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Autora falando:

Talvez eu tenha me empolgado com a Noelle falando que iria fazer Catra beijar Scorpia na temporada 3 e fiz uma fic de drama com essa situação? Sim, talvez.

A história é Catradora mesmo, tá?
Boa leitura <3


***

A guerra quando acaba deixa um vazio bom e ruim. O bom é óbvio, e mais importante: não há mais vidas sendo sacrificadas por um objetivo que sequer faz sentido individualmente, lugares destruídos ou a cruel insegurança sobre a chegada de um futuro de paz. Essas e tantas outras coisas são as que nunca, nunca, vão fazer falta para Adora. E ela duvidava fazer para qualquer pessoa em Etéria, levando em consideração tudo pelo que passaram. Está muito melhor agora.

O que vem com o fim e pode ser nocivo, porém, é o ócio. Não o físico, o mental. Pensamentos que antes não tinham espaço dentro de tanta tensão e adrenalina, agora fazem-se tão presentes que, às vezes, ela nem se reconhece. Pensamentos que vão de ideias bobas a teorias complexas. Sobre a não necessidade de She Ra em um cenário pós-conflito, sobre o que gostaria de fazer em sua vida, sobre com quem gostaria de ficar pelo resto dela. Sobre Catra. Adora viveu tantos momentos durante os três anos em que estavam em lados opostos, conheceu outras pessoas, fez outros grandes amigos e, principalmente, aprendeu a dividir suas angústias sem achar que isso era uma vulnerabilidade. E Catra? O que ela esteve fazendo nos tempos em que não estava planejando ataques a Brightmoon ou Salineas? Como desenvolveu essa amizade com Entrapta? E com Scorpia?

Dois anos se passaram depois da derrota do Horde Prime, o máximo que sabia era que a parceria com Entrapta surgiu basicamente pela liberdade que a princesa de Dryl tinha para as pesquisas sobre tecnologia dos Primeiros e como isso facilitava na modernização das armas da Horda enquanto Catra era Segunda no Comando. Não lembrava, porém, da origem da amizade com a princesa escorpião. Aliás, Catra nunca a contou, e Adora ficava em uma linha tênue entre o que pensava que foi e a realidade. Porém, não iria invadir o espaço dela para perguntar, certo? Não iria exigir saber, por exemplo, do tempo em que as viam juntas em, literalmente, qualquer lugar. Até mesmo em Crimson Waste, aquela terra desértica em que a jovem felina foi enviada para a própria morte por Hordak. Não iria se atrever a questionar como Scorpia estava lá, sendo que só Catra tinha sido punida depois de ter deixado Shadow Weaver escapar, como ela mesma contou para Adora. É. Não iria invadir esse espaço... O que não exclui suas incontáveis perguntas. As novas e pequenas perguntas, crescentes e desconfiadas que desejava não ter.

Não tinha a ver com o presente, não. Scorpia vivia feliz com Perfuma, e Catra... Bem, estava sempre com ela, sentia total confiança no relacionamento que construíam dia a dia desde o fim da guerra. Há discussões, há momentos difíceis e noites não dormidas. Nada se compara, contudo, às alegrias, ao amor, ao prazer. Enxergava claramente como superavam pouco a pouco os traumas de uma vida inteira. Os dela e os seus. Juntas. Porém, algo a dizia que entender o que foi o relacionamento dela e de Scorpia era necessário para superar um pequeno sentimento irritante que, muitas vezes, precisava esconder. Era ciúme? Era medo? Insegurança? Nunca foi possessiva a esse ponto. Aprendera, principalmente com as conversas que tinha com Glimmer ou com Bow, que era até algo nocivo. Inesperado, às vezes? Sim. Mas controlável. Era culpa de alguma coisa? Talvez. Sentia frequentemente ânsia por saber o máximo que podia sobre o tempo em que passou distante de Catra e não perder nenhum detalhe, só para enganar o sentimento de que, naquela época, realmente a abandonou. Era o seu ciclo: saber mais, se culpar menos.

E, talvez, descobrir mais lembranças que contribuem para o mecanismo de Catra de achar que não merece ter o que tem , para poder enfraquece-lo. Adora era a peça mais evidente desse mecanismo na vida dela, mas sabia que Scorpia tinha um espaço importante também. Catra vive dizendo, em seus maus momentos, o quanto não merece essa amizade, o quanto nunca 'valorizou o amor da ex-capitã'. O amor... O amor.

Seu beijo não me pertence (Catradora)Onde histórias criam vida. Descubra agora