gatto e Vic estavam na frente, e me olhavam de tempos em tempos, preocupados e curiosos. Matthew, que ficou do meu lado, não dizia uma palavra, mas ainda me encarava.

O resto do dia, passamos por restaurantes e shoppings. Foi bem divertido e me senti mais próxima de Vic e Gatto. Até mesmo de Matthew. Querendo ou não, ele era bem divertido.

Mas ainda tinha esse brilho nos olhos dele... De fome e curiosidade, por mim?

Finalmente chegamos no meu hotel. Vic e Gatto se despediram e foram, mas Matthew ficou para trás, me encarando.

- Posso te ajudar? - eu perguntei, sem entrar no hotel.

Ele ficou quieto, apenas andando em minha direção. Os últimos raios da tarde brilhavam no seu cabelo loiro e bagunçado. Ele era lindo, mas nunca adimitiria isso em voz alta.

- O que ta te incomodando? - ele perguntou, a voz perigosamente baixa.

Não tive nenhuma reação. Seria terrível se eu mostrasse o mínimo de medo perto desse cara.

- Não é nada... É só impressão minha - forcei um sorriso inocento no meu rosto, apesar da minha sensação ruim.

Seus olhos azuis perfuraram a minha alma, como se soubessem todos os meus segredos. Mas eu me mantive firme.

- Escuta aqui, Princesa - o apelido me deixou ofendida, mas o que me deixou mais chocada foi quando ele me jogou contra a parede - A partir de hoje, nós somos parceiros. E eu nunca vou deixar um intuição passar assim...

A nossa distância estava perigosamente curta. Nossos olhos não ousavam desviar um do outro e nós compartilhavamos a mesma respiração. Sua sombra me protegia do laranja que vinha do horizonte, mas seus olhos azuis estavam gélidos.

- Então, ou você me fala ou... - ele sorriu.

Se não quer brincar, não desce pro play... 

- Ou o que? Vai me bater? - eu ironizei, debochando de Matthew.

Grande erro, pelo visto. Parecia que ele também estava disposto a jogar, e não estava preparado para perder. 

Seus olhos se iluminaram com luxúria e competitividade, seus dedos quentes e macios tocaram o meu queixo enquanto seu dedão corria pelo meu lábio inferior, me fazendo parar de respirar.

- Ou então eu te faço falar, Princesa! - sua voz sedutora e baixa fraquejaram os meus joelhos.

Não Amélia! Você sabe quem você é e sabe que nunca deve se deixar levar!

Abri um sorriso que era uma mistura de inocência e sedução, algo perfeito para flertes. Eu nunca desistia de um jogo e muito menos perdia. Essa não seria a minha primeira vez.

- Tenta a sorte... - eu sussurrei, mordendo meu lábio inferior.

Mas que belo jogo. Um bem perigoso, mas divertido.

A Verdadeira História de Uma AssassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora