Capítulo 2 - Adeus

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Eu estava perplexo e paralisado. Não acreditava no que estava vendo, talvez eu tivesse dormido e isso fosse apenas um sonho. Mas eu pude ouvir aquelas palavras com clareza e isso me assustava um pouco.

- Lix...? - e novamente aquela voz invadiu os meus ouvidos me fazendo tampa-los com as mãos e fechar os olhos com força, eu definitivamente  estou ficando louco.

- Para, Lee Felix. - Falei pra mim mesmo tentando me acalmar, meu coração palpitava tão rápido que eu achava que a qualquer momento ele daria sua última batida.

- Felix! - E mais uma vez aquela voz ecoou em alto e bom som me fazendo abrir os olhos, era ele.

- Como...? Você... Você morreu! - Eu buscava palavras mas era difícil encontrá-las naquele momento. - Eu vi  você no caixão! Vi seu corpo ser enterrado! - Não consegui conter as lágrimas, me lembrar daquele dia ainda era difícil. Lembrar do meu melhor amigo dentro de um caixão coberto com flores com toda certeza era minha pior lembrança.

- Sim, eu morri. - Falou como se não fosse nada e eu lancei o olhar para ele, o encarando e o olhando ainda incrédulo com o que havia escutado.

- Me de uma explicação plausível sobre isso então. - Falei com certa dificuldade, eu poderia me levantar e o abraçar mas de alguma forma eu estava com medo dele ou do que ele era.

- O seu pedido se realizou.

- Meu pedido...? - Indaguei e tentei me controlar.

- Por favor, não chore e apenas me escute.

- É você mesmo? - Perguntei com certo receio.

- Sim. - Me levantei com a intenção de abraçá-lo - Pare! Fique aí mesmo. - Me sentei com as pernas cruzadas sobre a cama e abracei o travesseiro confuso. - Meu corpo não está aqui, apenas a minha alma. - Engoli seco.

- Você é tipo... Um fantasma? Igual o gasparzinho? - Minha pergunta o fez rir e aquilo foi o suficiente para me fazer sorrir verdadeiramente, como a cinco anos eu não fazia. A sua risada era extremamente gostosa de se ouvir.

- Sim, de certa forma, sim. - Suspirou - Tenho de ser rápido e você precisa prestar atenção! - Balancei a cabeça assentindo e deixei que ele continuasse a falar. - Felix, você irá dormir e quando acordar não estará mais nessa realidade, se tornará um espírito assim como eu e terá 15 dias para fazer algo a respeito e mudar o que eu fiz no passado.

- Mas... Eu vou ser um espírito? - Fiz uma careta - Como eu vou te ajudar assim?

- Você terá que descobrir sozinho... Ninguém te verá ou escutará, você poderá me chamar para ajudá-lo. - Juntou as mãos como se fosse fazer um pedido - Me chame apenas quando necessário, pois depois da minha terceira visita a realidade onde você estará eu não poderei voltar.

- Por que isso? - Aquilo estava me deixando confuso.

- Eu não sei, Lix. - Fez uma expressão triste - Por favor, não seja lerdo como costumava ser e tome cuidado com o que fará, você também pode acabar encurtando o seu tempo.

- Jisung... Isso é confuso demais. - Ele me olhou e deu um sorriso, sorriso esse que me confortou.

- Tenho certeza que irá conseguir! Confio em você. - Abaixou a cabeça - Quando eu me arrependi já era tarde demais e eu não pude fazer nada... Agora eu preciso ir.

- Jisung! Eu quero te pedir perdão. - Acabei por voltar a chorar. - Eu não sei o que está acontecendo, eu não sei se isso é um sonho ou não. Mas por favor, me perdoa por não ter notado a sua tristeza antes... Eu deveria ter sido um melhor amigo melhor...

- Você foi o melhor, Felix... - Sorriu - Você sempre será o meu melhor amigo e o garoto que eu amava... Mesmo que não consiga quero que saiba de uma coisa. - Deu alguns passos a frente. - Eu te amo e estarei com você sempre, mesmo que não me veja e quando partir estarei lá, o esperando para podermos passar a eternidade juntos.

- Jisung... - Me ajoelhei na cama e buscava palavras mais uma vez.

- Está tudo bem. Seja feliz aqui e seremos felizes no final de tudo. - Sorrio leve e abaixou a cabeça. - Adeus, Felix.

Aquela palavra.

Adeus.

Por que tem sempre que haver um adeus?

Apenas mais uma chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora