De onde estava, camuflada por chaminés e vigas de telhados, Ryuko observava os detalhes do que acontecia à sua volta. Procurava pistas do vilão em quaisquer movimentos que as pessoas faziam, seu olhar indo de cena em cena rapidamente. Ao nível da rua os policiais estavam concentrados na tarefa de acalmar e reorganizar o trânsito, na medida do possível, enquanto os bombeiros tentavam controlar os hidrantes e o aguaceiro na calçada e na rua. A cena de caos de vinte minutos antes já não se encontrava e os oficiais conseguiam fazer o que deveriam sem interrupções ou problemas maiores.
Para Ryuko, essa situação era no mínimo estranha.
Por quinze minutos corridos, ela assistira com Rena Rouge o homem invisível fazer da vida dos civis um inferno, destruindo patrimônio público sem ressentimentos. E no momento em que os parisienses são evacuados do local, ele desaparece?
Ela sentiu os pelos de sua nuca se arrepiarem.
Havia mais do que aparentava, tinha certeza.
Afinal, quais eram suas pretensões? Parecia algo sombrio. A incerteza da situação e falta de planejamento concreta deixavam-na com mais raiva.
À sua direita, ela podia ouvir os ecos do som produzido pela flauta, ilusões se criando em seu lugar. Ladybug estava no telhado oposto ao seu, do outro lado da rua, também escondida entre as vigas e à espera. Uma falsa Ladybug, então, tomou forma cortando o perímetro da rua com seu ioiô e pousando à frente do caminhão dos bombeiros. Nos poucos civis que restaram, a reação era a mesma: quase como uma onda de alívio simultâneo. Todos estavam ansiosos com a perspectiva de soluções para os problemas e conserto dos danos.
O que um miraculous ladybug não faz!
Ela assistiu a falsa Ladybug trocar algumas palavras com os policiais e bombeiros, provavelmente os apoiando nas tentativas de afastar os civis da área. A falsa versão de si mesma e de Rena Rouge pousaram próximo a ela. Elas passaram a vasculhar o local, como se procurassem indícios do vilão invisível que havia subitamente parado seus ataques.
Ryuko fez uma nota mental de cumprimentar Rena Rouge depois por suas ilusões. A prática ao longo dos anos as fez perfeitas. Eram tão reais, críveis para se querer até mesmo tocá-las. E, uou... os detalhes de seu wind dragon eram tão fiéis, tão maravilhosos!
Aos poucos os oficiais conseguiram abrir espaço para uma nova pista e redirecionar o trânsito, fazendo com que o engarrafamento fosse suavizado. Com a chegada das heroínas, o restante dos pedestres parecia atraído para a cena, se aproximando mais com olhares curiosos. As falsas Ryuko e Rena Rouge se aproximaram deles, fazendo-os recuarem. Porém, aqueles que haviam se afastado retornaram, formando um amontoado de pessoas muito semelhante ao de vinte minutos atrás, quando o vilão apareceu.
Dada às circunstâncias, Ryuko teve uma sensação de que ele retornaria, já que os parisienses estavam ali. No entanto, tudo ainda estava muito quieto, pacífico. Ela semicerrou os olhos, vasculhando a rua abaixo atrás de um indício, mesmo que mínimo, do homem invisível. Seu coração estava batendo rápido e forte. Já estava cansada de esperar.
"É só eu ou vocês também esperavam que algo acontecesse a esse ponto?", sussurrou para as parceiras, o dedo ativando a escuta no ouvido.
"Está tudo calmo demais, é verdade", Ladybug concordou, a voz chegando abafada, "Até onde sabemos, ele pode estar em qualquer lugar. Até atrás de uma de nós".
A portadora do miraculous do dragão voltou seu olhar da rua para o telhado oposto ao que estava. Visualizou a heroína de roupas vermelhas e pretas com bolinhas agachada atrás das vigas. Ela não sabia dizer se Ladybug também a observava. Ao olhar Rena Rouge, avistou-a como antes: as mãos e lábios ocupados com sua flauta, mantendo as ilusões vivas na rua abaixo delas.
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A Marca da Borboleta
ФанфикApós exatos vinte e três anos da derrota de Hawkmoth, o esquadrão de heróis de Ladybug e Chat Noir têm conseguido manter Paris segura e em paz. Adrien e Marinette reconstruíram suas vidas depois de enfrentar todas as consequências da revelação da id...